Transcrição do episódio "86 – A Mulher Que Era O Diabo"
Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.
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A MULHER QUE ERA O DIABO
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O episódio de hoje do Coachitório Online vai trazer mais uma história de sucesso publicada em um livro, que mais tarde foi adaptada para as telas do cinema. É bem verdade que a história de hoje está mais para Piper Kerman (que você ouviu no episódio #81) do que para os contos fantásticos de Game of Thrones e O Senhor dos Anéis. Quero dizer que a história de hoje está mais para a realidade do que para a fantasia, embora isso nunca tenha sido afirmado pela escritora e muito menos pela personagem principal.
Hoje é o dia de falar de um filme muito divertido. O Diabo Veste Prada.
Mas antes de falar do filme, vamos falar um pouco do livro. O Diabo Veste Prada foi escrito pela escritora americana Lauren Weisberger. Publicado em 2003, esse foi o primeiro livro da jovem escritora, que logo de cara passou na lista dos mais vendidos do prestigiado jornal The New York Times. Tamanho sucesso fez com que a indústria cinematográfica se apressasse para comprar os direitos autorais do livro e transformá-lo em um filme.
O filme, lançado em 2006, conta a história de Andy Sachs (personagem da atriz Anne Hathaway), que se forma em jornalismo e se muda para Nova York em busca de melhores oportunidades profissionais. Seu namorado a acompanha nesta jornada e, ao chegarem na nova cidade, Andy é contratada para trabalhar revista Runway, que é uma das principais revistas de moda do país. Esta revista é comandada por Miranda Priestly (interpretada pela atriz Meryl Streep).
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Os rumores acerca do livro (e do filme) começaram logo no seu lançamento. Sempre houve a especulação de que Miranda Priestly foi inspirada em Anna Wintour, a editora-chefe da revista Vogue. Essa especulação não é à toa, afinal, a escritora Lauren Weisberger foi assistente pessoal de Anna Wintour na vida real. No livro, Weisberger descreve a personagem Miranda Priestly como sendo uma profissional impiedosa, obcecada por perfeição e longe de ser uma pessoa amigável e humilde. E, adivinhem só: o perfil da personagem descrita no livro é muito parecido com a pessoa da vida real.
Se o livro é uma autobiografia que descreve o período em que ela esteve trabalhando com Anna Wintour, não sabemos. Também não sabemos se Miranda Priestly retrata tão fielmente a personalidade de Anna Wintour. Mas isso não importa. O que importa é que a personagem de hoje do Coachitório Online escancara várias lições de gestão e liderança que encontramos no nosso dia-a-dia.
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Logo que saiu da faculdade, Andrea Sachs (que supostamente faz o papel da escritora no filme), consegue o tal do emprego dos sonhos. Ela se torna assistente pessoal de Miranda Priestly, editora-chefe da aclamada revista de moda Runway. Ela sabe o que vai encontrar pela frente e se dispõe a enfrentar o tratamento arrogante e humilhante da sua chefe para ganhar experiência e só então conseguir um emprego de repórter em outro lugar.
Andy passa a trabalhar como uma das secretárias de Miranda e sente na pele o alto grau de exigência, stress e arrogância da sua chefe. Muitos dizem que ela não aguentará a pressão e logo deixará a empresa. Andy sente o choque. Apesar de reconhecer a importância da revista, ela acha que o mundo da moda é vago e sem sentido e isso a coloca em conflito direto com outras pessoas da equipe e em rota de colisão com a própria Miranda.
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Fica claro que o maior desafio de Andrea Sachs é com a indústria da moda em si. Ela se veste mal (para os padrões altamente exigentes do mundo da moda e da própria revista). Além disso, ela faz pouco caso da indústria da moda e até insinua que há uma certa futilidade em tudo aquilo. Ao criar essa cama de descaso com a empresa e o business no qual trabalha, ela acaba atraindo também a antipatia de outras pessoas que trabalham ao seu redor.
Em um primeiro momento, parece estranho que uma executiva tão exigente quanto Miranda Priestly se prestaria a trabalhar com uma assistente que nada conhece sobre moda e que se esforça muito pouco para melhorar nesse sentido. Mas o filme deixa claro que, apesar deste jeito feroz de ser, Miranda dá lições importantes para Andy. Por incrível que pareça, Miranda dá a Andy uma lição de humildade, pois Andy julga que seu currículo a coloca numa posição superior em relação à “futilidade” e “superficialidade” das outras pessoas que trabalham na empresa.
Miranda deixa claro que vê a inteligência e o esforço de Andrea e valoriza o fato de ela não ser interesseira no que diz respeito às referências profissionais que definitivamente poderiam ajudar muito a carreira de Andrea. Por outro lado, à medida que Andy conhece melhor o mundo da moda – em lições dadas, muitas vezes, pela própria Miranda – Andy passa a ver sua chefe de uma forma diferente. E assim passa a encarar a própria indústria da moda de forma diferente.
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Ao levar uma grande lição de moral e de moda de Miranda, Andy passa a acompanhar mais a moda e até a se vestir diferente. Fica claro, neste momento, que ela começa a “vestir” o propósito da empresa. No entanto, esta virada de chave não faz com que Andy abandone ou mude sua personalidade, que é o que a fez ser contratada.
Em minha opinião, Miranda deixa claro para Andrea que ela deveria cumprir o seu papel na empresa sem fazer julgamentos. Gostando da indústria da moda ou não, Andrea deveria se esforçar ao máximo para ser melhor no que faz. Também fica claro que o alto grau de exigência de Miranda não é só para com os estilistas que beijam os seus pés ou para os editores que com ela trabalham. Ela não tolera mediocridade no desempenho de ninguém – inclusive no trabalho de Andrea.
Mas é inegável que Miranda é uma pessoa muito difícil de se lidar. Ela parece um cavaleiro da era medieval, escondida sob uma armadura impenetrável que não permite que ela demostre sentimentos, falhas ou qualquer outro tipo de fragilidade. Miranda tem problemas sérios de comunicação e a sua relação com as pessoas é péssimo. Inclusive com a sua própria família.
Ao longo do filme vai ficando claro que tamanha competência profissional tem um custo e tem reflexos. Quem sofre é a sua família. Durante o filme, Miranda se separa e Andrea tem a oportunidade de ver a fragilidade de sua chefe. Miranda confessa ser incompetente para sustentar um relacionamento e isso claramente a incomoda.
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Sempre que eu vejo esse filme eu lembro da Roda do Equilíbrio, que é uma ferramenta que utilizamos no Coaching para analisar o nosso estado atual em diversos aspectos importantes para a nossa vida, além de fazer com que a gente analise o quanto cada um desses aspectos é importante para nós.
Lógico que eu não espero que ninguém tire nota máxima em todos esses aspectos. Aliás, a intenção nem é essa. O objetivo de analisar a Roda do Equilíbrio é saber se no nosso momento atual estamos dedicando para cada aspecto uma atenção proporcional à importância que cada um desses fatores tem para a nossa vida. Em outras palavras: não precisamos ser 100% em tudo. Precisamos, sim, dedicar tempo de qualidade, amor e atenção às coisas que são importantes para a nossa vida naquele momento. Se, no momento atual, a família é o mais importante, então dedique tempo e atenção para a sua família. Se a sua saúde é o mais importante, cuide dela. Se é o trabalho, então foque no trabalho. Se são os estudos, bora estudar e adquirir mais conhecimento. Se é o amor, ah, então eu nem preciso dizer.
O equilíbrio está em dedicar para o presente o que o momento está pedindo de você.
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O Diabo Veste Prada mostra que a Roda do Equilíbrio de Miranda Priestly tem somente um item: trabalho. E ela é muito bem-sucedida nisso. Só todo o resto parece uma confusão e eu acredito que essa é a grande lição que essa personagem tem para nos trazer.
Claro, é desnecessário dizer que a arrogância, a rudeza e a falta de educação de Miranda Priestly para com seus funcionários são exemplos clássicos do que não devemos fazer no que diz respeito à gestão de pessoas. No entanto, o grau de exigência que ela tem no trabalho também nos faz ter certeza de que os aprendizados que teremos ao trabalhar com uma pessoa altamente competente também serão muito grandes.
Guardadas as devidas proporções, já trabalhei com pessoas assim. Pessoas fora da curva, altamente inteligentes. O tipo de pessoa com quem você aprende muito e faz com que você sempre se lembre de seus ensinamentos – os bons e os ruins. No fim do dia, cabe a você escolher não se tornar um espelho dessa pessoa.
E, no fim do filme, foi isso que Andrea Sachs escolheu.
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Fala, galera do Coachitório Online.
Como eu comentei durante o episódio, a escritora Lauren Weisberger nunca afirmou que o seu livro fosse inspirado no tempo em que trabalhou com Anna Wintour. A famosa editora da revista Vogue também falou muito pouco a respeito do livro, limitando-se a dizer que gostou do filme e que a atuação de Meryl Streep foi muito boa.
A curiosidade é que diversos estilistas e profissionais da moda foram convidados a participar do filme. A maioria negou, temendo sofrer represálias de Anna Wintour. Ainda assim, muitos deles permitiram que suas roupas, calçados e acessórios fossem utilizados e citados no filme. Isso traz outra curiosidade: O Diabo Veste Prada foi um dos figurinos mais caros da indústria do cinema americano.
Muito obrigado a você que nos acompanha semanalmente aqui no Coachitório Online. Quero dar as boas-vindas para quem está chegando agora. O nosso podcast semanal sobre pessoas, carreira e liderança está na quarta temporada e eu aproveito para te convidar a curtir todos os nossos episódios e temporadas pela sua plataforma favorita.
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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!