Por muito tempo, foi bastante comum ver que as atividades de RH se limitavam às ações de Departamento de Pessoal. Era a turma que cuidava do cartão-ponto, folha de pagamento, atestados médicos etc.
Era uma época em que tudo era muito manual e, com isso, erros eram mais frequentes. E por conta desses erros, era comum encontrar funcionários entrando e saindo da área de RH, com o objetivo de tirarem suas dúvidas e até reclamarem a respeito dos erros que tinham acontecido.
As empresas tinham, inclusive, um balcão no qual uma pessoa se dedicava exclusivamente a atender as pessoas e suas dúvidas. Era a época do RH de balcão. Naquela época, o RH de balcão era a única interface entre o colaborador e qualquer atividade ligada à área de Recursos Humanos.
Os conceitos mais modernos de liderança e gestão de pessoas, que são cada vez mais difundidos e praticados na atualidade, não faziam parte do cotidiano das organizações e, menos ainda, das lideranças.
E é justamente este aspecto que tornava o RH de balcão tão importante para as empresas e, principalmente, para as pessoas. Era comum ouvir as pessoas se programando para ter esse atendimento. Era comum ouvi-las dizer:
“Hoje eu vou lá no RH!”
Eu sempre observei esse tipo de comentário de uma forma neutra, quase natural. Só que hoje em dia eu percebo que o RH de balcão foi, por muito tempo, a única forma de gestão de pessoas que as empresas tinham. O funcionário do Departamento de Pessoal que era designado a atender as pessoas trabalhava, também, como um verdadeiro oráculo.
Além de ouvir a dúvida que o funcionário apresentava, o funcionário do RH também ouvia as queixas, desabafos e até confidências dos colaboradores. Era quase um confessionário, o momento que o funcionário dedicava para suprir uma das maiores necessidades do ser humano:
Ser ouvido
Por mais moderno que o mundo se torne e, por mais tecnologia que tenhamos à disposição para evoluirmos nas relações interpessoais, essa necessidade permanece.
Eu diria até que a necessidade de ser ouvido não só permanece, como tem aumentado.
Inclusive, acredito que é justamente por causa da modernidade e da tecnologia, pois as relações estão cada vez mais digitais, rápidas e superficiais. O afastamento entre as pessoas é que faz com que a necessidade de ser ouvido aumente cada vez mais e, como consequência, aumente também a carência das pessoas.
O RH de balcão não se faz mais presente na maioria das organizações, porque a tecnologia fez com que a necessidade do colaborador se dirigir ao RH para tirar dúvidas diminuísse bastante.
Só que a maioria dos líderes ainda não despertou para a necessidade de acolher e ouvir as pessoas de sua equipe.
Falta o líder fazer o papel do RH de balcão e, por causa disso, a gente percebe que aumenta cada vez mais a carência das pessoas dentro das empresas. Esse afastamento impacta diretamente na atração e retenção de pessoas, no clima organizacional e na produtividade das pessoas, que gostam e querem continuar sendo percebidas e ouvidas.