Certa vez, numa empresa em que trabalhei, ouvi uma história que: num belo dia, o dono da empresa estava a caminhar pela área de produção, quando viu que tinha muita coisa desorganizada. Então, chamou algumas pessoas e pediu para elas ajudarem a arrumar aquela desorganização, só que uma delas retrucou, dizendo:

“- Não sou pago para fazer limpeza! Sou pago para fazer a manutenção das máquinas!”

Diz a história que, ao ouvir isso, o dono da empresa respondeu:

“- Não tem problema! Hoje, quando você for para casa, pense no seu trabalho e certifique-se então de que você está fazendo bem aquilo pelo qual você é pago!”

Creio que a resposta do dono da empresa trazia embutida em si a certeza que ele tinha de que o trabalho pelo qual aquele funcionário era pago estava sendo feito com má vontade ou negligência, com pouco ou nenhum desejo de colaborar com os demais.

Esse caso ocorreu há bastante tempo, mas o mantra do “não sou pago para isso” ainda se faz muito presente nas empresas. Essa frase também vem muito acompanhada do “isso não é comigo” e do “isso foi feito por outra pessoa” ou do “não é minha culpa”.

Essas são evidências de que, muitas vezes, apresentamos traços de comportamento que nos levam a rejeitar tudo aquilo que não nos diz respeito, especialmente os problemas. Assim, tendemos a não ajudar a resolver os problemas alheios, o que mostra uma face pouco colaborativa e um espírito de equipe muito mal desenvolvido.

Porém, tem sido cada vez mais difícil manter-se competitivo no mercado de trabalho. A atual situação do mercado de trabalho, na qual sobram vagas e faltam pessoas, traz a ilusão de que podemos fazer as coisas de qualquer jeito. De que podemos ser pouco colaborativos e que, se o líder não quiser desse jeito, é só mandar embora porque encontramos emprego facilmente em outro lugar.

Infelizmente, tem muita gente pensando assim

Mas, estas pessoas se enganam ao pensar que as empresas são tolerantes para todo e qualquer tipo de comportamento. Cada vez mais as empresas valorizam a letra “A” do diagrama do CHA (Conhecimentos, Habilidades e Atitudes).

A atitude consiste justamente em mostrar pró-atividade e vontade de fazer bem aquilo para o qual a pessoa é paga, mas, principalmente, em colaborar e ajudar com quaisquer atividades que precisam ser feitas. Isso faz com que a gente aprenda coisas novas e se mostre pronto para as oportunidades que surgirem.

É cada vez mais ilusório pensarmos que as empresas terão pessoas específicas, para realizar cada uma das atividades que fazem parte da lista de tudo o que precisa ser feito, para a organização se manter competitiva e saudável. Isso quer dizer que, hoje em dia, precisamos fazer atividades do tipo “não sou pago para isso!”.

E é justamente a pessoa colaborativa que será lembrada e valorizada quando a oportunidade surgir

Para entendermos mais facilmente a importância de fazer aquilo pelo qual não somos pagos, basta perguntar para pessoas bem-sucedidas, que descobriremos quantas coisas essas pessoas acabaram fazendo sem terem sido pagas por elas. Mas, com certeza elas fizeram com a finalidade de aprender, para ajudar ou porque sabiam que era a coisa certa a ser feita, sem se preocupar se eram pagos por aquilo ou não.

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