• 4ª Temporada
  • Grandes Lições de Grandes Personagens

  • A quarta temporada teve inspiração em grandes personagens das séries, da TV e cinema. Ao assistir ao seriado La Casa de Papel, eu aprendi com o Professor algumas lições sobre planejamento, formação de equipe e liderança. Foi o ponto de partida para fazermos uma temporada completa sobre as grandes lições de grandes personagens.

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82 – Rick Grimes, o Xerife de Walking Dead

Liderar pessoas em meio ao caos, sem saber direito o que está acontecendo, sem ter a certeza de que inimigo está combatendo e com muito pouca noção do que vai acontecer em um futuro próximo. Não, não estou falando da pandemia. Estou falando da difícil missão de manter a vida e a esperança de um grande grupo de pessoas em meio a um ataque zumbi. Rick Grimes incorpora um papel de liderança forte, às vezes questionável, mas que tem muito a nos ensinar.

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Transcrição do episódio "82 – Rick Grimes, o Xerife de Walking Dead"

Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.

RICK GRIMES – O XERIFE DE WALKING DEAD

Imagine a cena: você está em coma por bastante tempo e, quando acorda, você está completamente zonzo e perdido, sem saber direito o que aconteceu e quanto tempo se passou. Pior do que isso, depois de despertar dos meses em que esteve em coma, você é confundido com um zumbi e é atingido com um golpe de pá na cabeça, que foi desferido por um jovem que estava ao seu lado. Como se já não bastasse ter estado em coma, você mal acorda e leva uma pancada dessa na cabeças. É para matar! E quase foi mesmo!

É mais ou menos assim que começa The Walking Dead, uma série americana muito premiada e aclamada pela crítica, a qual já recebeu várias indicações e prêmios ao longo de suas onze temporadas. Aliás, só pode ser um mega-sucesso uma série que fica mais de dez anos no ar, batendo recordes de audiência e atraindo milhões de espectadores em todos os seus episódios.

Também é importante dizer que The Walking Dead tem a sua origem nas histórias em quadrinhos. Isso mesmo, a série da TV foi inspirada em um gibi, publicado mensalmente nos EUA entre os anos de 2003 e 2019. Veja que não é o primeiro filme ou série que trazemos para o Coachitório Online que foi inspirado em livros ou publicações semelhantes. Harry Potter, O Senhor dos Aneis, Game of Thrones e House of Cards são alguns exemplos de histórias que já foram contadas no nosso podcast que foram originalmente publicadas em livros

Mas vamos voltar à cena que eu contei lá no comecinho do episódio, que acontece com o personagem do Coachitório Online de hoje. Rick Grimes é um policial, uma espécie de xerife de uma pequena cidade americana. Em um belo dia, ele se envolve em um tiroteio contra um prisioneiro fugitivo e acaba sendo alvejado pelo criminoso. Por conta do tiro, ele entra em coma e, durante o período em que esteve convalescendo, o mundo passa pelo apocalipse zumbi.

É por isso que Grimes não entende nada quando acorda e leva um golpe de pá na cabeça. Ele não tinha ideia do que estava acontecendo até que as pessoas começam a contar para ele o que havia se passado com o mundo. Imediatamente, Grimes inicia uma busca desenfreada pela sua família. Esse é o enredo central de The Walking Dead: a busca de Grimes pela sua família e a saga desses sobreviventes na procura por um local seguro, protegido dos zumbis que, como todo bom zumbi, só quer saber de morder e matar os seres humanos.

Há vários filmes e histórias sobre zumbis e todos eles mostram o quanto é difícil dar cabo a um zumbi, afinal de contas, como é que mata algo que já está morto? Só que o melhor de tudo é que The Walking Dead não se concentra somente na tentativa de encontrar uma forma de aniquilar os zumbis, mas sim nos desafios enfrentados dentro do próprio grupo para que eles se mantenham vivos. Brigas pelo poder, conflitos, problemas de relacionamento, hostilidade entre as pessoas do grupo são alguns ingredientes que dão tempero especial a todas as temporadas da série.

O principal problema do grupo e talvez o primeiro que eles enfrentam é o desconhecimento do que está acontecendo. Os sobreviventes não sabem o que está acontecendo no mundo. Não sabem a extensão do problema, a origem e tampouco a cura para essa infestação de zumbis.

Aliás, vou confessar uma coisa: deixando de lado essa coisa dos zumbis e do extermínio em massa da humanidade, qualquer semelhança entre The Walking Dead e o que está acontecendo atualmente na pandemia não é mera coincidência. Estamos enfrentando um inimigo cuja origem desconhecemos, assim como desconhecemos a sua cura. Ou melhor, não estamos enfrentando o inimigo, mas sim, estamos somente nos protegendo e fugindo deles. Confesso também que às vezes me sinto como um dos sobreviventes de The Walking Dead, que precisa se manter refugiado em local seguro para não ser infectado pela mordida venenosa do zumbi, quero dizer, do vírus.

Mas deixa eu voltar à questão de o grupo não saber com o que está lidando. Uma das premissas da Administração é conhecer, ter consciência das coisas que acontecem no ambiente interno e externo. Esse conhecimento é o que permite que as variáveis sejam gerenciáveis, ou seja, que a gente consiga elaborar planos e estratégias para ter controle sobre essas variáveis e sermos bem-sucedidos em nossos desafios.

Essa falta de conhecimento é um dos principais obstáculos para que o grupo consiga sobreviver e alcançar o tão sonhado refúgio do apocalipse zumbi. E, quando a gente não conhece ou não tem domínio sobre o que se passa, começam a surgir os palpites e os conflitos. E os conflitos precisam ser resolvidos para o bem e a sobrevivência do próprio grupo e quem deve assumir o papel da resolução de conflitos, em qualquer circunstância, é o líder.

Digo isso porque Rick Grimes aos poucos vai ganhando a confiança do grupo de sobreviventes, que o veem como um líder legítimo. Mas a sua liderança, ou melhor, as suas atitudes são questionadas por algumas pessoas do grupo – o que é perfeitamente normal em qualquer grupo e em qualquer liderança.

A personalidade de Rick Grimes enfatiza as suas características de liderança. Ele é uma pessoa decidida, de um perfil comportamental do tipo racional-executor. Não fica nem um pouco constrangido de ser visto como um líder dominante e até um tanto impositivo, pois entende que suas atitudes são para o bem. Aliás, há que se enfatizar que Grimes tem valores morais fortes e isso faz com que ele seja uma espécie de regente ou vigilante do comportamento das pessoas do grupo.

Apesar da sua personalidade forte e de um jeito todo peculiar de ser, Grimes é aceito como líder do grupo porque ele sempre deixa bem claro que deseja cuidar de todo mundo. Ele se sente responsável por cada um dos sobreviventes e isso faz com que ele lide muito mal com os reveses e as derrotas que o grupo sofre ao longo da sua busca por um local a salvo dos zumbis.

Cuidar de todo mundo é uma das características da liderança paternalista. O líder paternalista é aquele que acolhe, mas que puxa a orelha. Que bate e assopra. Que se sente responsável por todos. Não é uma característica presente em todos os líderes e nem sempre é uma característica desejável para a liderança. Mas há um dado curioso: o professor brasileiro Alfredo Behrens fez uma pesquisa e publicou um artigo que proclama que o estilo de gestão paternalista é o que apresenta os melhores resultados com os funcionários brasileiros.

A pesquisa ainda aponta que os termos paternalista e protecionista normalmente possuem uma conotação pejorativa quando ligados à liderança. Segundo o pesquisador, “o papel do gestor paternalista é lutar pelos seus colaboradores, principalmente, quando estes estiverem vulneráveis”. Afirma ainda que “cuidar um do outro não significa confundir a relação, principalmente em um país como o Brasil onde a hierarquia é uma característica tão presente na sociedade”.

Esse conceito se encaixa como uma luva para definir o estilo de liderança de Rick Grimes. O grupo liderado por ele é uma verdadeira organização: pessoas unidas em prol de um objetivo comum. Toda organização tem um líder, que pode ser eleito ou assumir naturalmente o seu papel. Grimes assume o papel de líder naturalmente, só que, por conta da gravidade da situação e pelo fato de ela ser atípica, o nosso personagem lança mão de seus valores e da sua essência de líder: dominância, transparência e, acima de tudo, um grande senso de responsabilidade por todos. Nem poderia ser diferente, até porque não é todo dia que a gente lidera um grupo de sobreviventes a um ataque zumbi.

Fala, galera do Coachitório Online.

Você já ouviu aquela frase “tempos desesperados requerem medidas desesperadas”? Pois é, foi isso que aconteceu com aquele grupo de sobreviventes e é dessa forma que Rick Grimes exerce a sua liderança. Bem ou mal, eficiente ou ineficiente, amado ou odiado, é por meio da liderança de Grimes que o grupo vai alcançando os seus objetivos.

Ah, tem também uma curiosidade. Andrew Lincoln, o ator que interpreta Rick Grimes, disse que se inspirou na série Breaking Bad, sobretudo em Walter White, o professor de química que é o protagonista da história. Você deve lembrar que falamos dele em um dos últimos episódios do Coachitório Online.

Também tem outra curiosidade… ao final da nona temporada, Rick Grimes é ferido e levado por um helicóptero para um lugar desconhecido. Desde então ele não apareceu mais na série. Seu paradeiro é desconhecido e esse mistério tem dado margem a várias especulações e uma das mais fortes é de que The Walking Dead terá continuidade como uma trilogia de filmes, na qual Rick Grimes irá voltar.

Esse é o Coachitório Online, senhoras e senhores. Hoje aprendemos um pouco sobre estilos de liderança com o personagem central da série The Walking Dead. Mas tem muito mais nessa e nas outras temporadas do nosso podcast semanal sobre pessoas, carreira e liderança. Então eu te convido a escolher um episódio para compartilhar com seus amigos nas suas redes sociais. Lembre-se também de apertar o botão para seguir o nosso podcast, pois assim a gente aumenta o número de pessoas que nos acompanha nessa jornada.

Ah, e por falar em jornada, também te convido a conhecer a jornada de autoconhecimento, que está lá no site da Ponte ao Futuro. Vale a pena dar uma olhada para identificar, entre outras coisas, qual é o seu estilo de liderança.

E volto a lembrar que você pode participar ativamente dessa temporada. Diga que personagem você quer ver aqui no Coachitório Online. Deixe a sua mensagem e também as suas sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br

Encontro você no próximo episódio! Um abraço!