Você já deve ter ouvido aquela frase que diz que “é o peru que morre de véspera”. Esta frase tem a ver com o fato do peru ser o prato principal da ceia servida na noite da véspera de Natal. É uma metáfora para dizer que aquele que tem muita ansiedade ou nervosismo e deseja realizar as coisas antes do seu tempo pode estar sofrendo antes da hora. Sofrendo em vão, diga-se de passagem.

Essa ansiedade faz com que a gente queira apressar tudo, inclusive o final da história. Começamos a semana esperando ansiosamente pela próxima sexta-feira e, quando chega o final de semana, já estamos lamentando o fato de que logo ele termina.

Ansiamos por aquela viagem, mas muitas vezes não vemos a hora de voltar para casa. Desejamos aquela promoção ou trocar de emprego porque não estamos satisfeitos com o que temos, mas quando mudamos acabamos constatando que éramos felizes e não sabíamos.

Apesar de muito falarmos sobre autoconhecimento, consciência, mindfulness, meditação e todo tipo de prática que nos convida a contemplar e viver o momento presente, parece que cada vez mais estamos sofrendo com os males da ansiedade que fazem com que a morte chegue antes da morte!

Como assim? Como é que se morre antes de morrer?

Eu penso que morte é uma palavra que decreta o fim de um ciclo, mas não só o ciclo da vida (nascimento, crescimento, maturidade e morte), como também o fim dos vários ciclos que compõem a nossa vida. Assim, eu acredito que a pessoa morre antes de morrer quando desiste!

Para muita gente, falta a coragem ou os meios para que consigam realizar seus objetivos. Então, essas pessoas desistem de alcançar o que desejam e assim elas morrem antes da sua morte. Morrer antes de morrer significa desistir de tentar, de mudar, de melhorar e conseguir o que deseja antes que a morte física aconteça.

Desistir é uma palavra forte e para muita gente ela dói nos ouvidos. Henry Ford, empresário americano e um dos pais da indústria automobilística moderna, certa vez disse: “há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam!”.

Essa frase ainda hoje ecoa em nossos ouvidos e faz sentido, porque muitas pessoas vão entregando os pontos antes mesmo de se aproximarem da linha de chegada. Vou além: se a morte pode ter esse sentido mais amplo, que abrange os vários ciclos da vida, a própria palavra vida também tem um significado mais amplo.

É por isso que em minhas palestras, aulas ou processos de Coaching muitas vezes eu pergunto para as pessoas o que significa a palavra vida. O que significa estar vivo?

É claro que o sentido biológico de vida e morte é relativamente fácil de explicar. Começamos a nossa trajetória quando estamos no útero materno e encerramos esta passagem quando nosso cérebro cessa seu funcionamento e o nosso coração para de bater. Assim, a vida é tudo o que acontece neste intervalo de tempo entre nascimento e partida.

Mas será que é só isso? Será que todas as pessoas que têm um coração batendo e um cérebro funcionando estão, de fato, vivas?

Ou será que a vida é aquilo que acontece quando pensamos, mudamos, agimos e vivemos em função de algum propósito ou objetivo? Acredito que ressignificar o conceito de vida nos ajuda muito a evitar que a morte chegue antes da morte!

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2 comentários

  1. Ótimo post! Principalmente sobre o processo de desistencia, acredito que devemos ser o protagonista de nossas vidas para que possamos viver a vida que merece ser vivida!

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