• 6ª Temporada
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161 – O teto de vidro

Apesar dos avanços sociais dos últimos anos, o Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do mundo no que diz respeito ao mercado de trabalho. Aqui nas nossas terras, homens ainda recebem, em média, 50% a mais do que as mulheres. Nas organizações há uma espécie de teto de vidro, que é uma barreira sutil e transparente, mas forte o suficiente para impossibilitar a ascensão das mulheres aos níveis mais altos da hierarquia das empresas. Mas, felizmente isso tem mudado! A mudança é lenta, verdade seja dita, mas tem ocorrido principalmente porque as mulheres têm estudado cada vez mais do que os homens.

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Transcrição do episódio "161 – O teto de vidro"

Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.

O TETO DE VIDRO

Há algumas semanas eu estava me preparando para uma aula do doutorado em Administração, quando me deparei com um artigo que citava o trabalho da professora Rosabeth Kanter. Ela é titular no curso de Administração da prestigiada Harvard Business School e também lançou diversos livros nas áreas de estratégia, inovação e liderança. O artigo em questão chamou muito a minha atenção porque ela trouxe uma expressão muito interessante para se referir ao papel da mulher no mercado de trabalho. Ela usou a expressão teto de vidro.

Ocorre que apesar dos avanços sociais dos últimos anos, dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apontam que o Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do mundo no que diz respeito ao mercado de trabalho. Aqui nas nossas terras, homens ainda recebem, em média, 50% a mais do que as mulheres. Essa situação, por si só, já é um grande problema. Mas ao artigo da professora de Harvard chama a atenção para o fato de que, no mundo todo, também faltam oportunidades para que as mulheres cresçam na hierarquia das empresas.

Infelizmente, até aí, parece não haver surpresa. A desigualdade é tão grande e tão enraizada que acabamos achando normal que pessoas tenham tratamentos diferentes, não só no trabalho, mas na sociedade como um todo. Tão ruim quanto a desigualdade é acharmos que ela é normal. Pior ainda é a nossa omissão em não investigar os motivos que fazem com que esse teto de vidro exista nas organizações.

Mas vamos voltar ao teto de vidro, expressão que veio à tona por conta do trabalho da professora Rosabeth. Segundo ela, nas organizações há uma espécie de teto de vidro, que é uma barreira sutil e transparente, mas forte o suficiente para impossibilitar a ascensão das mulheres aos níveis mais altos da hierarquia das empresas. A sutileza e a transparência do teto de vidro tornam difícil identificar que fatores compõem essa barreira organizacional. Apesar disso, tomei a liberdade de investigar um pouco para identificar que fatores atuam na formação do teto de vidro que dificulta a ascensão profissional das mulheres nas organizações.

Verdade seja dita: a diferença entre homens e mulheres no mercado de trabalho brasileiro vai além da questão salarial. O combate à desigualdade de gênero é parte da história do Brasil. Para alguns, a diferença primordial entre homens e mulheres no mercado de trabalho vem do Brasil colonial, época em que nenhuma mulher – pobre, rica, escrava ou liberta – tinha acesso ao aprendizado da leitura e da escrita. Trata-se de uma herança dos nossos colonizadores, que por sua vez foram fortemente influenciados  por oito séculos de dominação da península ibérica pelos árabes, que consideravam as mulheres como seres inferiores

É algo impactante, não é mesmo? Embora os estigmas gerados por esse colonialismo não impeçam mais a atuação bem sucedida da mulher no mercado de trabalho, ainda dificultam a equidade em termos de salário e de oportunidades de crescimento profissional. Embora a distinção entre homens e mulheres no mercado de trabalho seja um fenômeno oriundo de padrões socialmente construídos a partir de acontecimentos históricos, é necessário que a gente se desamarre deste passado e assuma a responsabilidade pela construção de um cenário no qual as mulheres sejam respeitadas por todos. Nas últimas décadas a mulher passou a questionar essa posição socialmente construída e também a sua identidade no mercado de trabalho. No entanto, infelizmente às mulheres ainda não é dado um tratamento igualitário no meio organizacional 

Além desse contexto histórico, há outros fatores que devem explicar a desigualdade de gênero no mercado de trabalho. Há fatores sociais que dificultam a ascensão das mulheres a cargos de liderança no meio organizacional. Sabe por quê? Porque os homens tendem a dedicar mais tempo ao trabalho do que à família e acaba ficando com a mulher a missão de dividir seu tempo entre a vida profissional, as atividades domésticas e o papel de mãe. Dados do IBGE (2019) confirmam isso, ao apontarem que as mulheres dedicam 73% a mais de tempo do que os homens para os afazeres domésticos.

Ao dedicar mais tempo ao trabalho do que a mulher, o homem se vê em vantagem competitiva na organização, principalmente nas organizações meritocráticas, pois estas premiam aqueles que priorizam o trabalho e, assim, os homens tendem a ter mais oportunidades de crescimento profissional. Mas há também o outro lado da moeda: as mulheres passaram a dedicar mais tempo para a sua formação acadêmica e especialização, o que resultou em um aumento de suas competências. Isso é muito verdadeiro e eu posso confirmar essa mudança em sala de aula, pois tenho visto que a maioria dos alunos em sala de aula nos cursos de graduação e especialização é de mulheres, que estão estudando e se aperfeiçoando mais do que os homens. Quer dizer que as empresas que privam a mulher de ascensão profissional irão perder, porque não estarão aproveitando da melhor forma as habilidades e competências do da mulher para os cargos de liderança.

Outro fator que promove a desigualdade entre homens e mulheres dentro das empresas é a complexidade da própria organização, pois elas tendem a criar, ou melhor, a perpetuar a desigualdade que vem da sociedade. Quer dizer que questões políticas muitas vezes determinam quem ocupará as posições hierárquicas mais elevadas e essas escolhas têm muito a ver com conveniências internas, amizades e até jogos de poder. Esses arranjos organizacionais fazem com que as organizações sejam locais complexos, nas quais irá ascender aquele que melhor entender as regras e as políticas organizacionais. 

Eu costumo dizer que, antes de combater algo que é injusto ou não está certo, é preciso conhecer as origens da injustiça e os fatores que fazem com que a situação não esteja certa. No caso do teto de vidro, mais importante do que saber que ele existe é saber que fatores compõem essa barreira organizacional. É verdade que o teto de vidro ainda dificulta a ascensão das mulheres aos níveis mais altos da hierarquia e é bem verdade que há questões históricas e culturais que deixam esse teto de vidro ainda muito sólido (eu não sei se dá para usar o termo “cultural” nesse caso, mas enfim…).

O fato é que temos alguns aliados. Há fatores que jogam ao nosso favor. Um deles (e é o que eu mais gosto) é perceber que as mulheres estão estudando e se aperfeiçoando cada vez mais. E não se trata de recuperar o tempo ou o terreno perdido. Muito pelo contrário. Trata-se de perceber o avanço das mulheres em várias áreas do conhecimento porque mostram que têm competência de sobra para fazer todo e qualquer trabalho. No que diz respeito aos estudos, refiro-me ao desenvolvimento das competências de gestão e liderança. E vou dizer uma coisa, que serve tanto para homens quanto para mulheres: para ser empresário, empreendedor, gestor ou líder, é preciso muito mais do que carisma ou jeitinho. É preciso conhecimento, é preciso estudar.

Além dos estudos, outro ponto que eu considero fundamental é a mudança que precisa ser feita na sociedade. Os artigos mostram que as empresas são um reflexo da sociedade. Assim, é preciso que homens e mulheres tenham o mesmo tratamento não só trabalho, mas na vida pessoal e social. Quando as pessoas se respeitam na sociedade, é praticamente certo que se respeitarão na vida profissional. E eu não poderia deixar de mencionar aquela famosa frase de Mahatma Gandhi, que nos ensina que devemos ser a mudança que queremos ver no mundo. Começa em casa, começa por nós. 

Fala, galera do Coachitório Online. 

Está sendo possível perceber leves rachaduras no teto de vidro organizacional. No Brasil, estas rachaduras se evidenciam por meio do combate à desigualdade de gênero e a garantia de oportunidades iguais para homens e mulheres a partir de diretrizes que as empresas multinacionais que operam no nosso país estão trazendo para cá. Significa que estamos avançando e que há muitas empresas combatendo o teto de vidro organizacional. Então cabe a nós descobrir e divulgar as boas práticas que têm permitido a eliminação das barreiras que dificultam a ascensão das mulheres no meio organizacional.

Quem acompanha o Coachitório Online sabe que eu uso diversas referências para produzir os textos que eu gravo em cada episódio. Essas referências são mencionadas no texto deste podcast, que sempre é publicado com cada episódio lá no site da Ponte ao Futuro. No caso deste episódio, usei vários artigos, que estão devidamente citados no texto que está publicado lá no site. Se tiver interesse em saber mais, é só dar uma olhada nos artigos.

Mas o mais importante é saber o que você acha! Como é essa situação do teto de vidro na sua empresa? Deixe a sua mensagem em nossas redes sociais ou escreva para fabiano@ponteaofuturo.com.br Ficarei muito feliz com a sua mensagem.

Esse é o Coachitório Online. Obrigado a você que sempre acompanha os episódios do nosso podcast sobre pessoas, carreira e liderança. E por isso eu tenho um pedido: escolha um episódio para compartilhar com seus amigos nas suas redes sociais e lembre-se também de apertar o botão para seguir o nosso podcast, pois assim a gente aumenta o número de pessoas que acompanha o Coachitório Online. Para você que está chegando agora, seja bem-vindo. Temos vários episódios para você ouvir e curtir, feitos com muito carinho para você!

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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!