Transcrição do episódio "69 – Somos homens das cavernas"
Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.
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SOMOS HOMENS DAS CAVERNAS
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O tema de hoje é para cumprir uma promessa que eu fiz lá no episódio #62, quando falamos sobre a Caverna do Dragão. Você deve estar lembrado que nesse episódio nós falamos sobre o desenho, a Caverna do Dragão, mas também falamos de outras cavernas: falamos da caverna de Platão e da Jornada do Herói, que nos ensina que a caverna em que temos medo de entrar guarda o tesouro que tanto procuramos.
Eu prometi fazer mais um episódio falando sobre cavernas porque a caverna é uma metáfora muito poderosa para falarmos sobre o autoconhecimento. E é sobre isso que vamos falar hoje: a caverna mais profunda que existe, aquela que guarda nossos maiores tesouros e também a maior parte dos monstros dos quais temos medo. A caverna que há em nós mesmos.
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Imagine a seguinte situação: você está passeando com um grupo de amigos quando, de repente, vocês se deparam com uma caverna ou uma gruta. Lá perdida, no meio do nada, vocês encontram uma abertura, uma entrada. A escuridão te impede de olhar o que tem lá dentro e tudo o que você tem certeza é de que lá reside o desconhecido. É bem nesse momento que um dos amigos que te acompanham nessa caminhada diz para você: “- Duvido que você tem coragem de entrar nessa caverna!” Sempre tem um amigo assim, né?
Vamos falar a verdade: a gente tem medo de entrar. Pode até ser que você encare o desafio, muito mais por conta da provocação do seu amigo do que pela vontade própria, porque se você estivesse sozinho ou não fosse desafiado, provavelmente deixaria de entrar na caverna. Eu sei que eu deixaria de entrar…
Então, a gente tem medo de entrar na caverna. E não é por causa da caverna em si. É porque a gente não consegue ver o que há lá dentro. A caverna guarda a escuridão e a escuridão guarda o desconhecido. É do desconhecido que temos medo, não da caverna. É bem isso que retrata a frase da Jornada do Herói, escrita por Joseph Campbell: na caverna que você tem medo de entrar está o tesouro que você tanto procura.
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Claro que é uma metáfora. Não estou me referindo a uma caverna física, literal, que a gente encontra no meio da mata ou em uma pedreira. Estou me referindo à caverna que nos acompanha diariamente e na qual temos medo de entrar ou sequer consideramos a hipótese de que é possível visitá-la. Estou me referindo ao nosso interior e ao medo que muita gente tem de olhar para dentro de si mesmo.
Por incrível que pareça, temos medo de olhar para dentro de nós mesmos. Eu sei que o medo é inerente ao ser humano. É um item de série, um sentimento que, como uma moeda, tem duas faces. Há o aspecto positivo, que ocorre quando o medo nos deixa alerta para determinadas situações. Tem a ver com a nossa preservação, com o sentimento de guarda que muitas vezes temos conosco. E há o aspecto negativo, que acontece quando o medo nos paralisa e nos deixa prostrados diante das dificuldades que surgem. Esse medo negativo que nos impede de entrar na nossa própria caverna.
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Na jornada do herói, que eu comentei há pouco, Joseph Campbell relata os heróis têm grandes desafios, erros, decepções, medos e derrotas. Mas alerta também que, no final das contas, a perseverança e a confiança em si mesmo fazem com que a gente vença os monstros que encontramos em nossa jornada. A jornada do herói é a nossa jornada, aquela que lembra que somos heróis em nossas próprias vidas.
O medo é o maior obstáculo na vida do herói, pois na maioria das vezes é o medo que nos impossibilita de seguirmos adiante com nossos sonhos e projetos. É o medo que nos faz questionar nossa capacidade de realização e, muitas vezes, acaba servindo como justificativa para adiarmos ou desistirmos daquilo que buscamos. Quando Joseph Campbell fala da caverna que temos medo de entrar, está se referindo aos desafios que preferimos não enfrentar por conta do medo do desconhecido, que está escondido dentro da nossa caverna. Esse medo faz com que a gente desista dos sonhos e dos objetivos sem sequer tentar olhar para dentro de nós.
Acontece que o tesouro que procuramos – que são os nossos sonhos – estão escondidos nesta caverna, e o medo é a única coisa que nos separa dos nossos tesouros.
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Mas tem gente que decide entrar na sua caverna e enfrentar tudo aquilo que a amedronta. Quando faz isso, a pessoa acaba descobrindo que os grandes monstros com os quais teve que batalhar ao longo de sua jornada não estão no mundo exterior, mas dentro de si mesmo. A superação principal acontece de dentro para fora. É no nosso interior que encontramos as forças necessárias para lidarmos com as coisas que estão no mundo exterior.
Apesar dessa forma de pensar se parecer muito com a autoajuda ou aquelas mensagens motivacionais que a gente encontra diariamente nas redes sociais, a verdade por trás dessa forma de pensar é muito antiga. Filósofos muito antigos já avisavam que aquilo que está fora de nós é apenas um reflexo do que está dentro de nós. Em tempos mais “modernos” vários alquimistas se dedicavam a encontrar a pedra filosofal, que teria o poder de transformar qualquer metal em ouro.
Claro que isso também é uma metáfora, afinal de contas o metal bruto que deveria ser transformado em algo nobre era o próprio ser humano. Ou seja, a pedra filosofal nada mais era do que o conhecimento de si mesmo e a consciência das nossas forças e potenciais. Essa consciência nos permite a nossa grande transformação. Isso me lembra de outra frase, amplamente utilizada pelos alquimistas e filósofos da época: visite o teu interior, encontre a si mesmo e te purifique. Assim, encontrarás a essência da alma humana. Essa frase simboliza a eterna busca do ser humano para melhorar a si mesmo e a Sociedade em geral.
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No entanto, por maior que seja o nível de esclarecimento que a humanidade apresenta, parece que em pleno século 21 as pessoas têm cada vez mais medo de entrar em sua própria caverna, de descobrir a si mesmas. Tem situações ainda mais graves: há pessoas que não sabem onde está a entrada para a sua própria caverna, pois passam tanto tempo olhando para fora, para o entorno, para as questões materiais que as rodeiam que acabam se perdendo em sua caminhada e não conseguem encontrar o caminho de volta para si mesmas. E antes que você pense que eu estou usando outra metáfora, já vou logo avisando: não se trata de uma metáfora. Muita gente está perdida de si mesma.
É como se saíssemos de casa e não conseguíssemos encontrar o caminho de volta. E quando as pessoas me perguntam porque isso acontece, a única resposta que vem à minha cabeça – ou melhor, a resposta que faz mais sentido – é que as pessoas se perderam de si mesmas porque se perderam de seus valores. As pessoas que perdem o caminho da sua própria caverna são aquelas que negligenciam ou abandonam os seus valores. Vale lembrar que os valores são aqueles princípios baseados nos conceitos morais e éticos que definem a forma como nos relacionamos com as pessoas. Os valores formam a base dos relacionamentos sociais e funcionam como uma espécie de guia para as nossas decisões.
Perceba, então, que quando perdemos o caminho da nossa caverna, ou seja, quando abrimos mão de nossos valores, estamos também deturpando a forma como nos relacionamos com as pessoas e os princípios que guiam a nossa tomada de decisões. Não é à toa que, nos dias de hoje, as pessoas procuram tanto pelo seu propósito. E quando eu encontro alguém que está nessa busca, eu sempre lembro que antes de mais nada nós devemos saber quais são os nossos valores.
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Estamos numa era em que muitas pessoas perderam o rumo da caverna que habita em si mesmas. Mas também estamos numa era em que as pessoas estão se tornando mais conscientes disso. É por isso que essa sensação de estar perdido incomoda tanta gente, o que faz com que as pessoas questionem a sua carreira e o seu propósito. Ter consciência de algo te incomoda e que algo precisa ser feito é o primeiro passo para voltar a encontrar a si mesmo. É o primeiro passo para a saída da zona de conforto, bem como nós falamos lá no episódio #61.
Tem muita gente procurando o caminho de volta. É cada vez maior o número de pessoas adotando práticas de meditação, yoga e várias outras terapias holísticas. O número de pessoas buscando a si mesmas por meio da religião também aumenta. Fico feliz com tudo isso, porque eu acredito muito que um mundo melhor somente pode ser feito quando conseguimos mudar e melhorar a nós mesmos. Nenhuma mudança exterior ocorre sem que existam mudanças em nosso interior. Mahatma Gandhi já nos ensinava que deveríamos ser a mudança que desejamos para o mundo. Acho que o caminho está claro, a estrada está pavimentada e tudo o que precisamos fazer é começar a jornada.
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Fala, galera do Coachitório Online.
Nós somos homens das cavernas. Na pré-história, é sabido que a humanidade viveu muito tempo em cavernas. Foi nas cavernas que os nossos antepassados deixaram registros da sua história e do seu dia-a-dia impressas nas paredes. As cavernas lhes davam abrigo do calor, do frio, da chuva e dos predadores. Houve uma época em que a humanidade não tinha medo de cavernas.
Ainda somos homens das cavernas, porque tem uma que estará sempre conosco: a caverna que está do lado de dentro de cada um. É lá que está o tesouro, porque é lá que estão as riquezas que desejamos e as que mais importam. Por isso que precisamos entrar nessa caverna – em nós mesmos – para que possamos conhecer melhor a nós mesmos para podermos levar para o mundo exterior todo o nosso potencial.
Por isso eu te convido a dar olhada no site da Ponte ao Futuro para descobrir a jornada do autoconhecimento. O conhecimento de si mesmo é o primeiro passo para encontrarmos o nosso tesouro.
Muito obrigado a você que nos acompanha semanalmente aqui no Coachitório Online. Quero dar as boas-vindas para quem está chegando agora. O nosso podcast semanal sobre pessoas, carreira e liderança está na terceira temporada e eu aproveito para te convidar a curtir todos os nossos episódios e temporadas pela sua plataforma favorita.
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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!
