• 5ª Temporada
  • A Temporada que Vai Virar Livro!

  • Em 2016, eu lancei o meu primeiro livro, os 50 textos, que, como o próprio nome diz, é uma coletânea de textos sobre desenvolvimento humano, liderança e gestão. As pessoas começaram a me perguntar quando eu iria lançar a nova versão dos 50 textos. Pois bem, nada como unir o útil ao agradável, não é mesmo? Em outras palavras, os episódios da 5ª. temporada servirão como base para os 50 textos do meu próximo livro sobre desenvolvimento humano, liderança e gestão.

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139 – Não levante a voz! Melhore o argumento

A maneira como falamos, escrevemos, olhamos ou gesticulamos pode acabar gerando uma discussão ao invés de um processo saudável de comunicação. Quando isto acontece, mensagem nenhuma consegue ser transmitida e ambos os lados se armam com escudos para atuar num processo de ataque-defesa, com o objetivo de ver quem tem o argumento vencedor, quem ganha. Só que a comunicação não é uma batalha, uma competição. Pelo contrário, é uma troca na qual todos podem aprender e sair ganhando.

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Transcrição do episódio "139 – Não levante a voz! Melhore o argumento"

Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.

NÃO LEVANTE A VOZ! MELHORE O ARGUMENTO

O ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1984 foi um bispo sul-africano da Igreja Anglicana. Seu nome é Desmond Tutu e ele ganhou o prêmio em função da sua grande luta contra o Apartheid. Alguns anos mais tarde, seu trabalho contra esse regime de segregação resultaria na libertação de Nelson Mandela e em vários desdobramentos importantes para a história não só da África do Sul, mas de todo o mundo. O bispo sul-africano sempre declarou se inspirar na forma não violenta que Mahatma Gandhi havia adotado anos antes em sua comunicação e em seu ativismo na Índia. Mas Desmond Tutu também dizia que o seu estilo também era fortemente influenciado pelo seu pai. Certa vez, o bispo disse: “- Meu pai me ensinou o seguinte: não levante a voz! Ao invés disso, melhore os seus argumentos!”

Essa é mais uma daquelas frases cujas poucas palavras dispensam mais explicações. No entanto, como você já deve ter se habituado a ouvir aqui no Coachitório Online, o óbvio precisa ser dito e há metáforas e analogias que precisam ser explicadas. A frase citada pelo bispo sul-africano é uma daquelas para a qual devemos dar muita atenção e entender a profundidade do seu significado.

Lá no meu livro “50 textos” tem um capítulo dedicado à comunicação, no qual eu falo especificamente sobre a importância da relação entre a forma e o conteúdo das nossas mensagens. Eu comento que a relação entre a forma e o conteúdo da mensagem pode se tornar um dos maiores sabotadores do processo de comunicação, pois a forma tem a ver com a maneira como a mensagem é transmitida. Entendo que a forma é como o processo de comunicação ocorre em termos de intenção positiva da mensagem e, principalmente, da educação e do respeito com os quais a mensagem é transmitida. Se falharmos na intenção positiva, educação ou respeito, o conteúdo da mensagem vai por água abaixo.

Eu comento também que a maneira como falamos, escrevemos, olhamos ou gesticulamos pode acabar gerando não um processo de comunicação, mas sim uma discussão, uma briga. E quando isto acontece, mensagem nenhuma consegue ser transmitida e ambos os lados se armam com escudos para atuar num processo de ataque-defesa com o objetivo de ver quem tem o argumento vencedor, quem ganha.

Infelizmente é esta a situação que encontramos na nossa vida. Discutimos em casa, discutimos com os amigos, no jogo de futebol e, claro, discutimos na empresa. Uma parte significativa do nosso processo de comunicação não tem a ver com conversa, mas sim com discussões. É o famoso “bate-boca”. E a linha que separa uma boa conversa de uma discussão não é o conteúdo do que está sendo conversado, mas sim ao tom de voz e às palavras que utilizamos na conversa, além da linguagem corporal empregada.

Essa dificuldade no processo de comunicação soa familiar para você? Eu acredito que sim, porque é muito grande o número de pessoas com quem eu converso que confessam que a comunicação é um dos grandes problemas nas empresas em que trabalham. Essa situação não é novidade, tanto é que Peter Drucker comentava que a comunicação seria um dos grandes desafios gerenciais para os líderes do século 21. O mais curioso é que a tecnologia nos dá ferramentas que deveriam facilitar esse processo, mas como afirma o célebre escritor Dan Brown, o impacto da ferramenta está nas mãos de quem a utiliza.

Quero dizer que ferramenta algum vai salvar o processo de comunicação se não entendermos questões básicas do comportamento humano, como o perfil comportamental, as motivações, o conhecimento, as crenças e valores da pessoa, entre outros. Todos esses pontos – e vários outros – já foram comentados ao longo das cinco temporadas do Coachitório Online e eu sempre retomo esses temas não só porque eu gosto de falar sobre eles, mas principalmente porque eu penso ser necessário falarmos cada vez mais sobre as coisas que tornam o nosso dia-a-dia mais desafiador.

É por isso que quando falamos de comunicação, estamos falando de humanidade. Estamos falando de algo que eu considero ser a mais importante para a formação do ser humano e dos nossos vínculos sociais, porque toda a nossa existência gira em torno de processos de comunicação. A educação, a relação de ensino e aprendizagem, os feedbacks, as interações sociais, a manifestação de nossos desejos e necessidades, o processo reprodutivo, enfim, tudo passa por um processo de comunicação. Todos os organismos vivos se comunicam da sua forma, com as suas motivações e objetivos. Mas talvez caiba ao ser humano o prêmio por sermos a espécie cujo processo de comunicação é mais complexo e problemático.

A minha opinião é a de que o maior desafio da comunicação não tem a ver com as ferramentas ou tecnologias empregadas, tampouco com ensinar exaustivamente aquele processo de comunicação que enfatiza os papeis do emissor, receptor, mensagem e feedback. Eu penso que os problemas começam antes da mensagem em si, porque muitos pensam que a comunicação é uma batalha ao invés de uma troca. Muitos acreditam que a comunicação é um jogo que deve ser jogado para ganhar e não para que todos os envolvidos cresçam ou aprendam alguma coisa com as mensagens que estão sendo transmitidas.

É muito comum a gente ver que algumas pessoas tentam ganhar as discussões na base do grito. Ou seja, falando alto de forma intimidadora, batendo na mesa ou usando palavras que não contribuem para a conversa. Infelizmente, em muitos casos, essas pessoas vencem porque as pessoas com quem conversam não têm esse perfil e para não alimentar ainda mais a discussão acabam desistindo da conversa porque veem que não vale a pena discutir.

Se olharmos para a nossa vida pessoal e profissional, facilmente iremos nos lembrar de discussões que tivemos nas quais o único objetivo era fazer uma queda de braço para ver quem estava certo. Ou melhor, o objetivo não era ver quem estava certo, mas sim quem era mais forte para empurrar a sua opinião goela abaixo da outra pessoa. Provavelmente você lembrará de algumas discussões desse tipo, como eu também me lembrei ao escrever essas linhas. E provavelmente você irá considerar a maioria delas sem sentido, assim como eu também hoje considero algumas discussões que eu tive.

Então eu pergunto: se sabemos disso, por que entramos em discussões desse tipo? Talvez a resposta esteja no nosso perfil comportamental, no nosso ego ou na tentativa de não deixar o nosso orgulho ser ferido. Talvez esteja naquela falsa necessidade de termos que ter a última palavra em tudo ou de não se submeter ao que o outro está falando. É provável que isso aconteça quando somos levados por alguma emoção que pode fazer com que a gente esqueça de medir o tom da voz, perca a noção da nossa linguagem corporal e não meça as palavras que estão sendo ditas. É quando a forma da mensagem se sobrepõe ao conteúdo.

O mais interessante é notar que geralmente as pessoas que levantam a voz logo ficam sem poder de convencimento. O estoque de argumentos dessas pessoas logo termina e tudo que lhes resta é partir para a força, para a imposição. Também acredito que as pessoas que levantam a voz não têm argumentos porque não têm domínio sobre aquilo que estão discutindo. Acham que entendem do assunto, mas suas análises são superficiais e seu entendimento sobre o tema é limitado. Via de regra, isso acontece porque aquele que muito fala, pouco ouve e pouco observa. E quem ouve pouco e observa pouco, aprende pouco e fica sem condições de tentar argumentar de uma forma mais inteligente.

Alguns poderiam pensar que o que realmente importa é impor o argumento e ganhar a discussão. Em certos momentos isso é verdadeiro, pois algumas situações podem exigir uma atitude mais enérgica na comunicação. É tudo uma questão de equilíbrio, de saber quando usar um estilo mais forte ou quando usar um estilo mais suave. Só que o problema passa a ser justamente esse, pois é difícil saber com precisão qual é a hora certa para cada tipo de argumento pelo fato de que geralmente as pessoas que gostam de levantar a voz numa discussão têm somente esse recurso para utilizar.

Mas eu também acho que esse ponto de melhoria pode ser trabalhado e para isso basta que a gente repare nas reações das outras pessoas quando a forma que utilizamos na nossa comunicação não é adequada, pois as pessoas não irão conseguir disfarçar o incômodo que sentem quando alguém está usando a força para argumentar algo. Quando evidenciamos esse tipo de reação fica claro que temos que mudar o tom! É no contato com o outro – principalmente em reuniões, quando argumentos são apresentados e interesses são defendidos explicitamente, com muito mais do que palavras – que podemos observar a reação do outro e nos colocarmos em seu lugar. Ao invés de levantar a voz, procure melhorar o argumento.

Fala galera do Coachitório Online!

Certa vez eu li uma frase que dizia que a comunicação é um problema que se resolve somente por meio da própria comunicação. Isso faz muito sentido para mim, afinal de contas, como conhecer os objetivos comuns, bem como as necessidades, dificuldades, soluções, percepções e os desejos de todos, se não através do exercício da comunicação? Uma coisa é certa: a opção pela não-comunicação é uma opção pela fuga, pois decidimos deliberadamente ignorar e não resolver o problema que nos incomoda.

Por conta disto eu quero te fazer uma pergunta: como tem sido o processo de comunicação na sua vida pessoal ou profissional? Quero ouvir você! Compartilhe a sua resposta com a gente. Deixe a sua mensagem, sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br  

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Obrigado a você que sempre acompanha os episódios semanais do nosso podcast sobre pessoas, carreira e liderança. Para você que está chegando agora, seja bem-vindo. Eu te convido conhecer todas as temporadas do nosso podcast e também quero te convidar a conhecer a Jornada! É um processo que nós desenvolvemos para promover o seu crescimento pessoal e profissional por meio da metodologia e das ferramentas do Coaching. Tudo isso online! E o melhor de tudo: todo esse processo será conduzido pelo melhor Coach que você já conheceu: você! Conheça a Jornada e seja Coach de si mesmo! Você encontra mais informações sobre a Jornada no link que está aqui nesse post.

Encontro você no próximo episódio! Um abraço!