Ficar entre a cruz e a espada é uma expressão muito comum na língua portuguesa. Em linhas gerais, significa o ato de ficar indeciso entre duas opções que, num primeiro momento, são concorrentes e não podem ser conciliadas.

A sabedoria comum diz que ficar entre a cruz e a espada significaria ter que optar entre algo bom (cruz) e algo ruim (espada).

Essa expressão é muito antiga e uma das interpretações nos ensina que ficar entre a cruz e a espada significa ter que optar por uma solução pacífica (cruz – que remete à fé e ao bem) ou uma solução baseada na força e imposição (espada – que remete ao poderio militar).

Eu sempre acho que há um meio-termo. Honestamente, acredito que nem sempre devemos polarizar toda e qualquer discussão, escolha ou situação.

A pandemia que está aí é um exemplo. Ainda que saibamos da importância de manter o isolamento social sempre que possível, é difícil ficar em confinamento por tanto tempo. Não só pelo isolamento em si, mas sim por conta do impacto gigantesco que a Economia mundial sofre por conta disso. O vírus tem sido letal para uma parcela da população, mas a crise econômica vai impactar a todos, sem dúvida alguma. O vírus da recessão vai bater na porta de todas as casas.

Mas, eu também acho que não podemos, simplesmente, “liberar geral”, pois o fato é que precisamos ser mais precavidos no que diz respeito à saúde.

A gente ignora regras básicas de higiene e convívio e isso é muito prejudicial para a saúde. Não lavamos as mãos ou limpamos nossos ambientes como deveríamos. Não tratamos o lixo de forma adequada e, pior ainda, jogamos de tudo pela janela dos nossos carros, em qualquer rio, ribeirão ou terreno abandonado que surge diante de nós.

Há pessoas que estão optando por não tomar algumas vacinas que são obrigatórias e, pior ainda, optando por não dar as vacinas obrigatórias para os seus filhos, porque acreditam que elas geram doenças. Mas estão com medo do Coronavírus…

Claro, não estou generalizando. Mas, para ser bem honesto, às vezes dá a impressão que a humanidade está contando muito com a sorte para sobreviver diante de algumas doenças.

É por isso que eu digo que o problema não é tanto o vírus. É o nosso comportamento.

O que me resta é colocar tudo isso na balança, para tentar encontrar um meio-termo. Não concordo com o isolamento social e fechamento de atividades econômicas. Mas, também sou a favor de uma campanha educativa em massa para que a gente se reinvente e aprenda lições importantes de convívio social e, por que não dizer, de higiene e saúde pública.

Eu me preocupo muito com esse vírus, mas eu me preocupo muito mais com o desemprego, a fome, a criminalidade e as outras mazelas que sairão de controle se a situação atual continuar por mais tempo.

Teremos que aprender a conviver com isso tudo, porque o vírus não vai embora. Uma vez entre nós, o vírus estará sempre circulando. Tudo o que a gente vai poder fazer é tomar as vacinas e fazer os tratamentos prescritos contra ele. Vamos ter que aprender a viver com esse vírus e com todos os outros que já estão aí, pois não poderemos viver o resto da vida em confinamento.

Entre a cruz e a espada, eu fico com o meio-termo, porque o meio-termo traz lições importantes para os que advogam a favor dos dois lados.

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