Eu gosto muito de livros e costumo dizer que cada livro tem uma história que supera aquilo que está escrito em suas páginas. E gosto de acreditar que, para cada livro, seria possível escrever outro livro sobre como aquela obra surgiu. Eu sei, a frase ficou confusa, mas o que eu quero dizer é que cada livro tem uma espécie de making-off, aquelas histórias de bastidores que são tão importantes quanto o próprio livro.

O caso do livro “O homem mais rico da Babilônia” é exatamente assim. Um verdadeiro best-seller, com mais de dois milhões de cópias vendidas em todo o mundo, o livro de George Samuel Clason é uma das obras precursoras sobre planejamento financeiro, investimento e riqueza.

O mais interessante é que o autor não trabalhou neste livro da forma tradicional, na qual o escritor planeja, pesquisa e dedica tempo para escrever a obra. O homem mais rico da Babilônia nasceu a partir de uma coletânea de parábolas escritas por Clason, a partir de 1926, e distribuídas sob a forma de panfletos, em bancos e companhias de seguro norte-americanas.

As parábolas descritas pelo autor são ambientadas na antiga Babilônia – a cidade bíblica descrita como a maior, mais rica e próspera do seu tempo. George Clason descreve em seu livro a forma como os babilônios lidavam com o dinheiro e, mais do que isso, ensina algumas regras que são mais atuais do que nunca – muito embora tenham sido desenvolvidas há mais de três mil anos. Exemplo disso são as cinco leis de ouro:

  1. O ouro vem de bom grado e numa quantidade crescente para todo homem que separa não menos do que um décimo de seus ganhos a fim de criar um fundo para o seu futuro e de sua família;
  2. O ouro trabalha diligente e satisfatoriamente para o homem prudente que, possuindo-o, encontra para ele um emprego lucrativo;
  3. O ouro busca a proteção do proprietário cauteloso que o investe de acordo com os conselhos de homens mais experientes em seu manuseio;
  4. O ouro foge do homem que o emprega em negócios ou propósitos com que não está familiarizado ou que não contam com a aprovação daqueles que não sabem poupá-lo;
  5. O ouro escapa ao homem que o força a ganhos impossíveis ou que dá ouvidos a conselhos enganosos de trapaceiros e fraudadores.

Descobrir as lições contidas neste livro, nós faz perceber que tudo o que se fala atualmente sobre planejamento financeiro, riqueza e prosperidade já era defendido há muitos séculos em uma região muito distante.

Tão incrível quanto ver a longevidade destas lições é lembrar que elas foram trazidas para a atualidade de forma despretensiosa por uma mente brilhante, cujo propósito não era o de escrever um livro, mas sim de espalhar esse conhecimento de forma gratuita para quem tivesse interesse em aprender. Ao ver essa história eu lembro de uma frase proferida por um amigo, o saudoso professor João Benjamim da Cruz Junior. Certa vez ele disse que “livros são um ato de humildade por parte de quem os escreve e de quem os lê.”

FICHA CATALOGRÁFICA:

CLASON, George S. O homem mais rico da Babilônia. 18. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997.

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