• 4ª Temporada
  • Grandes Lições de Grandes Personagens

  • A quarta temporada teve inspiração em grandes personagens das séries, da TV e cinema. Ao assistir ao seriado La Casa de Papel, eu aprendi com o Professor algumas lições sobre planejamento, formação de equipe e liderança. Foi o ponto de partida para fazermos uma temporada completa sobre as grandes lições de grandes personagens.

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91 – Perfume de Mulher

Ele é um militar condecorado, reconhecido por sua coragem e capacidade de liderança. Ao mesmo tempo, é um militar reformado pelo fato de ter ficado cego durante o tempo em que esteve em serviço. Isso torna Slade uma pessoa amargurada, irritada e difícil de conviver. Cansado de ficar em casa e de ser tratado como um inválido, ele tem uma brilhante ideia: curtir a vida. Para isso, ele precisa da ajuda de uma pessoa de confiança e é aí que surge Charlie Simms, um jovem estudante por quem o velho Coronel desperta um sentimento de empatia, que logo vira amizade e uma grande oportunidade de ensinamentos e aprendizados para os dois.

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Transcrição do episódio "91 – Perfume de Mulher"

Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.

PERFUME DE MULHER

Eu não sou um crítico de cinema, mas eu gosto muito de filmes. Eu acho, inclusive, que um bom filme começa com um bom título, um nome que seja convidativo, sugestivo, enigmático e, claro, que tenha a ver com o filme. Perfume de Mulher é um desses filmes. Para começar, o pessoal que traduziu o filme para o nosso idioma teve a sensibilidade de fazer uma tradução literal, ou seja, Perfume de Mulher é também o título do filme no idioma inglês. Digo isso porque às vezes a gente vê algumas barbaridades na tradução dos títulos de alguns filmes, que podem até fazer com que a gente ache alguns deles esquisitos.

Só que Perfume de Mulher é um título um tanto quanto enigmático para este filme. Quem não prestar atenção provavelmente não vai perceber a deixa que faz com que o filme tenha este título. Esse é um dos fatores que faz com que esse filme seja constantemente indicado por professores, treinadores e vários profissionais da área de desenvolvimento humano, porque ele traz lições importantes de caráter, justiça, liderança e relacionamento interpessoal.

Essas lições somente são possíveis por conta da brilhante história, do impecável roteiro e da maravilhosa atuação de Al Pacino, que no filme vive o papel do Coronel Frank Slade.

Frank Slade é um militar condecorado. Tinha uma carreira brilhante no Exército americano até que um dia ele sofreu um acidente. A explosão de uma granada o deixou cego e ele se viu forçado a se aposentar prematuramente. Dono de um temperamento forte, assim como seu senso de justiça, o Coronel Slade passa vários anos aposentados até o dia em que ele toma uma decisão importante.

Bom, esse é o momento em que eu preciso omitir alguns detalhes do filme sob o risco de dar alguns spoilers. Embora o filme tenha quase trinta anos, tem muita gente que não assistiu e desde fica o meu convite para procurar e assistir essa produção.

Voltando à história do nosso personagem, Frank Slade descobre que está de saco cheio de ficar em casa, sendo tratado como um inválido por várias pessoas – principalmente por sua família. Então ele tem uma brilhante ideia: curtir a vida. Para isso, ele precisa da ajuda de uma pessoa de confiança e é aí que surge o jovem Charlie Simms, interpretado pelo ator Chris O´Donell (o mesmo que atuou no filme Batman Para Sempre e na série Grey´s Anathomy, que falamos na semana passada). Com a ajuda de Charlie, o Coronel Frank Slade planeja ter um final de semana divertido em Nova Yorque. Para o Coronel, a ideia de diversão consiste em ter belos jantares, sair com uma bela mulher e dirigir uma Ferrari. Sim, ele quer dirigir uma Ferrari apesar da sua deficiência visual. E o melhor de tudo é que ele consegue.

Frank Slade tem um temperamento difícil, como eu comentei há pouco. Isso dificulta o seu relacionamento com o jovem Charlie, a quem ele critica e dispara alguns xingamentos. Sorte dele é que Charlie é um jovem do bem, quieto, humilde e que valoriza muito a educação. Logo, o Coronel descobre que Charlie está estudando em uma das melhores escolas da região – a mesma em que o Coronel havia estudado em sua juventude.

O Coronel descobre também que Charlie está muito angustiado com uma situação que aconteceu na sua escola. Uma “treta” que ele havia testemunhado. Alguns querem culpa-lo pelo ocorrido e um processo interno é instalado para que Charlie seja expulso da escola.

Ao ficar por dentro da história, o Coronel tenta dar diversas lições de moral no jovem, sobretudo aquelas que estão ligadas à honra e caráter e que formam a personalidade do próprio Coronel, herdada da sua longa carreira militar.

É neste ponto que o filme se dedica a mostrar as grandes lições que esse personagem nos apresenta. Dono de um humor irritadiço, o Coronel é uma pessoa difícil, um tanto desagradável. Ele subestima e reclama de tudo e de todos, mas vê em Charlie uma pessoa que, segundo ele, vale a pena ser salva. Frank Slade ensina que Charlie escolheu um caminho para a sua vida, pavimentado por princípios ligados ao seu caráter, e que este sempre é o caminho certo a percorrer.

Só que apesar de dar algumas lições importantes para Charlie, logo fica claro que o Coronel usa sua personalidade forte para esconder seus próprios problemas. Mas ele não consegue esconder de Charlie as angústias na medida em que o final de semana vai se desenrolando. Apesar de estar bem claro para ambos quem é o mentor e quem é o aprendiz, também fica claro que Charlie tem grandes ensinamentos para dar ao Coronel.

Só que a gente se engana se pensar que a personalidade do Coronel faz com que ele seja somente uma pessoa detestável, aquele tipo de figura que não tem amigos. Apesar de ter colecionado alguns desafetos ao longo da vida, o Coronel é uma pessoa cujo charme, inteligência e educação o tornam uma pessoa encantadora – pelo menos quando ele quer. Ele tem amigos e pessoas que se preocupam com ele. Mas a sua autopiedade faz com que ele eventualmente se afaste daqueles que querem o seu bem. Essa é uma grande lição que Perfume de Mulher traz para nós, pois o filme mostra um protagonista forte, mas que se vitimiza por conta da sua deficiência visual. Ele passa a odiar a vida que leva e a olhar as pessoas “normais” como se fossem culpadas por não serem privados de alguma deficiência ou limitação.

Trazendo isso para a nossa realidade, perceba o quanto somos tentados a reclamar das coisas e o quanto nos sentimos injustiçados por não sermos tão ricos, inteligentes, evoluídos ou bem-sucedidos quanto outras pessoas. Pôr a culpa no outro sempre é mais fácil. Nesse momento eu lembro de uma lição que um amigo meu me contou pouco tempo atrás. Ele disse: “sempre que você tiver vontade de reclamar de algo, imagine o seguinte: pense que você está em uma fila. Você olha para adiante e vê que tem algumas pessoas na sua frente. Aí você olha para trás e vê que tem muito mais gente atrás de você.”

Bom, embora talvez seja desnecessário explicar, acho importante dizer que esta metáfora está diretamente ligada com o quanto você já evoluiu, com o que você já fez e conquistou ao longo da vida. As pessoas que estão na sua frente talvez sejam mais evoluídas. Talvez estejam em outro estágio. Mas sempre haverá muita gente atrás de você na fila, querendo muito estar na posição em que você está.

É bem provável que neste momento você esteja pensando que isso é óbvio, afinal de contas, sempre haverá pessoas em situações melhores e piores do que nós. O problema é que na hora de pensar ou falar antes de agir, muitos se esquecem disso. Muitos adotam reações impulsivas e desatam a reclamar ou a pôr a culpa nos outros por conta de coisas que somente ele próprio provocou.

Só que o Coronel Frank Slade também nos ensina outras lições legais durante o fim de semana em que se passa o filme. Ele nos estimula a curtir a vida. Aproveitar a vida é tudo o que ele quer naqueles dias. E ele aproveita! Me lembra até uma frase do livro do Pequeno Príncipe: “o essencial não é visto com os olhos, mas sim com o coração.” O Coronel nos ensina que não é preciso ver para enxergar as coisas. OK, eu sei que essa frase ficou esquisita, mas pense no seguinte: será que somente as pessoas que não são privadas de alguma deficiência é que conseguem perceber e analisar tudo? Será que somente as pessoas “normais” que conseguem aproveitar a vida?

Para responder a esta pergunta, eu te convido a fazer uma reflexão: olhe ao seu redor – ou talvez olhe para si mesmo – e veja que há pessoas que estão cheias de saúde, que têm emprego e um lugar para morar. Pessoas que têm família. Provavelmente a maioria das pessoas que você conhece está nessa condição. Só que também é provável que as pessoas que mais reclamam da vida são justamente essas, que estão em uma situação na qual muitos gostariam de estar. Lembra da história da fila que eu falei há pouco? Pois é, a gente esquece rapidinho de quando estávamos lá no final da fila, não é mesmo?

Fala, galera do Coachitório Online.

Frank Slade era cego, mas enxergava muito mais do que a gente imaginava. Ou melhor, enxergava mais do que muitas pessoas que não têm deficiência visual. Tanto é que uma de suas frases mais marcantes do filme é quando ele diz para o seu pupilo Charlie que “o dia em que a gente para de ver é o dia em que a gente morre”. Eu poderia dizer que é uma metáfora, mas eu acho que não. Muita gente parou de enxergar o que há na sua frente e a sua volta. E quem para de enxergar, para de se importar.

Claro que o Coronel Frank Slade não está se referindo à morte física, mas sim à alienação e ignorância que podem nos dominar quando deixamos de nos importar com o mundo e com os outros e focamos somente no nosso umbigo.

Mas não são só as lições deste filme que são boas. O filme é ótimo, tanto é que Al Pacino ganhou o Oscar de melhor ator por sua performance em Perfume de Mulher. Além disso, o filme teve outras três indicações e também ganhou três prêmios Globo de Ouro. É o tipo de filme que a gente precisa assistir e, caso ainda não tenha visto, #ficaadica, porque vale a pena.

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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!