• 4ª Temporada
  • Grandes Lições de Grandes Personagens

  • A quarta temporada teve inspiração em grandes personagens das séries, da TV e cinema. Ao assistir ao seriado La Casa de Papel, eu aprendi com o Professor algumas lições sobre planejamento, formação de equipe e liderança. Foi o ponto de partida para fazermos uma temporada completa sobre as grandes lições de grandes personagens.

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74 – O Professor

Personagem central de “A Casa de Papel”, uma das mais aclamadas séries da Netflix, o professor é um cara altamente inteligente. Cerebral. É uma figura um tanto introvertida, que usa roupas sem graça e óculos de aros grossos. Em uma primeira olhada, talvez você fosse subestimar a inteligência dele. Você dificilmente acreditaria que ele é o líder de um grupo de assaltantes. Diria que ele faz mais o tipo de um professor mesmo! O seu apelido faz jus a sua aparência e, acima de tudo, à forma como ele compartilha com a sua equipe todo o conhecimento e informações necessárias para tornar o plano bem-sucedido.

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Transcrição do episódio "74 – O Professor"

Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.

O PROFESSOR

Um macacão com capuz, na cor vermelha. A máscara com a inconfundível cara (e o bigode) de Salvador Dali. Estava assim criado o símbolo maior de uma das séries mais assistidas, comentadas e cultuadas deste século: A Casa de Papel.

A Casa de Papel foi originalmente criada para ser transmitida por um canal aberto espanhol. A circulação seria somente local, dentro do país mesmo. Quando começou a ser exibida, a série teve um desempenho muito bom em termos de audiência. Só que esse desempenho foi caindo com o passar do tempo e, na 2ª. temporada, a audiência era bem mais ou menos. Nada extraordinária. Era muito pouco provável que a série seria renovada para outras temporadas.

Mas aí surgiu a Netflix, que em 2017 comprou os direitos e colocou a série no seu catálogo mundial de produções. A audiência disparou. A série virou um sucesso internacional, o que fez com que a Netflix se encarregasse de produzir mais duas temporadas, para a alegria de milhões de pessoas ao redor do mundo que se encantaram com o macacão vermelho e a máscara de Salvador Dali, com os assaltantes que são chamados por nomes de cidades e, principalmente, pelo personagem principal e cerebral de toda a estória: o professor.

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Desde já eu faço dois avisos: talvez eu dê alguns spoilers sobre a série aqui no episódio de hoje. Mas não é nada que comprometa ou estrague a surpresa de quem está assistindo ou pretende assistir a série. E o outro aviso é: assista à série. Há lições importantes de planejamento, gestão de conflitos, trabalho em equipe, entre tantos outros, que fazem valer a pena os momentos que dedicamos a assisti-la.

Bom, o episódio de hoje é para falar do professor. Interpretado pelo ator espanhol Alvaro Antonio Garcia, o professor faz jus ao seu apelido. Ele é o líder principal da equipe e o responsável pelo planejamento da ação que serve como enredo para as duas primeiras temporadas da série: o assalto à Casa da Moeda da Espanha.

Ao longo dos episódios, o professor revela que o plano não é dele, mas ele decide realizá-lo como homenagem ao seu pai, que é o verdadeiro mentor do plano. O plano é mirabolante. Assaltar o estabelecimento que é responsável por imprimir o dinheiro, as notas de Euro que circulam na Espanha. O plano é tão audacioso que a própria polícia chega a duvidar que alguém seria doido o suficiente para executá-lo.

Só que teve gente doida o suficiente para elaborar e executar o plano. E o professor foi a peça principal dessa engrenagem.

Só que é preciso falar um pouco das características do professor antes de falar das lições que ele apresenta em A Casa de Papel. O professor é um cara altamente inteligente. Cerebral. Ele teve uma infância difícil, pois a sua saúde era frágil e isso fez com que ele passasse muito tempo em leitos de hospital. Ele aproveitou esse tempo para ler. Leu de tudo. Se tornou autodidata, aprendeu idiomas e se especializou na arte do planejamento.

É uma figura um tanto introvertida, que usa barba, roupas sem graça e óculos de aros grossos. Em uma primeira olhada, talvez você fosse subestimar a inteligência dele. Você dificilmente acreditaria que ele é o líder de um grupo de assaltantes. Diria que ele faz mais o tipo de um… professor mesmo! O seu apelido faz jus a sua aparência e, acima de tudo, à forma como ele compartilha com a sua equipe todo o conhecimento e informações necessárias para tornar o plano bem-sucedido.

O professor é um cara extremamente racional e essa racionalidade fez com que o professor optasse por ficar solteiro. Ao longo dos episódios ele deixa a entender que o seu “casamento” era com o plano.

Mas vamos falar dos principais acertos do professor! O perfil do professor e as suas características permitem afirmar que ele exerce um estilo de liderança racional. Sua inteligência e conhecimento fazem com que os membros da equipe o respeitem como um líder porque confiam na capacidade que ele tem para fazer com que o plano dê certo.

Uma das atribuições de um líder tem a ver com a formação da equipe. Há uma expressão em inglês, chamada de “Team Building”, que significa, literalmente, construção de equipe. O começo da primeira temporada mostra como o professor selecionou cada pessoa que fez parte do seu time. E ele fez a construção da equipe conforme manda o figurino: a partir do planejamento estratégico elaborado para o assalto, ele identificou todas as fases e operações necessárias para executar o plano. Depois de identificar as fases do plano, ele mapeou as competências técnicas necessárias para realizar cada tarefa. E foi só depois de ter mapeado as competências técnicas que ele selecionou as pessoas. Havia, por exemplo, o especialista em escavação e perfuração, um especialista em solda, a especialista em falsificação, um especialista em tecnologia e assim por diante.

O professor montou a sua gangue como um técnico monta uma equipe de futebol. Selecionou os melhores jogadores possíveis para cada posição. Veja que qualquer semelhança com o que acontece nas empresas não é mera coincidência, pois nas organizações também devemos contratar a partir de um plano estratégico, desdobrado em metas e tarefas que nos dizem quais competências técnicas e comportamentais precisamos para realizar nossas atividades. Bom, pelo menos é assim que deveria ser nas empresas.

Outra lição importante do professor tem a ver com o planejamento de contingências. O famoso “plano B”. Ele conseguiu antever as fases mais críticas do plano, aquelas em que a possibilidade de algo dar errado era grande. Para cada uma dessas ocorrências, o professor tinha uma carta na manga, uma ação alternativa para contornar o erro e conseguir cumprir aquela fase do plano.

Também é interessante notar o quanto o professor induzia a polícia ao erro. Havia momentos em que o ele executava um movimento, um blefe, ou fazia uma provocação para distrair ou desestabilizar a polícia. Geralmente funcionava. Quem leu o livro “A Arte da Guerra”, escrito muito séculos atrás pelo general chinês Sun-Tzu, deve lembrar que tanto a questão do “plano B” como a questão de induzir o adversário ao erro são táticas que os melhores estrategistas utilizam há muito tempo.

Lembra que eu comentei que o professor falava que o seu casamento era com o plano, e que por isso tinha optado por ficar solteiro? Pois bem, a questão emocional era um tabu muito grande para ele. Dizia que relacionamentos afetivos eram prejudiciais porque o envolvimento emocional tira a concentração e o foco naquilo que as pessoas estavam lá para fazer. Bom, quem assiste a Casa de Papel sabe que ele mesmo foi um dos que descumpriu essa regra do envolvimento emocional…

O envolvimento emocional talvez tenha sido o maior erro do professor no curso das duas primeiras temporadas. O professor se apaixonou… Não que isso seja um problema. Muito pelo contrário: o amor é uma bênção e só traz coisas boas para as pessoas. O problema é por quem o professor se apaixonou. Essa paixão logo se transforma em namoro e acaba resultando na maior ameaça ao plano.

Ao se apaixonar justamente pela pessoa que está encarregada de prender toda a quadrilha, o professor descumpre uma das normas mais importantes que ele mesmo criou para a equipe. Além disso, a paixão e o namoro distraíram o professor. Ele correu muitos riscos e chegou a deixar a sua equipe sem o apoio que precisavam. Ao se apaixonar e viver o seu romance, quem diria, o próprio professor prejudicou o andamento do plano.

Ao se envolver amorosamente com o “inimigo”, o professor se expôs e perdeu o foco. E o foco talvez fosse a coisa mais importante para todos os membros da sua equipe – principalmente para o professor, que era o líder do grupo. A complexidade do plano e todas as variáveis envolvidas exigiam foco e atenção plena à execução do que foi planejado. Assim é na nossa vida profissional. Foco e concentração são elementos fundamentais para produzirmos bem.

Tem outro ponto que eu considero importante na liderança do professor. Não é um erro propriamente dito, mas é algo que ele teve dificuldades para fazer: a gestão de conflitos. Ao selecionar as pessoas da sua equipe por meio das suas competências técnicas, o professor deixou de lado as competências comportamentais das pessoas. Não é à toa, afinal de contas o professor é um cara extremamente racional, com um estilo de liderança racional. Esse estilo de liderança valoriza muito mais a competência técnica do que qualquer outra.

Só que os conflitos surgem justamente por conta das questões comportamentais. O perfil e os valores de cada pessoa e até a pressão do momento fazem com que os conflitos surjam. Tudo isso estava presente durante o assalto e os conflitos dentro da equipe são muito claros. Até ainda, tudo normal! Onde há pessoas interagindo, provavelmente haverá conflitos. O problema é que uma gestão de conflitos eficiente somente acontece quando tratamos as questões comportamentais, e não as técnicas. Ao longo dos episódios fica claro que os membros da equipe são instáveis emocionalmente e suas habilidades comportamentais deixam a desejar. O professor também tem dificuldades para fazer esse gerenciamento e o plano correu sérios riscos quando os conflitos se instalaram dentro da equipe e se tornaram questões pessoais.

Volto a dizer: qualquer semelhança com o que acontece dentro das nossas empresas não é mera coincidência…

Fala, galera do Coachitório Online.

Pode um grupo de assaltantes nos trazer lições importantes sobre liderança e planejamento? Podemos aprender com os seus erros e acertos? A resposta é “sim”. Se você assistir aos episódios de “A Casa de Papel” com um olhar de gestão de pessoas, liderança ou ainda tentando trazer cada cena para a realidade da sua carreira, verá que muita coisa faz sentido. Arrisco a dizer que cada um de nós já participou de equipes responsáveis por executar um planejamento estratégico complexo, ou de uma equipe que tinha conflitos ou ainda de uma equipe liderada por uma pessoa brilhante, mas com dificuldades no relacionamento interpessoal.

É por isso que dizem que a arte imita a vida.

Quem ainda não assistiu “A Casa de Papel”, fica o convite para assitir. Além de ser uma bela forma de entretenimento, essa séria pode também ser uma grande fonte de aprendizado.

Muito obrigado a você que nos acompanha semanalmente aqui no Coachitório Online. Quero dar as boas-vindas para quem está chegando agora. O nosso podcast semanal sobre pessoas, carreira e liderança está na quarta temporada e eu aproveito para te convidar a curtir todos os nossos episódios e temporadas pela sua plataforma favorita.

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