No texto anterior, comentei que dados do CAGED1 (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) trazem um alerta a respeito da rotatividade, e também dos principais motivos pelos quais as pessoas têm pedido a demissão no Brasil.

E ressalto que, esses indicativos são um alerta, pois estamos destoando do restante do mundo. O Brasil é o país com a mais alta taxa de rotatividade e, além disso, também é o país em que as pessoas mais pedem demissão no mundo, considerando a proporção entre demissões e pedidos de demissão. Alguma coisa não está cheirando bem e devo dizer:

Os dados do CAGED apontam que algo no mercado de trabalho brasileiro está errado faz tempo!

Mas, eu devo dizer, a responsabilidade por sermos campões mundiais de rotatividade e pedidos de demissão deve ser compartilhada. Antes de pensarmos em colocar a responsabilidade somente sobre as empresas, devemos lembrar que, assim como várias coisas na vida, há várias causas para um único efeito.

Para mim, é incorreto dizer que as empresas são as únicas ou as maiores responsáveis pelo que está acontecendo. É preciso que cada um olhe para si e veja o quanto está contribuindo para o que está acontecendo.

Parte desta responsabilidade é do próprio governo.

Ao promover leis trabalhistas que mais dão direitos do que deveres às pessoas, estamos criando, ao longo das últimas décadas, uma relação desafiadora entre a sociedade e o mercado de trabalho. Muitas pessoas veem as empresas como um local de onde tirarão benefícios, onde pouco irão procurar evoluir profissionalmente e contribuir para o crescimento da própria empresa.

  • Seguro-desemprego;
  • Multa astronômica sobre fundo de garantia;
  • Exigência por benefícios;
  • Atestados médicos brotando para todo e qualquer motivo…

Infelizmente, são alguns motivos que fazem com que muita gente veja o trabalho somente como algo de onde tirarão o sustento, sem precisar trabalhar.

Isso sem falar nos elevadíssimos encargos trabalhistas sobre as empresas!

As áreas de Recursos Humanos ou Gestão de Pessoas também são responsáveis por isso. Ainda é precária a atuação destas áreas nas empresas, sendo que, na maioria delas, a área de RH atua somente como um departamento de pessoal.

É fácil encontrar profissionais mal formados, mal treinados e desmotivados nas áreas de RH. É fácil encontrar pessoas que muito reclamam, mas pouco sabem o que fazer para atuar e contribuir de forma estratégica para a organização. Isso se deve ao fato de que falta estudo e falta entender o negócio em que a empresa atua. Para muitos profissionais de RH falta enxergar o seu trabalho e a empresa sob a ótica do resultado e como podem contribuir para ele.

Os líderes também podem e devem atuar de forma diferenciada!

É bem verdade que o papel da liderança tem mudado bastante e proliferam os cursos e treinamentos, já é abundante o conhecimento sobre a importância do lado comportamental da liderança. Mas, também é preciso que os líderes estudem e que desenvolvam cada vez mais suas competências comportamentais para lidar com as pessoas e consigo próprios. Sempre digo:

O líder é o primeiro gestor de pessoas que um colaborador encontra na empresa e, isso faz com que, o líder seja a pessoa que pode estimular o colaborador a ficar ou determinar que ele deixe a empresa.

Precisamos evoluir muito e creio que estamos no caminho, mas cada uma das partes responsáveis precisa se desenvolver mais!

E se tem alguém que está ficando para trás nesta história é o governo, cuja inação no que diz respeito à reforma trabalhista e previdenciária, lamentavelmente, faz com que uma parte esteja andando para frente e a outra para trás.

1 Disponível em https://acesso.mte.gov.br/portal-pdet/o-pdet/registros-administrativos/caged/

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