Toda ação que empreendemos tem um propósito. Todo trabalho e todo esforço tem um objetivo, pois tudo o que fazemos na esfera pessoal e profissional deve ter um sentido, que é o que vai efetivamente disparar nossa vontade de arregaçar as mangas e realizar algo. Esse objetivo deve estar claro no campo de visão de todos, porque do contrário nada do que empreendermos fará sentido. E quando a tarefa não tem sentido, a ação não tem sentido e tudo vira um sacrifício.

A partir disso torna-se possível entender mais facilmente o que é a motivação. Motivação é o conjunto de razões que temos para agirmos em direção a um determinado objetivo. Pessoas motivadas agem movidas por um propósito e sabem muito bem que suas ações fazem muito sentido diante do objetivo a ser alcançado.

Também é comum afirmar que a motivação é algo que vem de dentro. Essa afirmação é verdadeira. Em partes, pois estímulos externos podem até levar a pessoa a agir, mas talvez não irão gerar motivação nela porque os estímulos – os “motivos” – apresentados não fazem sentido para ela. Esse é o momento em que o que fará diferença para gerar a motivação é a conexão que a pessoa fará entre os argumentos apresentados e seus propósitos e conjunto de valores. Explicando de outra forma, não basta que as argumentações que lançamos no intuito de convencer uma pessoa a realizar algo sejam as mais convincentes possíveis. Essas argumentações precisam fazer sentido para as pessoas para quem as apresentamos, pois do contrário o que nos motiva não irá se conectar com o que irá motivar as outras pessoas.

É verdade que sempre há pessoas dispostas a colaborar em todo e qualquer desafio, sem precisar de argumentos para vestirem a camisa e se dedicarem ao trabalho. São as pessoas que sempre estarão do lado da empresa, da equipe ou do líder. No entanto, em função de tudo que se observa em termos de tecnologia e no fato de que as relações de trabalho têm mudado significativamente ao longo dos anos, é cada vez mais difícil encontrar pessoas que preencham esse perfil.

Diante dessa complexa relação – na qual de um lado estão as coisas que precisam ser feitas e de outro lado a necessidade de engajarmos as pessoas para tal – surge a necessidade de conhecermos bem cada pessoa para que possamos reconhecer nelas os fatores que provocarão essa conexão de propósitos a fim de que elas se sintam motivadas a agir. Há também a necessidade de utilizarmos a forma e o conteúdo adequados para despertar esse engajamento.

No que diz respeito a conhecer as pessoas, talvez essa seja a missão mais fácil, porém a mais complexa para as lideranças. Para conhecermos as pessoas, basta estarmos abertos à comunicação e atentos aos sinais que elas constantemente transmitem. As pessoas se comunicam o tempo todo e à medida que desenvolvermos a capacidade de observar esses padrões, passamos a conhecer melhor as pessoas. Há também os testes de avaliação de perfil comportamental, mas penso que nada substitui a interação entre as pessoas como a melhor forma de as conhecermos.

Outro desafio é utilizar a forma e o conteúdo adequados para fazer com que nossos propósitos se conectem com os propósitos das outras pessoas. A conexão de propósitos se dá numa esfera muito mais emocional do que racional, ou seja, se quisermos engajar as pessoas somente com argumentos que seguem na linha da “meta tem que ser batida” ou “o pedido precisa ser entregue” ou ainda “porque são ordens superiores”, estaremos somente levando a comunicação para o lado racional da conversa. Pode até ser que algumas pessoas entendam que esse conteúdo é suficiente, mas a maioria não vai se encantar com a mensagem.

É necessário, então, trabalhar a forma como essa comunicação se processa no sentido de fazer com que ela fale ao coração das pessoas. Isso se consegue por meio de uma abordagem mais emocional na comunicação, que irá lidar com aspectos como a criatividade, a intuição e, principalmente, a empatia. E é por meio da empatia que a pessoa será provocada a se colocar no lugar da outra pessoa – seja ela o líder, o colega de equipe ou mesmo a organização – pois ela entenderá mais facilmente as dificuldades e a importância de sua dedicação ao propósito.

Essa atitude fará muita diferença, pois agir motivado por um propósito é bem diferente de agir sem saber qual é o sentido do que estamos fazendo. Quando agimos motivados por um propósito a produtividade e os resultados obtidos serão bem melhores. E quando o resultado for alcançado, a equipe saberá que teve sucesso na conquista, que deverá ser comemorada.

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