O fio de Ariadne

Você já reparou que há certas pessoas com quem a gente aprende muito, em cada contato e cada conversa? Eu tenho a felicidade de conhecer pessoas assim, com quem sempre tenho momentos de enorme aprendizado.

Há alguns dias, estava tomando um café com uma pessoa por quem tenho um grande respeito e admiração. Falávamos sobre métodos de pesquisa (veja só!) e a nossa conversa era sobre a importância de encontrar o método adequado para cada pesquisa que desejamos fazer.

Concordamos que o método é o caminho, o fio condutor que nos levará ao objetivo da pesquisa.

E ao falar em fio condutor, logo veio à minha mente a lenda de Minotauro. Diz a lenda que Minotauro era metade homem, metade touro, que foi condenado a viver em um labirinto. E em cada ano, sete homens e sete mulheres eram enviados para assassinar o monstro mítico, mas todos sempre fracassavam! Ou porque eram devorados pelo Minotauro ou porque se perdiam no complexo labirinto em cujo centro ele vivia.

Após vários anos e vítimas, um herói grego chamado Teseu decidiu assumir a missão de aniquilar o Minotauro. No entanto, antes de partir em sua missão, Teseu recebeu de sua amada princesa Ariadne um novelo de lã, o qual deveria desenrolar na medida que entrasse no labirinto para encontrar o caminho de volta para a saída após matar a fera. E assim aconteceu!

A lenda, contada de forma resumida nos parágrafos acima, nos mostra o quanto o conhecimento antigo serve de inspiração para resolvermos problemas atuais.

Ainda que, provavelmente, essa lenda não tenha sido criada para que a usássemos para resolver problemas de metodologia ou lógica, é impossível ignorar a semelhança entre a história do fio de Ariadne e os desafios que enfrentamos no dia-a-dia. Isso me faz lembrar de um ditado ou expressão popular que nos ensina que:

Não precisamos reinventar a roda.

Embora a gente saiba que não precisamos reinventá-la, parece que há pessoas que não conseguem encontrar as soluções existentes para os desafios que enfrentam. O fio de Ariadne nos ensina que:

• É provável que problemas semelhantes aos que enfrentamos já fizeram parte da vida pessoal ou profissional de outras pessoas, e que a solução encontrada por eles talvez faça sentido para nó;
• A lenda grega também nos ensina que sempre há um caminho mais lógico e mais seguro que nos levará até o nosso objetivo.

Em termos científicos, o fio de Ariadne é representado pelos procedimentos e ferramentas que utilizamos para fazer pesquisas. O rigor é tão grande que a pesquisa somente terá validade se os métodos e procedimentos adequados para a pesquisa em questão forem seguidos. Em termos simbólicos, significa dizer que basta seguir o mesmo fio de Ariadne que Teseu seguiu para encontrar o Minotauro.

Na nossa vida cotidiana, significa dizer que devemos aprender a recorrer aqueles que têm mais experiência e conhecimento, pois eles podem estender o fio de Ariadne para nós. Para tanto, devemos ter humildade de reconhecer que precisamos de ajuda e que devemos pedi-la. Devemos ter a humildade de aprender com quem tem a nos ensinar e de passar adiante o que sabemos.

Se a vida parece tão complexa quanto o labirinto de Minotauro, lembre-se que as soluções mais simples provavelmente serão as mais eficientes.