• 4ª Temporada
  • Grandes Lições de Grandes Personagens

  • A quarta temporada teve inspiração em grandes personagens das séries, da TV e cinema. Ao assistir ao seriado La Casa de Papel, eu aprendi com o Professor algumas lições sobre planejamento, formação de equipe e liderança. Foi o ponto de partida para fazermos uma temporada completa sobre as grandes lições de grandes personagens.

  • Ouça todos os episódios desta temporada!

88 – Gordon Gekko – A Cobiça de Wall Street

Sempre que falamos em liderança e em líderes que são referências, acabamos nos lembrando daquelas pessoas que deixaram legados positivos e que são lembrados pelos grandes exemplos de liderança que deixaram para a humanidade. Não é o caso de Gordon Gekko. O personagem principal de Wall Street é inescrupuloso, ganancioso e não está nem um pouco preocupado para qualquer pessoa a não ser ele mesmo. Ainda assim, merece espaço no nosso podcast por se tratar de um exemplo do que um líder não deve ser.

Se você preferir, pode assinar este podcast e ouvir em sua plataforma preferida:

Outros episódios que você pode gostar

Transcrição do episódio "88 – Gordon Gekko – A Cobiça de Wall Street"

Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.

GORDON GEKKO – A COBIÇA DE WALL STREET

O filme é muito bom! Um verdadeiro clássico! Lançado em 1987 Wall Street foi um grande sucesso e rendeu um Oscar de melhor ator para Michael Douglas, que interpretou Gordon Gekko, o ganancioso executivo de Wall Street – a meca do mercado financeiro americano, talvez até mundial.

Eu acredito que um filme faz sucesso não só pela bilheteria que produz ou por conta dos prêmios que acaba ganhando. Embora tenha sido bem-sucedido nestes dois casos, o que mais chama a atenção em Wall Street é o seu legado. Bom, o legado não é tão bom assim, pois o filme trata a ganância e a cobiça por dinheiro e poder como algo normal, tão natural quanto respirar.

Quando eu me refiro ao legado que o filme deixou, falo especificamente do quanto o personagem de Michael Douglas marcou e rotulou toda uma geração de executivos do mercado financeiro de Wall Street. Tanto é que alguns fatos curiosos comprovam isso. Em 2008, ou seja, mais de 20 anos depois de ter estrelado o filme, Michael Douglas teve a oportunidade de fazer um discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas. Na época ele era um dos embaixadores da ONU para a paz. Só que depois do seu discurso, alguns repórteres começaram a lhe fazer perguntas sobre o personagem que havia interpretado em 1987. Um dos repórteres chegou, inclusive, a chamar Michael Douglas de Gordon, confundindo o nome do ator com o nome do personagem.

No mesmo ano, o primeiro-ministro da Austrália atribuiu a crise econômica mundial de 2008 aos filhos de Gordon, fazendo uma referência clara aos especuladores que operavam no mercado financeiro americano.

Uma das lições que Gordon Gekko mostra é quanto o poder e a cobiça podem motivar uma pessoa a desvirtuar seus próprios valores. O personagem de Michael Douglas fala muito sobre a ira, sobre como ela funciona e move as pessoas. Inclusive, uma das marcas registradas do personagem é a sua frase “ira é bom”.

Nota-se desde o início que a ira é um dos seus fatores motivadores a querer ganhar mais e a qualquer custo. O sistema de valores de Gordon Gekko é moldado com base nessas premissas. Acontece que Gekko é uma espécie de ídolo para Bud Fox, jovem executivo de Wall Street interpretado pelo ator Charlie Sheen. Só que o jovem executivo é atraído para o mundo das negociações financeiras de Wall Street sem conhecer bem a índole da pessoa que ele tanto admira. Gordon Gekko, por sua vez, enxerga em Bud Fox o mesmo sangue no olho que ele tinha em sua juventude e decide prepará-lo para que ele seja seu sucessor.

Gordon Gekko decide que é hora de passar adiante o seu conhecimento e começa a apostar no jovem executivo Bud Fox. É aí que começam os dilemas, pois o projeto de riqueza e poder vendido por Gekko ao jovem executivo é sedutor, mas acaba colidindo com o sistema de valores do jovem. Alguns dilemas começam a ficar bem claros na cabeça de Bud Fox. O primeiro, tem a ver com o principal ensinamento que Gekko transmite ao garoto: para você conseguir o poder e a riqueza, tem que abrir mão da honra. E honra, em sentido mais amplo, tem a ver inclusive com a possibilidade do jovem executivo de perder a sua licença de corretor. Ou seja, ele terá que fazer escolhas e correr riscos.

Ao ver que Bud Fox está relutante em seguir seus ensinamentos, Gekko pressiona Fox dizendo a ele que precisaria fazer uma escolha: ou você está dentro, ou está fora. Fica claro que o papel de Gekko como executivo experiente e inteligente está completamente desvirtuado. Ao invés de ser um mentor, uma inspiração brilhante para todo e qualquer jovem executivo do mercado financeiro, Gekko espelha uma imagem completamente diferente. Sem escrúpulos e sem valores, Gekko não tem condições morais para assumir qualquer papel de líder ou de mentor.

No entanto, ele vê o potencial de Bud Fox e assume estar disposto a fazer com que seu ponto de vista seja adotado e praticado pelo jovem. Só que ele ignora o fato de Fox ser, de fato, muito inteligente. Inclusive, para ver que a sua consciência não tem preço.

Até aqui fica claro que as lições deste filme são negativas no que diz respeito à gestão e à liderança de Gordon Gekko. O personagem de Michael Douglas influencia fortemente o jovem executivo a fazer várias coisas que estão fora do seu propósito, por um motivo muito específico: dinheiro. Só que dinheiro não se equipara aos valores, à ética e à moral para quem efetivamente se importa com a sua consciência.

Acredito que esta seja a principal lição que o enredo do filme nos ensina, até porque eu costumo sempre dizer que uma decisão deve ser motivada por vários fatores, mas independente da escolha, ela deve ser feita pelos motivos certos. Toda e qualquer decisão tomada pelos motivos errados tem consequências ruins – e aqui eu quero deixar claro que eu entendo motivo errado é tudo aquilo que é inconsistente com os valores e princípios de cada pessoa.

Decisões motivadas somente pelo aspecto material, ou ainda, decisões motivadas pela ganância e pela possibilidade de passar por cima das pessoas e dos valores podem até lhe trazer retorno financeiro, mas abalam a consciência e a paz interior. Isso me faz lembrar uma conversa que eu tive com um amigo, há algum tempo. Ele é uma figura especial, muito atento às questões éticas e aos valores das pessoas. Quando falávamos sobre decisões tomadas sem escrúpulos, sobre ganância e cobiça, ele me disse o seguinte: “- A pessoa pode fazer o que bem entender, mas ela não consegue escapar de si mesma, especialmente em dois momentos do dia: a hora em que botamos a cabeça no travesseiro para dormir e quando olhamos nossos olhos fixamente no espelho. Nesses dois momentos, a consciência irá falar contigo e irá te cobrar explicações. Se isso não acontecer, corre o risco da pessoa estar com algum problema.”

Isso é a mais pura verdade. Tanto é que em 2013 dois psiquiatras americanos publicaram um estudo que falavam sobre o perfil de alguns psicopatas que a gente vê nos filmes americanos. Os pesquisadores usaram o termo “psicopata corporativo” para se referir ao tipo de executivo ganancioso e capaz de fazer de tudo para conquistar o que deseja. Eu fico aqui pensando sobre isso e acabo concluindo que essa expressão cai como uma luva nos dias de hoje.

Só que não é fácil tomar certas decisões. No episódio #79 do Coachitório Online nós falamos sobre o dilema que o professor Walter White teve que enfrentar na série Breaking Bad. E eu lembro, inclusive, de ter comentado que não devemos julgar certas decisões se não tivermos condições de entender as motivações por trás de cada decisão e de nos colocarmos no lugar das pessoas que decidem. Também lembro do episódio #34, lá da segunda temporada, em que falamos das lições de Theodore Roosevelt sobre julgamento.

Eu gosto de trazer esses assuntos à tona porque a tomada de decisão não é algo simples. Nem na vida pessoal, muito menos na vida pessoal. Quanto mais estratégica for a posição do gestor, maior a sua responsabilidade e mais difíceis são as suas decisões. Até porque, na nossa vida pessoal, também temos que tomar decisões difíceis ao longo da vida e só nós sabemos quais fatores motivam a gente escolher essa alternativa ao invés da outra. E nunca sabemos se dará certo. Por isso, eu penso que as principais lições de Gordon Gekko estão na importância dos valores e da moral, algo que o nosso personagem abandonou. Outra lição está na motivação que leva a pessoa a fazer certas escolhas para a sua vida. Gordon Gekko deixa claro quais são as suas.

Então eu aproveito para deixar duas perguntas para reflexão: quais são os seus valores? Quais são os fatores que verdadeiramente motivam as tuas decisões?

Fala, galera do Coachitório Online.

Eu gosto muito de falar sobre os filmes e séries que trazemos aqui para o Coachitório Online porque há uma história por trás de cada um deles, que a maioria das pessoas não conhece. Wall Street não é diferente.

O filme teve uma continuação, lançada em 2010. Ambos filmes foram dirigidos pelo famoso diretor Oliver Stone, que ajudou a escrever o roteiro para ambos os filmes. Diz a lenda que Oliver Stone se inspirou em seu próprio pai, Louis Stone, para compor o famigerado personagem Gordon Gekko. O pai do diretor era um operador do mercado financeiro, assim como o personagem do filme. Se o pai de Oliver Stone era exatamente igual ao vilão retratado no filme, não tem como saber…

Aliás, por falar em vilões do cinema, aqui vai outra curiosidade: nos EUA há um ranking com os maiores vilões da história do cinema, e Gordon Gekko está na vigésima quarta posição deste ranking. Ou seja, com tudo o que o cinema americano já produziu, dá para dizer que Gordon Gekko é um baita vilão!

Esse é o Coachitório Online. Ao longo da quarta temporada nós vamos contar a história de alguns personagens históricos da vida real, da TV, das séries e do cinema e fazer um retrato de suas principais características.

O nosso podcast semanal sobre pessoas, carreira e liderança está na quarta temporada e eu aproveito para te convidar a curtir todos os nossos episódios e temporadas pela sua plataforma favorita.

E volto a lembrar que você também pode participar ativamente dessa temporada. Diga que personagem você quer ouvir aqui no Coachitório Online. Deixe a sua mensagem e também as suas sugestões e opiniões nas nossas redes sociais.

Também agradeço a quem nos acompanha e tem contribuído para que a cada semana o número de ouvintes e seguidores aumente. Por isso que eu te peço para escolher um episódio do nosso podcast para compartilhar com seus amigos, nas suas redes sociais

Encontro você no próximo episódio! Um abraço!