O Sociólogo americano Robert Merton criou a expressão “profecia autorrealizável” para se referir às previsões que costumamos fazer e que acabam se tornando realidade pelo fato de tanto acreditarmos nelas.

Acreditamos tanto nestas profecias que acabamos adotando comportamentos e atitudes que desencadeiam ações que resultam no alcance daquilo que foi “profetizado”. Em outras palavras, seria o mesmo que dizer que um sonho se tornou realidade não só por termos sonhado. Mas, principalmente, por termos agido com o objetivo de fazer com que o sonho se tornasse realidade.

Se essa abordagem lhe faz sentido, é sinal que em um determinado momento da sua vida algum sonho tenha se tornado real “num passe de mágica”. E ao refletir agora sobre esse conceito, talvez você tenha descoberto que seu sonho tenha se tornado real por conta de algumas atitudes – por menores que sejam – que foram tomadas no passado.

E às vezes, essas ações são tomadas de forma inconsciente, ou melhor, não tinham o objetivo inicial de trazer o sonho para mais perto da realidade, mas acabaram tornando o seu sonho real. Por quê?

Podemos explicar isso sob a ótica de que somos resultado de tudo o que declaramos ao Universo.

Se nossos comportamentos e atitudes forem congruentes com o que desejamos, acabamos construindo as coisas de acordo com o que pensamos, verbalizamos e agimos. Essa é uma forma de tornar uma profecia real.

Podemos explicar essa situação também sob a ótica da autossugestão. Ela diz respeito a crer tão fortemente na profecia, que nosso subconsciente acaba ficando impossibilitado de visualizar um estado futuro numa condição diferente do que foi profetizado.

O estado futuro profetizado se torna uma realidade tão forte em nosso imaginário que, inconscientemente, acabamos agindo como se já tivéssemos alcançado o que desejamos!

Há, provavelmente, outras formas de analisar as profecias autorrealizáveis. Mas, independente da abordagem, o que há de comum em cada uma delas é a questão da ação.

Ações fazem toda a diferença em qualquer contexto. Por mais nobres que sejam os objetivos e por mais próximo que seja o alcance dos resultados, nada acontecerá enquanto não arregaçarmos as mangas e agirmos em função do que procuramos.

Essa forma de analisar as profecias autorrealizáveis tem respaldo na própria Administração, na teoria desenvolvida por Henri Fayol. Ao propor a Teoria dos Processos Administrativos, Fayol contemplou cinco passos importantes para a gestão de toda e qualquer organização:

  • Vale destacar o planejamento, que é quando declaramos nossas intenções. Ao planejarmos, estamos formalizando nossas intenções e deixamos claros os objetivos desejados.
  • O mesmo ocorre com a questão da execução. Planos somente têm sentido quando são seguidos das ações que colocarão os seus planos em prática. Essas ações deverão ser congruentes com os objetivos definidos.
  • Também é fundamental o controle. É por meio do controle que a organização percebe as evidências de que as ações estão levando à consecução dos objetivos pretendidos. E é também por meio do controle que se torna possível fazer os eventuais ajustes de rota.

A partir disso, se torna possível comparar a profecia autorrealizável de Robert Merton e a Teoria dos Processos Administrativos de Fayol. A única diferença ocorre no nível em que esse processo ocorre.

Enquanto a profecia autorrealizável ocorre no nível subconsciente, a teoria de Fayol se processa no nível consciente. Ambas abordagens são verdadeiras e efetivas, pois cabe à ação tornar real o que profetizamos ou planejamos!

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