Para aqueles que já leram “O Pequeno Príncipe”, o livro “A Parte que Falta” é mais uma daquelas fábulas simples, escritas para o público infantil.

Escrito e ilustrado pelo americano Shel Silverstein, o livro foi publicado originalmente em 1976. Ele conta a história de um ser circular que se sente incompleto, que vive procurando a parte que está lhe faltando, para então garantir a sua felicidade completa.

Ao procurar pela parte que falta, o ser circular descobre que a felicidade está dentro de si mesmo, e não na parte que a ele faltava. Ele acabou descobrindo que era completo do jeito que estava e que não dependia de outro para amar ou ser feliz.

Só que, nos últimos tempos, esta obra ganhou muita repercussão nacional. Tudo por causa de um vídeo em que a blogueira Julia Tolezano, conhecida como Jout Jout, lê o livro e se emociona com alguns trechos.

A mensagem e as ilustrações simples deste livro, fazem com que essa obra seja uma leitura acessível para as crianças e também para os adultos. Aliás, apesar de ser um livro infantil, me arrisco a dizer que é um livro que faz muito mais sentido para os adultos. Pois, nos provoca uma reflexão:

por que estamos sempre à procura de algo que nos falta? Ou melhor, por que temos sempre a sensação de que algo está faltando?

Uma explicação para isso talvez esteja na própria essência do ser humano, pois somos parte da natureza. Muita gente acredita que a natureza é algo que está lá fora, que não faz parte de nós, que somos apenas alguém que ocupa um espaço no mundo.

Mas, não é assim!

  • A Biologia e a Física já nos explicaram que somos partes integrantes dessa maravilha chamada natureza;
  • A ciência também nos ensinou que a natureza abomina o vácuo, o que significa dizer que não há espaço vazio no universo.

Essa questão povoava a mente de muitos cientistas nos últimos séculos e, muito embora as explicações da ciência sobre esse assunto ainda não sejam definitivas ou contundentes, faz sentido usar essa afirmação para pensar que estamos completos do jeito que estamos.

Perceba que não estamos tratando aqui somente de coisas físicas, materiais ou tangíveis. Quando afirmamos que a natureza abomina o vácuo, podemos levar esta afirmação para aquilo que é intangível, como os sentimentos e emoções.

O livro “A parte que falta” fala, justamente, sobre essa tentativa de estarmos sempre procurando por algo para preencher nossos espaços vazios.

Esse vazio que nos incomoda pode gerar uma sensação de falta de felicidade, porque não conseguimos encontrar na vida que vivemos ou na carreira que conquistamos motivos suficientes para a nossa felicidade. E assim, ficamos continuamente na busca por aquilo que nos falta.

O problema é que acabamos procurando por aquilo que nos falta nas coisas que estão fora de nós. Ficamos procurando essa parte, que acreditamos tornará a nossa vida completa, em outras pessoas, carreiras, cidades…

Só que não encontraremos. Pois aquilo que, verdadeiramente, nos tornará felizes está dentro de nós. Sempre esteve!

E quando encontramos esse “pote de ouro” que habita dentro de nós, um milagre acontece: nossa carreira, nossos relacionamentos e a vida que levamos acabam materializando a riqueza que a pessoa encontra em si mesmo. Será que é coincidência ou é uma lei de causa-e-efeito?

FICHA CATALOGRÁFICA:

SILVERSTEIN, Shel. A parte que falta. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2018.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *