• 6ª Temporada
  • Temas Relevantes para Carreiras Importantes

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170 – Conversas Difíceis

Se há necessidade de preparação emocional para enfrentar uma conversa, tenha a certeza de que você está no território das conversas difíceis. Conversa difícil é aquela em que você precisa abordar um assunto que pode vir a se tornar conflituoso. É aquela conversa em que você precisa trazer à tona algumas questões polêmicas que provavelmente serão alvo de discussão. Mesmo que resulte no fim do vínculo ou do relacionamento, a boa notícia é que as conversas difíceis podem ter um desfecho positivo quando houver um aprendizado ou a mudança do comportamento que gerou aquela conversa difícil.

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Transcrição do episódio "170 – Conversas Difíceis"

Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.

CONVERSAS DIFÍCEIS

Se há necessidade de preparação emocional para enfrentar uma conversa, tenha a certeza de que você está no território das conversas difíceis. É assim que começa uma matéria muito interessante, publicada no site da Revista Exame, que fala sobre o tema deste podcast. Falar sobre conversas difíceis é, por si só, algo difícil, pois faz com que a gente tenha que se olhar no espelho e admitir que nem sempre sabemos como planejar, conduzir ou se comportar em uma situação delicada, que demanda uma conversa difícil.

Conversa difícil é aquela em que você precisa abordar um assunto que pode vir a se tornar conflituoso. É aquela conversa em que você precisa trazer à tona algumas questões polêmicas que provavelmente serão alvo de discussão. É aquela conversa que você sabe que pode ter um desfecho desagradável para ambos. As conversas difíceis estão nos feedbacks, quando desligamos uma pessoa ou quando pedimos desligamento. Podem surgir também quando queremos pedir aumento ou quando precisamos defender de maneira mais firme o argumento em que acreditamos.

As conversas difíceis também fazem parte da nossa vida pessoal, quando relacionamentos terminam, quando os pais precisam dar um puxãozinho de orelha nos filhos, quando precisamos discutir algo delicado em família… Enfim, vários são os momentos da vida em que as conversas difíceis se fazem presentes e é provável que você já tenha participado de alguns momentos assim. Mas, se isso é verdade, por que para muita gente (e eu me incluo nessa categoria) algumas conversas são tão difíceis?

Lá fui eu pesquisar sobre o assunto e, depois de algumas leituras e bastante reflexão a respeito, acabei descobrindo que em boa parte das vezes a conversa é mais difícil para nós do que para quem estamos falando. Em outras palavras, para muita gente começar uma conversa difícil é bem pior do que ser abordado para uma conversa difícil. Para mim, faz muito sentido. Eu sou esse cara, essa pessoa me representa, porque a iminência de ter uma conversa difícil faz com que eu sofra por antecipação, tudo por conta da minha imaginação fértil, que faz com que eu desenhe diversos cenários e diversas possibilidades de desfecho da conversa difícil que eu vou ter. A maioria destes cenários, claro, nem sempre é tão positivo.

Vou contar um caso, que aconteceu comigo no ano passado. Eu estava prestes a fazer a primeira reunião com o professor que está orientando minha tese de doutorado. Não nos conhecíamos pessoalmente e tudo o que eu queria era emplacar a minha proposta de pesquisa. Ele não sabia o que eu desejava pesquisar e tudo o que eu queria era ter a concordância dele para que eu continuasse o meu trabalho sob a orientação dele. A conversa ocorreu em uma quarta-feira à tarde e eu me preparei muito para aquele encontro. Listei vários argumentos a favor do meu projeto. Fiz também uma lista de respostas para toda e qualquer objeção que ele pudesse ter a respeito. E fiquei sem dormir direito algumas noites antes.

Chegado o grande dia, entrei na sala, me apresentei para ele e logo comecei a falar. Ele me disse: “- Calma, primeiro fale sobre você! Quero saber o que você faz da vida, de onde você vem e tudo mais!” Já foi um choque, um baita quebra-gelo, algo que me deixou mais à vontade e com a impressão que aquela conversa não seria tão difícil assim. Então eu comecei a apresentar o meu projeto de pesquisa e logo no início da apresentação o professor me interrompeu e disse. “- Gostei! Já gostei! É diferente, é uma boa ideia e é algo que faz muito sentido para as empresas!” Naquele momento, eu tive a certeza de que não seriam necessários os argumentos e a lista de justificativas que eu havia preparado porque aquela não foi uma conversa difícil.

O que eu quero dizer com essa história é que a ansiedade e a preocupação podem fazer com que a conversa que vamos ter acabe se tornando uma conversa difícil de verdade. O comportamento, atitude e até a linguagem corporal de alguém que está estressado pode tornar uma conversa difícil.

Mas não adianta tapar o sol com a peneira, pois as conversas difíceis existem. Uma matéria da Revista Você S.A. mostrou que uma conversa difícil é composta por três elementos distintos. O primeiro é a “conversa sobre o que aconteceu”. Quando surgem desentendimentos, cada lado tenta culpar o outro – colocando-o como responsável pelo que aconteceu. A conversa vira um debate sobre quem agiu certo e quem é o culpado. O problema é que discutir sobre quem culpar desvia os envolvidos de buscar uma solução. Significa dizer que a conversa deve ser sobre o ato, sobre o que aconteceu.

O outro elemento é a “conversa sobre os sentimentos”. É tentador focar exclusivamente em resolver de forma objetiva a questão e ignorar os sentimentos dos envolvidos. Mas toda conversa difícil envolve sentimentos. Mesmo que não sejam abordados diretamente na conversa, eles estão presentes. E quando são ignoradas, emoções negativas tendem a piorar o conflito ao bloquear nossa capacidade de ouvir.

O terceiro elemento é a “conversa sobre a identidade”.  Ela representa o impacto que a situação exerce sobre a forma como nos vemos ou gostaríamos de ser vistos. O conflito pode destruir nosso senso de identidade, nos fazendo questionar nossa própria competência e valor. Pode provocar a síndrome do impostor ou um baque emocional muito grande.

Fuga, luta ou congelamento são os principais comportamentos que dificultam o diálogo, tão necessário em uma conversa difícil. Segundo a matéria da Revista Exame que eu citei lá no comecinho do podcast, essas atitudes impedem que o diálogo avance e isso pode prejudicar seriamente os relacionamentos. A matéria também nos ensina que a pior atitude a se fazer em uma conversa difícil é sair despejando as coisas para cima da outra pessoa e não medir o impacto das palavras, ou melhor, não medir o impacto da comunicação como um todo. Aquele negócio do “pronto, falei!” não ajuda em nada na conversa. Aliás, eu penso que aquele que se orgulha de falar o que pensa e não mede a consequência do que diz deve se preparar para receber a comunicação na mesma medida. Outro ponto importante é saber que a pessoa com quem iremos conversar pode reagir de forma inesperada à conversa. Pode se fechar, pode partir para o ataque, pode paralisar e chorar. É a tal da fuga, luta ou congelamento. Mas também pode ser que a pessoa se comporte de forma pacífica e que entenda o que está sendo conversado. 

Também acho importante lembrar que conversas difíceis podem ser construtivas. Eu sei que nesse momento algumas pessoas que ouvem esse podcast podem estranhar e ficar pensando que aprendizado há em uma conversa que resultem em uma demissão ou término de um namoro. A questão é que conversas difíceis são construtivas porque podem gerar aprendizado e mudança de comportamento. Talvez a gente não consiga mais salvar aquele momento, aquele vínculo ou relacionamento. Mas certamente conseguiremos tirar lições importantes para os dias que virão, porque a vida segue.

E por falar em lição, uma matéria da Revista Forbes Brasil traz algumas dicas para que as conversas difíceis se tornem construtivas. A principal delas, em minha opinião, é saber qual é o objetivo da conversa, ou seja, por que aquela conversa difícil se faz necessária. É importante que esse objetivo esteja claro para todos envolvidos. Outra dica importante é a empatia e o respeito, que ajudam a criar confiança entre as partes. Saber utilizar a emoção apropriada, a linguagem adequada e reconhecer o momento ideal para a conversa são itens fundamentais, pois não dá para ter uma conversa difícil em qualquer lugar, em qualquer hora ou de qualquer jeito.

 

Outras dicas importantes têm a ver com ilustrar a conversa com fatos. Isso vai naquela linha de que “contra fatos não há argumentos”. Mas, além disso, é fundamental nos colocarmos na posição de quem quer ajudar a pessoa a melhorar a despeito dos erros que foram cometidos, mesmo que a conversa em questão tenha como objetivo encerrar aquele relacionamento.

Eu tive várias conversas difíceis ao longo da vida. Algumas provocadas por mim e outras provocadas por alguém que precisava ter uma conversa difícil comigo. Ao longo da minha vida, os temas dessas conversas difíceis foram bem variados: feedback sobre o trabalho, pedidos de demissão ou desligamentos, crise de relacionamento e até desabafos. Eu tenho certeza que esses temas também já fizeram parte de algumas conversas difíceis que você teve ao longo da vida e se tem algo que eu posso lhe falar com bastante segurança é que as conversas difíceis sempre farão parte da sua vida. Mas também é certo que ficamos mais experientes e, com o tempo, estamos mais preparados para essas conversas. E o mais importante: saberemos reconhecer o valor de cada conversa e o quanto de energia devemos dedicar para esses momentos para que a gente não fique mais estressado do que deveria.

Fala, galera do Coachitório Online. 

Esse episódio é meio que autobiográfico. Sempre achei o tema deste podcast muito importante, mas nunca dediquei o tempo necessário para escrever sobre o assunto. Digamos que eu precisava de inspiração. E a inspiração veio. Confesso que no passado recente eu tive algumas conversas difíceis, daquelas de tirar a pessoa do eixo. Foram conversas inesperadas, que surgiram no momento. E por causa disto, eu não estava preparado para o que veio. Quando me dei conta, lá estava eu, no meio de uma conversa delicada e difícil, cujo desfecho mudaria muitas coisas. E diante da situação, sem ter o conhecimento e o preparo que fiz para este podcast, eu acabei fazendo o que, para mim, é uma filosofia de vida: se não há nada de agradável para dizer, fique em silêncio. É melhor ficar quieto do que agredir a pessoa. Se for para falar algo, que seja algo gentil. Peça desculpas ou agradeça pelo que está ouvindo e se comprometa a pensar sobre o assunto. Se deu certo? Sim, deu certo. Está dando certo.

Mas eu quero ouvir você! Qual foi a última conversa difícil que você teve na sua vida? Como você se comportou? Deixe a sua mensagem em nossas redes sociais ou escreva para fabiano@ponteaofuturo.com.br Ficarei muito feliz com a sua mensagem.

Esse é o Coachitório Online. Obrigado a você que sempre acompanha os episódios do nosso podcast sobre pessoas, carreira e liderança. E por isso eu tenho um pedido: escolha um episódio para compartilhar com seus amigos nas suas redes sociais e lembre-se também de apertar o botão para seguir o nosso podcast, pois assim a gente aumenta o número de pessoas que acompanha o Coachitório Online. Para você que está chegando agora, seja bem-vindo. Temos vários episódios para você ouvir e curtir, feitos com muito carinho para você!

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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!