• 5ª Temporada
  • A Temporada que Vai Virar Livro!

  • Em 2016, eu lancei o meu primeiro livro, os 50 textos, que, como o próprio nome diz, é uma coletânea de textos sobre desenvolvimento humano, liderança e gestão. As pessoas começaram a me perguntar quando eu iria lançar a nova versão dos 50 textos. Pois bem, nada como unir o útil ao agradável, não é mesmo? Em outras palavras, os episódios da 5ª. temporada servirão como base para os 50 textos do meu próximo livro sobre desenvolvimento humano, liderança e gestão.

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112 – Quem aprende apanhando, ensina batendo!

Olho por olho, dente por dente! Já ouviu falar nisso? Era assim que funcionava o Código de Hamurabi, o mais antigo conjunto de leis e regras escritas que se tem notícia. Mas, apesar de ser antiga, essa forma de “fazer justiça” ainda é presente em muitas empresas, tanto é que em vários casos é possível ver pessoas adotando a prática do quem aprende apanhando, ensina batendo. O problema está em acreditar que tudo isso é verdade e deixar que estes pensamentos moldem o nosso comportamento na vida e na carreira!

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Transcrição do episódio "112 – Quem aprende apanhando, ensina batendo!"

Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.

QUEM APRENDE APANHANDO, ENSINA BATENDO

O ano de 1800 antes de Cristo representava o auge de uma das maiores cidades e de uma das maiores civilizações que a humanidade já conheceu: a Babilônia. Como toda cidade grande, o povo que lá vivia era plural. Imigrantes de várias localidades chegavam à cidade para tentar uma vida melhor e isso tornou a convivência e a administração da cidade uma tarefa cada vez mais difícil. Incomodado com isso, o rei Hamurabi decidiu criar um conjunto de leis que tinha como objetivo organizar e controlar a sociedade. Este conjunto de regras, chamado de Código de Leis, entrou para a história como o Código de Hamurabi. Baseado em leis mais antigas e na premissa do “olho por olho e dente por dente”, o Código de Hamurabi se tornou popular porque até então as leis não eram escritas, sendo transmitidas simplesmente por via oral para as pessoas.

A partir disso, Hamurabi decidiu compilar regras para convivência em sociedade e também as punições para aqueles que descumprissem qualquer um de seus 282 princípios. Só que as punições eram dadas de acordo com a posição que o infrator tinha na hierarquia da sociedade. O princípio da hierarquia tinha suma importância no Código de Hamurabi, pois, de acordo com as leis, as pessoas estavam divididas em três classes: os superiores, os comuns e os escravos. Isso fazia com que as penas fossem variadas e o conceito de justiça não fosse tão igualitário assim.

Nascia ali a primeira versão registrada de um conjunto de leis e sanções. Nascia ali o primeiro conjunto de regras que definiam o que podia e não podia ser feito, que previam aos infratores punições proporcionais aos crimes cometidos. Mas nasciam ali os primeiros exemplos do “manda quem pode e obedece quem tem juízo” e “quem aprende apanhando, ensina batendo.”

Qualquer semelhança entre o Código de Hamurabi e as leis modernas não é mera coincidência. Embora os princípios democráticos afirmem que todos são iguais perante à lei, sabemos que na prática não é bem assim que as coisas funcionam. Mas eu não sou um especialista na área jurídica e as discussões a respeito desse tema ultrapassam meus conhecimentos e capacidades e é por isso que eu prefiro trazer o Código de Hamurabi para um terreno mais conhecido para mim e para todos os ouvintes do Coachitório Online: ainda hoje, nas empresas, a gente vê que quem aprende apanhando, ensina batendo.

Faz sentido para você que em muitas organizações o exercício da liderança ainda carece de bons exemplos? Apesar de ser algo cada vez mais recorrente nas palestras e discursos motivacionais e apesar de ser um tema abordado em muitos filmes de Hollywood, a liderança baseada em bons exemplos não é algo novo. A Segunda Revolução Industrial trouxe à tona não só uma forma diferente de organizar os sistemas produtivos para termos mais eficiência e qualidade nos processos. Trouxe também a necessidade de desenvolver um estilo de liderança que faça com que o líder seja um bom exemplo de conduta. Henri Fayol, um dos pais da Administração moderna, avisava que entre os meios indicados para a consecução da obediência, um dos mais eficazes é o exemplo.

Em tempos mais recentes essa necessidade ganhou ainda mais força e se tornou visível na medida em que gestores de todo o mundo passaram a dedicar mais tempo para coordenar pessoas do que processos. Obviamente, muitos destes líderes fazem a gestão de pessoas mais por necessidade do que por vontade própria. Ainda assim, é visível que a liderança pautada em bons exemplos se torna cada vez mais presente, necessária e eficaz. 

Mas o que significa liderar pelo exemplo? Para alguns, a liderança pelo exemplo consiste em ser justo e coerente nos pensamentos, decisões e ações. Concordo com essa forma de pensar, pois a liderança que desejamos e precisamos encontrar nas organizações modernas está muito mais atrelada ao caráter e comportamento do líder do que as suas competências técnicas. Aliás, o melhor líder é aquele que consegue unir de forma positiva o seu conhecimento técnico as suas características comportamentais e de caráter.

Em seu livro “Desperte o líder em você”, Robert Quinn faz uma analogia das competências do líder com as competências de um bom jogador de basquete. Ele afirma que quando uma bola de basquete é colocada nas mãos de um mestre, coisas fantásticas podem acontecer. O mestre tem o talento e a habilidade de se tornar um líder que provoca mudanças. Este líder pode transformar indivíduos independentes em equipes coesas, intimamente ligadas.

Essa mudança é urgente e necessária porque em alguns casos o paradigma da competência técnica pode provocar a formação de líderes tiranos na medida em que um profissional competente assume um cargo de liderança somente com base nos seus conhecimentos técnicos e, ao assumir o controle, este colaborador pode abafar o desenvolvimento daqueles que possuem competência semelhante. Fazem isso para eliminar a concorrência ou a ameaça ao seu cargo. Essa atitude transforma a cooperação mútua em competição e depois em má vontade e desistência. Formamos ilhas de excelência que pouco contribuem para o resultado da organização e, novamente, estamos fazendo gestão de pessoas por meio da coerção e da punição. Estamos batendo ao invés de ensinar.

Outra coisa que faz a diferença para uma liderança bem-sucedida é a capacidade de corrigirmos comportamentos inadequados e de aprendermos rapidamente com os erros e os bons e maus exemplos que recebemos. O fato de aprendermos as coisas apanhando não nos dá o direito de ensinarmos as coisas batendo. É provável e até tentador que a gente ensine as coisas de forma errada quando aprendemos da forma errada. Por isso que é fundamental mergulharmos cada vez mais fundo na necessidade de desenvolver o ser humano nas organizações. E quando eu falo do ser humano, não me refiro somente ao líder. Refiro-me a todas as pessoas, porque os líderes de amanhã estão entre as pessoas que ensinamos hoje. Os líderes de amanhã são aqueles que estão observando nossos comportamentos e atitudes e estão aprendendo com cada movimento que realizamos. Então, se eles aprenderem apanhando, é provável que irão ensinar batendo, perpetuando um modelo ineficaz e autoritário de liderança.

Um dos paradigmas a serem quebrados dentro das organizações está justamente na forma com que os líderes são formados dentro das empresas. Muitos não têm conhecimentos adequados para exercer o papel de líder, embora seja cada vez maior a quantidade de ferramentas à disposição daqueles que têm interesse em desenvolver o lado humano e comportamental necessários ao exercício da liderança. Por outro lado, o desenvolvimento de um líder é uma tarefa que não deve caber somente ao profissional que exerce a liderança. A equipe e a própria organização devem cooperar neste sentido. Vale dizer que esta também é uma afirmação que remonta aos primórdios da Administração moderna, pois há muito já se sabe que está ultrapassado o tempo das realizações individuais, em que o líder agia sozinho, sem o auxílio dos outros.

Desenvolver as pessoas que fazem parte da organização é uma característica que está se fazendo cada vez mais presente nas empresas bem-sucedidas. São organizações que partem da premissa que o talento deve ser formado dentro de casa o que, aliás, também é algo muito antigo e que tem sido defendido desde a Segunda Revolução Industrial. Frederick Taylor, um dos pais da Administração Científica, avisava que as empresas somente entrarão no caminho da eficiência compreenderem que a sua obrigação está em cooperar sistematicamente no treinamento e formação das pessoas, em vez de tirar pessoas capacitadas de outras empresas.

Assunto polêmico, é verdade. Ainda mais quando estamos falando de um mercado de trabalho em que a oferta e a procura não estão se encontrando, ou seja, quando as competências técnicas e comportamentais desejadas pelas empresas são diferentes daquelas que as pessoas estão oferecendo. Mas isso reforça ainda mais a tese de que precisamos mudar nossos modelos de gestão e formação do ser humano organizacional. Esse negócio de aprender apanhando e ensinar batendo já está fora de moda há muito tempo.

Fala galera do Coachitório Online!

A sociedade muda à medida que os homens mudam. Se todos os homens, por exemplo, tornarem-se pessoas honestas, logo a sociedade será honesta. Simples assim. Parece utópico, eu sei. Mas eu acredito fortemente que bons exemplos influenciam positivamente as pessoas a agirem da mesma forma. Cabe a nós, portanto, começar ou dar continuidade a este movimento.

É por isso que eu quero lhe fazer duas perguntas: quais foram os melhores exemplos de liderança que você já presenciou em sua vida profissional? E os piores? Se fizer sentido para você, compartilhe a sua resposta com a gente. Deixe a sua mensagem, sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br  

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Esse é o Coachitório Online. Obrigado a você que sempre acompanha os episódios semanais do nosso podcast sobre pessoas, carreira e liderança. Para você que está chegando agora, seja bem-vindo. Eu te convido conhecer todas as temporadas do nosso podcast e também quero te convidar a conhecer a Jornada! É um processo que nós desenvolvemos para promover o seu crescimento pessoal e profissional por meio da metodologia e das ferramentas do Coaching. Tudo isso online! E o melhor de tudo: todo esse processo será conduzido pelo melhor Coach que você já conheceu: você! Conheça a Jornada e seja Coach de si mesmo!

Encontro você no próximo episódio! Um abraço!