Ganhar na loteria é o sonho de muita gente. Na verdade, para muita gente ganhar na loteria é mais do que um simples um sonho. É um objetivo, uma forma de escapar das dificuldades que a vida proporciona (ou que a própria pessoa causa para si, mas isso é assunto para outra conversa).

As pessoas obstinadas em ganhar na loteria apostam com frequência, estudam o jogo e ficam na expectativa de serem premiadas a cada rodada que passa. Alguns ganham, mas o ganho é pouco. Os que ganham muito e se tornam milionários representam uma parcela ínfima da população. Mesmo sabendo disso, os apostadores semanais estão lá renovando as suas esperanças, contando com a sorte. 

Há também os apostadores eventuais, aqueles que jogam somente quando o prêmio acumula ou quando lembram. Estes apostadores representam a maior parte da população e o mais incrível é que, estatisticamente, a aposta feita por um jogador eventual tem a mesma probabilidade de ganhar do que a aposta feita por aquele que joga com frequência.

A matemática e a estatística estão aí para provar. Ganhar na loteria não é uma questão de sorte, mas sim de probabilidade estatística. É claro que quanto mais jogamos, maiores são nossas chances de ganhar.

Uso essa analogia para dizer que sorte não existe. Ou melhor, deixa eu reescrever. Para mim, a sorte existe, mas ela é seletiva.

É claro que não estou mais falando da loteria, mas sim de vários aspectos da vida, para os quais dizemos que o sucesso de alguém é fruto da sorte e o insucesso é obra do azar.

Eu prefiro não acreditar que as coisas não são simples obras do acaso, da sorte ou do azar. Para mim, acreditar nisso significaria simplificar ou diminuir muito o esforço ou a dedicação daquele que batalhou e perseverou para chegar onde chegou. Da mesma forma, penso que acreditar que o infortúnio ou o fracasso seja obra do azar é ignorar a falta de dedicação e perseverança que seriam necessárias para sermos bem-sucedidos.

Não consigo pensar em sorte ou azar como simples obra do acaso, mas sim como algo que é construído por meio dos nossos pensamentos, palavras e atitudes.

Ainda assim é difícil falar sobre esse tema, porque os apostadores de plantão estão sempre prontos para dizer que “para fulano de tal tudo sempre dá certo” ou que “para fulano de tal tudo dá sempre errado”. O pior é que há casos em que isso é verdade, ou seja, há pessoas afortunadas, para quem as coisas sempre dão certo e há aquelas para quem parece que tudo dá sempre errado.

Mas se olharmos esses casos bem de perto, veremos que essa ideia de que tudo sempre dá certo ou errado é uma ilusão. 

Conheço pessoas cuja vida e carreira eu admiro muito. São pessoas que entram na categoria daquelas para quem as coisas dão certo. Não são poucas. Mas o fato de eu as conhecê-las bem me permite dizer que muita coisa deu certo, mas não tudo. Houve falhas e tropeços em sua jornada.

O mesmo acontece com pessoas para quem tudo parece que dá errado. Também não são poucas pessoas assim que eu conheço e o fato de eu as conhecê-las me permite dizer que nem tudo dá errado e que os infortúnios não são frutos do azar.

Perceba que, no fim das contas, as pessoas “sortudas” são aquelas que escolhem focar no que podem fazer para que as coisas deem certo e as pessoas “azaradas” são aqueles que preferem ver o copo meio vazio.

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