• 4ª Temporada
  • Grandes Lições de Grandes Personagens

  • A quarta temporada teve inspiração em grandes personagens das séries, da TV e cinema. Ao assistir ao seriado La Casa de Papel, eu aprendi com o Professor algumas lições sobre planejamento, formação de equipe e liderança. Foi o ponto de partida para fazermos uma temporada completa sobre as grandes lições de grandes personagens.

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81 – Piper Chapman, Quando o Laranja se Torna o Novo Pretinho Básico

Ela cometeu um delito. E sabia o que estava fazendo. Na época, não se entregou para as autoridades e tentou deixar essa questão no passado. Até que um dia esses fantasmas do passado decidiram atormentar a sua consciência e ela decidiu confessar o que havia feito e encarar a punição que a esperava. Essa é a primeira personagem do nosso podcast inspirada em uma história real, que nos ensina sobre arrependimento, perdão e companheirismo.

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Transcrição do episódio "81 – Piper Chapman, Quando o Laranja se Torna o Novo Pretinho Básico"

Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.

PIPER CHAPMAN – QUANDO O LARANJA SE TORNA O NOVO PRETINHO BÁSICO

Hoje nós vamos contar a história de Piper Chapman, que na vida real se chama Piper Eressea Kerman. Isso mesmo, hoje nós não vamos falar de uma história fictícia. Vamos falar de uma história real, transformada em um relato autobiográfico pela própria personagem e posteriormente adaptada pela Netflix em mais uma série de tremendo sucesso mundial. Hoje nós vamos falar de Piper Chapman, personagem central da série Orange is the New Black.

Essa é a primeira personagem baseada em uma história real cuja história nós vamos contar aqui no Coachitório Online e, já que é assim, é preciso falar um pouco da pessoa e da sua história.

Piper Kerman, a mulher da vida real, sempre teve uma vida de muito conforto. Nasceu na cidade de Boston em uma família com muito profissionais bem-sucedidos. Ela mesma se formou em Direito em uma prestigiada faculdade particular no estado de Massachusetts. Ela se declarou bissexual ainda na adolescência e, quando ela tinha seus vinte e poucos anos, namorou uma garota que estava envolvida com tráfico de drogas. Ela sabia disso. E foi aí que começaram os problemas para Piper Kerman.

Um belo dia, a namorada pediu para que Piper transportasse uma mala com dinheiro oriundo do tráfico. A namorada de Piper era uma importante figura em um cartel internacional de tráfico de drogas e vinha sendo vigiada há tempo pelas autoridades. Apaixonada, Piper fez o trabalho, fez o transporte do dinheiro. E nada aconteceu com ela, pelo menos por enquanto.

O tempo passou e o namoro com a traficante terminou. Em 1998 Piper foi indiciada por e somente em 2004 ela confessou ter cometido esse delito. Só que nessa época Piper já vivia confortavelmente em Nova York e acreditava que tudo havia ficado no passado. Só que surgiu um negócio chamado consciência, e a consciência de Piper pesou bastante e fez com que ela confessasse o que havia feito e fosse para a prisão.

E assim, dez anos depois de ter praticado aquele delito, Piper Kerman troca uma vida de conforto de Nova York por uma sentença de 15 meses em uma penitenciária federal feminina de segurança mínima. Foi a partir das experiências e dos aprendizados que teve durante a sua prisão que Piper Chapman decidiu escrever o livro chamado Orange is the New Black, que mais tarde seria transformada na bem-sucedida série com o mesmo nome.

Talvez você até saiba, mas a tradução para o português do título do livro e da série quer dizer algo como “o laranja é o novo preto”. É importante dizer isso porque a autora faz uma alusão à cor laranja do uniforme utilizado na prisão em substituição à elegante cor preta das roupas que ela costumava usar. Como ela mesma disse: do dia para a noite, meu guarda-roupa preto básico deu lugar a uma única roupa, de uma só cor: laranja.

O livro foi lançado em 2010 e foi um sucesso imediato. O relato das suas memórias e experiências na prisão chama muito a atenção do público e logo ela passa a ser chamada para dar palestras em faculdades e associações de direitos humanos. Seu legado chama a atenção da Netflix, que decide produzir e lançar uma série sobre o seu livro.

E é aí que entra Piper Chapman, a personagem central da série, inspirada na autora do livro e que encarna todas as situações vividas e descritas no livro. Como em toda penitenciária, há situações de tensão, há episódios de companheirismo e há exemplos de organização e liderança. Mas o primeiro item que chama a atenção na Piper da vida real (e que fica transparente na personagem da série) é a questão da consciência.

Ela cometeu um delito. E sabia o que estava fazendo. Na época, não se entregou para as autoridades e tentou deixar essa questão no passado. Até que um dia esses fantasmas do passado decidiram atormentar a sua consciência e ela decidiu confessar o que havia feito e encarar a punição que a esperava.

Talvez a primeira pergunta seja: o que leva uma pessoa a cometer um delito como ela fez? Talvez tenha sido por causa do amor – e há vários exemplos de pessoas que acabam sendo sugadas para o buraco negro do crime por causa do amor. Mas eu penso que a pergunta mais intrigante seja: o que leva uma pessoa a se entregar, confessar o que havia feito e, praticamente, pedir para ser encarcerada?

Repare como às vezes a gente consegue fugir das coisas externas que nos atormentam. A gente tem o livre-arbítrio para pedir a demissão daquele emprego que não gostamos, para se mudar da casa ou da cidade na qual você não está habituado ou até terminar um relacionamento que não te faz bem. Mas não dá para fugir de si mesmo. Não dá para fugir da nossa personalidade, cobrança, sentimento de culpa, arrependimento ou qualquer que seja o sentimento que carregamos dentro de nós. E não estou falando da justiça divina. Estou falando daquela voz interior que fica insistindo em nos lembrar que devemos nos redimir ou consertar o que fizemos.

Só que nem todos ouvem essa voz, ou melhor, não é em todos que a consciência vai pesar em uma situação como a de Piper Kerman. É mais provável que isso aconteça com quem tem um alto grau de conhecimento de si próprio. Isso mesmo, o autoconhecimento é uma das formas de acessarmos, de darmos ouvido para a nossa consciência. Piper trabalhou esse autoconhecimento antes de ser condenada. Mas quando foi somente quando botou os pés dentro da penitenciária para encarar os meses de encarceramento é que ela conseguiu desenvolver o verdadeiro conhecimento de si mesma. Piper Kerman comenta, ao longo de seu livro, que seu comportamento oscilou bastante durante o seu tempo de reclusão, o que é um tanto natural se considerarmos a tensão e a hostilidade que sempre estão no ar nesse ambiente. Ela se considera uma pessoa de boa índole, mas que durante a série se envolve com atividades um tanto quanto questionáveis, tais como o contrabando, rebeliões e brigas com outras detentas. Mas era esse o ambiente em que estava e era isso que o ambiente acabava provocando nela.

O autoconhecimento que falamos permitiu que Piper conseguisse nomear os comportamentos e atitudes que ela sempre teve ao longo da vida, mas que somente conseguiu identificar em si mesma durante o tempo em que ficou na prisão. Ela se autodenomina egoísta e impulsiva, ao mesmo tempo que afirma ser uma pessoa boa. Parece contraditório, não é? Mas, vamos falar a verdade: será que as pessoas do bem estão imunes a comportamentos negativos ou passíveis de crítica? Será que as pessoas do bem são perfeitas em todas as suas atitudes?

Basta olharmos para nós mesmos a fim de nos questionarmos se tudo o que pensamos, dizemos ou fazemos está isento de falhas. Se fizermos esse exercício, talvez a gente venha a descobrir que somos pessoas do bem apesar dos defeitos que temos. Ou melhor, talvez sejamos pessoas do bem porque temos esses defeitos, reconhecemos e queremos melhorar. E isso está ao alcance de todos.

Fala, galera do Coachitório Online.

Como eu falei lá no comecinho do episódio, Piper Chapman foi a primeira personagem baseada na vida real que a gente traz aqui para a quarta temporada do Coachitório Online. Isso torna difícil separar a personagem da pessoa de carne e osso que efetivamente viveu e escreveu sobre as suas experiências.

Depois de sete temporadas, Orange is the New Black chegou ao fim no ano passado, mas a história de Piper Kerman, a autora do livro, continua. Atualmente, ela é casada com um escritor chamado Larry Smith e faz parte de uma associação penitenciária feminina. Seu livro a tornou famosa e a série a tornou ainda mais conhecida, o que faz com que ela seja constantemente chamada para dar várias palestras por aí.

Muitas vezes a gente escuta as pessoas falarem que a história de uma pessoa daria um livro. Pois é, a história de Piper Kerman deu um livro. E muitas lições. E, para quem acredita em predestinação, essa história é um prato cheio. Será que tudo o que aconteceu foi um acaso ou será que ela tinha justamente esse papel a cumprir, a fim de poder, depois de tudo isso, compartilhar as suas experiências e ajudar pessoas que se encontram em situações semelhantes a sua? A resposta é individual e subjetiva e tudo o que eu tenho é a minha opinião a respeito.

Esse é o Coachitório Online. Tem muito mais nessa e nas outras temporadas do nosso podcast semanal sobre pessoas, carreira e liderança. Então eu te convido a escolher um episódio para compartilhar com seus amigos nas suas redes sociais. Lembre-se também de apertar o botão para seguir o nosso podcast, pois assim a gente aumenta o número de pessoas que nos acompanha nessa jornada.

Ah, e por falar em jornada, também te convido a conhecer a jornada de autoconhecimento, que está lá no site da Ponte ao Futuro. Vale a pena dar uma olhada para identificar, entre outras coisas, qual é o seu estilo de liderança.

E volto a lembrar que você pode participar ativamente dessa temporada. Diga que personagem você quer ver aqui no Coachitório Online. Deixe a sua mensagem e também as suas sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br

Encontro você no próximo episódio! Um abraço!