Transcrição do episódio "84 – O Homem Que Ri!"
Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.
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O HOMEM QUE RI!
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É difícil acreditar que um personagem tão tradicional das histórias em quadrinhos e do cinema possa voltar a fazer tanto sucesso e ser tão comentado quanto ele. Mais difícil ainda é fazer isso com um vilão, um megavilão. Ao contar a sua origem, a sua história, os autores conseguiram fazer com que o público sentisse empatia e até tivesse pena da triste história do Coringa, o personagem de hoje do Coachitório Online.
Em 2019 a Village Pictures decidiu contar novamente a história do Coringa. Nós conhecemos o Coringa como um dos grandes inimigos do Batman, mas muito pouco sabíamos da história desse personagem. Prometo que não vou contar spoilers e tudo o que eu tenho a dizer sobre esse filme é recomendar que assistam. Ainda assim, é preciso dizer que Arthur Fleck – o nome real do Coringa – não foi sempre um vilão. Apesar de seus problemas neurológicos, que demandavam tratamento por medicamentos e o acompanhamento constante de psicólogos, ele tentava viver uma vida normal. Trabalhava como palhaço, entretendo crianças e adultos. Tinha o sonho de ser um reconhecido comediante de stand-up e tentava a duras penas emplacar nessa carreira.
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Mas algumas coisas aconteceram ao longo da sua caminhada que fizeram com que Arthur Fleck se transformasse no Coringa. Rejeição, deboche das outras pessoas, dificuldades financeiras e profissionais foram somente algumas gotas que foram enchendo o copo de Arthur Fleck, até que ele estourasse.
Eu acho que alguns ouvintes devem estar se perguntando porque estamos falando sobre um vilão no episódio de hoje, pois esta temporada do Coachitório Online se baseia nas características positivas e nos pontos de melhoria dos personagens que transitam por aqui. Pode um vilão ter características positivas de comportamento? Eu acredito que sim, muito embora o objetivo deste episódio não é o de fazer uma análise psicológica do Coringa, mas sim de provocar um olhar para o ser humano que havia antes do vilão.
Sim, é aí que começa a polêmica: um vilão, uma pessoa do mal, já nasce assim? A pessoa já vem predestinada a ter uma vida de crimes ou será que essa é uma escolha que ela faz ao longo da vida, por meio do exercício do seu livre-arbítrio? Também tem outra coisa: até que ponto a Sociedade, o ambiente em que estamos inseridos, molda o nosso comportamento e nossos valores, influencia as nossas escolhas e contribui para sermos quem somos?
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Eu acho difícil encontrar uma resposta definitiva e precisa sobre isso… Eu tenho minhas opiniões, que refletem um pouco das minhas crenças. Sim, eu acho que o ambiente ao nosso redor influencia fortemente as nossas escolhas, nossos comportamentos e atitudes. Também acho que a Educação tem um papel fundamental na formação de cidadãos de bem, assim como eu acho que a família é essencial para educar e formar cada um de nós. Da mesma forma, também acredito em predestinação. Acredito que cada pessoa tem um papel a cumprir no teatro da vida, só que eu também acredito que o livre-arbítrio é algo que exercemos diariamente e que pode fazer com que a gente se aproxime ou se afaste de tudo aquilo que está predestinado para nós.
Concordo! É um tanto complicado!
Prefiro não fazer julgamentos prévios sobre o que cada pessoa faz ou diz, pelo simples fato de não conhecermos a verdadeira história por trás de cada comportamento ou atitude. É por isso que o Coringa está no episódio de hoje do Coachitório Online, para que a gente possa apresentar o ser humano que havia antes do vilão.
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Nosso objetivo é levar informação e conhecimento relevantes para a vida e a carreira das pessoas e o Coringa pode contribuir com esse objetivo também. Nascido em família humilde, ele cresce sem saber quem é o pai e vendo a sua mãe batalhar duramente para sustentar a casa. A relação com a mãe não é das melhores e não dá para dizer que o lar é um lugar cheio de amor. Mas, ainda assim, Arthur Fleck é um cara ambicioso. Ele ignora seus problemas neurológicos que fazem com que ele ria em momentos inadequados. Ele não tem controle sobre esse problema e isso faz com que uma carreira supostamente “normal” não seja possível para ele.
Então ele se dedica ao riso. Ele tenta transformar o limão em limonada ao usar o seu problema como alavanca para a sua tão sonhada carreira de comediante. Essa é uma grande lição, que muita gente ignora. Todos têm pontos de melhoria, fraquezas que às vezes parecem intransponíveis. Mas às vezes é justamente o nosso ponto de melhoria que pode servir como impulso para realizarmos o que desejamos. É preciso autoconhecimento e humildade para lidar consigo mesmo desta forma.
Claro que o sucesso na vida de comediante não é fácil para ninguém, principalmente para Arthur Fleck. Ainda assim, ele se põe a trabalhar de palhaço e é dali que vem a famosa caracterização do que viria a se tornar futuramente o Coringa.
Arthur Fleck é uma pessoa do bem. Apesar da vida difícil e de seus problemas neurológicos, ele se dedica a buscar a realização do seu sonho. Só que alguns eventos acontecem, que servem como gatilho para que ele se transforme no vilão a ser combatido pelo Batman.
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Prefiro não falar das características do vilão, até porque tem muita coisa pesada na personalidade e nas atitudes do Coringa. Ao invés disso, prefiro falar de escolhas, de zona de conforto e dos limites que cada um de nós tem.
Arthur Fleck foi levado ao limite e não conseguiu dar conta do recado. Foi levado à beira do abismo e acabou pulando para dentro de uma vida de crimes. Claro que essa história de ficção passa longe da pressão e das escolhas que devemos fazer diariamente. Mas, vamos falar a verdade: às vezes não dá vontade de chutar o pau da barraca? Você já teve aquele dia em que tudo o que você deseja é ir embora da empresa, deixar o chefe e os colegas para trás? Ou até fugir de si mesmo?
Se a tua resposta for sim, saiba que você não está sozinho. Eu já passei por momentos assim. Várias vezes. Sim, há os dias em que a gente tem vontade de dar aquele soco na mesa, falar algumas verdades e até xingar algumas pessoas. Identificar esses momentos é crucial para a nossa vida pessoal e profissional. Sabe por quê? Porque é nessas horas que a gente pode usar o nosso livre-arbítrio e definir que reação iremos tomar diante do que está acontecendo conosco. E o tipo de reação que iremos tomar pode definir o rumo da nossa carreira e dos nossos relacionamentos.
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Eu conheço muita gente que verdadeiramente surta quando se depara com esses momentos. Há os que choram compulsivamente, os que xingam a tudo e a todos, falam palavrões e até agridem pessoas. O pior de tudo é que tem gente que se sente orgulhosa por isso, pois acham que não se deve levar desaforo para casa. Consideram ter feito a coisa certa, porque se proclamam transparentes e sinceros. Sentem-se bem por terem desabafado. Só que não é por aí, porque eles desconhecem os efeitos que isso traz para a sua vida pessoal e profissional.
Digo isso porque a pessoa que surta muitas vezes ignora que as pessoas que estão ao seu redor também estão no limite e podem devolver na mesma moeda. E quando isso acontece, sai de baixo. A discussão surge, o bate-boca impera e o bom senso vai embora. Ninguém tem razão e nesse momento é provável que as pessoas envolvidas façam ou digam coisas que são irreversíveis.
O Coringa não teve suporte ou condições para evitar o seu surto e as suas atitudes violentas, porque ele tinha um problema mental que agravava e dificultava em muito o seu juízo. Mas nós não somos o Coringa e nós temos a capacidade de identificar o momento crítico, aquele segundo que pode mudar tudo em nossas vidas e que podemos evitar se soubermos como lidar com uma situação que parece insuportável.
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Nesse momento, você deve estar se perguntando: OK, mas como se faz isso? Como encontrar esse equilíbrio?
Respire, conte até dez, saia da sala. Fique em silêncio. Tenha consciência do que está acontecendo e decida não fazer parte ou até aumentar a confusão. Perceba o seu batimento cardíaco, pois se ele está mais acelerado, é sinal de que a situação não está te fazendo bem.
E, por fim, tem algo que eu sempre costumo dizer aos meus clientes quando falamos desse tipo de situação: proteja você de você mesmo.
Há uma fábula, contada pelos índios Cherokees dos Estados Unidos, que fala sobre os dois lobos que habitam o nosso coração. Um deles é bom e só quer fazer coisas boas. Vive em harmonia consigo mesmo e com os outros. Quando é necessário lutar, ele o faz de forma justa. O outro lobo é mau. Está sempre de mau humor e com um enorme peso em suas costas. Vê problemas em todas as coisas que acontecem, mesmo as mais pequenas. O fato é que um dos lobos vai vencer e assim irá determinar nossos comportamentos e atitudes. Sabe qual deles vence? Aquele que mais alimentamos.
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Fala, galera do Coachitório Online.
O Coringa é um vilão e não há como mudar isso. Mas ele é importante para o Coachitório Online porque acaba sendo um exemplo do cuidado que temos que ter com as nossas ações e reações. Os dias atuais requerem cuidado não só com a nossa saúde física, mas também mental e espiritual. Cuide-se para não surtar e não falar ou fazer coisas das quais você possa se arrepender depois.
Ah, tem também uma curiosidade a respeito do personagem de hoje. A aparência do Coringa foi inspirada em um filme chamado O Homem que Ri, baseado em um romance escrito pelo escritor francês Victor Hugo. A descrição do personagem central do livro serviu como inspiração para caracterizar o Coringa nas histórias em quadrinhos tal como o conhecemos hoje, sobretudo no que diz respeito ao seu sorriso permanente.
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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!