• 6ª Temporada
  • Temas Relevantes para Carreiras Importantes

  • Nossa missão é compartilhar conteúdos que influenciam positivamente as pessoas. Para isso é fundamental estarmos atualizados e termos à disposição informações e conhecimento que ajudem você. Esse ponto foi determinante para elegermos o tema da 6ª Temporada do Coachitório Online.Nesta nova temporada, traremos notícias, informações e fatos atualizados sobre pessoas, carreira e liderança. E mais do que isso, comentaremos cada assunto com o objetivo de mostrar como as informações abordadas podem alavancar a sua vida pessoal e profissional!

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165 – Por que somos demitidos?

Ciclos começam e terminam e é natural pensar que o mesmo se aplica às nossas carreiras. O mais interessante é perceber que muitos líderes sentem uma dificuldade enorme de fazer o desligamento de uma pessoa, pelo simples fato de que não existe um processo demissional. Isso mesmo: assim como existe um processo seletivo, é importante que também exista um processo demissional nas empresas! O processo demissional envolve todos os feedbacks que uma pessoa recebe, que o alertam para a possibilidade de um futuro desligamento.

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Transcrição do episódio "165 – Por que somos demitidos?"

Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.

POR QUE SOMOS DEMITIDOS?

Ciclos começam e terminam. Assim é a natureza! Portanto, é natural pensar que o mesmo se aplica às nossas carreiras. Ao longo de uma vida profissional, várias são as portas que se fecham e que se abrem diante das pessoas. O fato é que algumas dessas portas não são fechadas por nós. É o que acontece quando somos desligados, quando perdemos o emprego. A demissão é o momento em que um ciclo se encerra, não por nossa vontade, mas sim pela vontade de outra pessoa.

Faz parte. Contratar e demitir é direito do empregador, assim como é direito do empregado pedir emprego e pedir demissão. Se tudo for feito dentro dos nossos princípios e leis, não há o que criticar. Ainda assim, apesar de saber que é algo comum na vida profissional e de que há aspectos legais que protegem empresa e empregado nessas situações, a demissão é um assunto delicado. Sabe por quê? Porque a gente não sabe fazer direito. E também porque os motivos que levam ao desligamento são cada vez mais sensíveis.

Na maior parte das empresas em que eu trabalho com consultoria, a demissão gera muito mais desconforto para o empregador do que para aquele que está sendo desligado. Aliás, deixa eu melhorar essa frase. Não é o processo de demissão que causa desconforto, mas sim o ato derradeiro. É o momento de comunicar a demissão ao empregado que causa um verdadeiro “piriri” em muitos líderes e isso acontece justamente porque a maioria das empresas não têm um processo de desligamento. Sim, é isso mesmo que você ouviu: as empresas não têm um processo demissional estruturado e isso faz com que o desligamento de um colaborador se resuma aquele delicado momento em que avisamos para a pessoa que ela está sendo demitida.

Quando a gente contrata uma pessoa, abrimos a vaga, recebemos currículos, fazemos entrevistas e testes e elegemos o candidato mais adequado para a vaga. A papelada é feita, o colaborador é recebido na empresa, passa pela integração, é treinado e, com um pouco de esforço das partes envolvidas, ele passa na experiência e segue trabalhando na empresa. É assim que ocorre (ou deveria ocorrer) nas empresas quando se trata de uma contratação. E quem me conhece sabe que eu sou crítico com relação aos processos seletivos e vivo dizendo que esses processos precisam ser revistos. Aliás, não só vivo dizendo isso, mas vivo propondo e fazendo formas alternativas de se fazer um processo seletivo.

Por causa disso que eu sempre defendi que o desligamento de um colaborador deve ser tratado de forma processual, assim como ocorre quando a gente contrata alguém. Guardadas as devidas proporções, também existe um passo-a-passo para garantir que o desligamento de uma pessoa seja feito com cuidado. E estou falando do momento do aviso do desligamento, da concessão de aviso prévio, dos exames demissionais e da homologação da rescisão do contrato. Mas estou falando também em deixar claro para o colaborador os motivos que o estão levando ao desligamento. E é nessas horas que o caldo entorna.

Lembra que eu comentei que muitos líderes têm um “piriri” quando precisam desligar alguém? Isso acontece porque demitir alguém é notícia ruim, e não sabemos dar notícias ruins. Em média, somos levados pela emoção e nos sentimos muito mal ao desligar alguém. Não tratamos o aviso de desligamento como deveria ser: com profissionalismo e educação. Mas em grande parte isso acontece porque muitos colaboradores são pegos de surpresa quando são avisados do seu desligamento, pois a empresa falhou em dar feedbacks, puxões de orelha ou até as punições previstas em lei para alertar o colaborador de que alguma coisa está errada e que o seu comportamento irá levá-lo à demissão.

É comum que alguns colaboradores digam que não imaginavam que estavam na berlinda, que a demissão foi uma surpresa. Há aqueles que ficam brabos e tristes. Há também, claro, aqueles que se fazem de desentendidos, mas isso é outra história. O fato é que muitas vezes erramos por não dizer ao colaborador que seus comportamentos estão sendo inadequados e que irão resultar no seu desligamento. Ao não falarmos isso, estamos privando o profissional de uma oportunidade de melhorar.

Bom, esse é o momento em que muitos que ouvem esse podcast concordam com tudo o que foi dito. Mas também é o momento em que muitos dizem que os tempos são outros e que falar é fácil e que o difícil é fazer. Sei como é, até porque eu escuto isso com bastante frequência. Em geral, esse tipo de comentário surge quando as pessoas são desafiadas a saírem de suas zonas de conforto. Ou quando preferem colocar a culpa na rotatividade, na falta de tempo e na cobrança do dia-a-dia. Mas o fato é que não saber demitir não é algo dos dias de hoje. Sempre ignoramos a importância do processo demissional. O problema é que nos dias atuais esse assunto tem se tornado cada vez mais importante.

Digo isso porque as empresas contratam e demitem todos os dias, em um ciclo vicioso que dificilmente se interrompe. Poucas são as empresas que olham para esse movimento e se perguntam o que está acontecendo. E, graças à internet, as informações que nos ajudam a entender o que está acontecendo estão somente a um clique de distância. Lembra que eu comentei que é justo que os colaboradores sejam alertados sobre os comportamentos inadequados que eventualmente vão resultar na sua demissão? Pois é, a palavra chave é, realmente, o comportamento. Pesquisa realizada pelas consultorias The School of Life e Robert Half acabaram reforçando algo que já sabíamos: comportamento é o que mais pesa na hora da demissão.

A pesquisa, divulgada no Brasil pelo site de Economia do portal G1, mostra que 60% dos líderes já demitiram alguém porque a pessoa estava apresentando um comportamento inadequado. Além disso, quando questionados se já trabalharam com alguma pessoa emocionalmente desafiadora (com perfil manipulador, humor instável ou com algum nível de agressividade), 93,58% dos líderes responderam que sim. Ao explicar esses dados, a diretora de recrutamento da consultoria Robert Half comenta que hoje em dia esse percentual é alto porque as competências comportamentais estão ganhando uma relevância cada vez maior dentro dos processos seletivos. Em outras palavras, aquela máxima de que “contratamos pelo perfil técnico e demitimos pelo comportamento” nunca foi tão verdadeira.

Outra matéria, desta vez publicada na revista Você RH, reforça o que foi apresentado pela pesquisa das consultorias americanas, afirmando que as questões comportamentais são as que mais pesam na hora da demissão. A matéria ressalta que há casos em que desligamentos são feitos por questões financeiras, por conta de crises de mercado, reestruturações, falência, etc. – aliás, a gente viu muito isso durante a pandemia. A matéria também avisa que há questões ligadas à competência técnica e à não entrega de resultados que também pesam na hora do desligamento. Mas reforça que as questões comportamentais são as mais presentes nas demissões que ocorrem nos dias atuais.

Só que tem o outro lado da moeda. A pesquisa da The School of Life e da Robert Half também mostrou que 47% dos liderados já pediram demissão motivados pelo mau relacionamento com um líder ou com um membro da equipe. E 74% disseram que o que mais admiram em um líder é o seu comportamento. Perceba que está claro que a questão comportamental não é obrigação somente do liderado, mas sim do líder. Aliás, arrisco a dizer que as questões comportamentais devem ser tratadas prioritariamente pelo líder, afinal de contas, o exemplo vem de cima.

É por isso que proliferam os trabalhos voltados ao desenvolvimento comportamental dos líderes e das equipes, pois a estatística mostra que se a gente não cuidar do comportamento, não tem política de benefícios, cargos e salários, tobogã, sala de descompressão ou mesa de pebolim que vão segurar os colaboradores. As pessoas simplesmente não querem mais ficar em ambientes onde a tônica é o mal relacionamento e falta de harmonia no ambiente de trabalho. Ninguém quer mais isso, nem os colaboradores e nem as empresas.

Fala, galera do Coachitório Online. 

Ao falar desse assunto, eu lembro de uma frase da qual eu gosto muito. No começo dos anos 1980, o alemão Peter Schutz disse que sua filosofia de trabalho consistia em contratar pelo caráter e treinar as habilidades. Na época ele presidia a Porsche, a tão prestigiada montadora de automóveis, e essa frase é emblemática porque em poucas palavras ela nos ensina que a parte técnica nós conseguimos ensinar e que por isso é importante darmos mais atenção às questões comportamentais nos processos seletivos.

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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!