No texto que postamos anteriormente em nosso blog, perguntamos o que há de errado com a hierarquia. Esta pergunta, com cara de pegadinha, nos induz a procurar evidências sobre o que há de errado com a hierarquia e os famosos organogramas.
No entanto, será que o problema está na hierarquia ou na nossa falta de entendimento sobre o assunto e na forma equivocada como aplicamos os conceitos da hierarquia? Acho que a segunda opção é mais correta.
Isso faz com que muitas pessoas se dediquem a procurar formas alternativas de organizar a empresa, sem que haja hierarquia. Fala-se bastante de equipes autogerenciáveis, downsizing, etc. São conceitos interessantes e muito válidos, mas que não são suficientes para abolir a existência da hierarquia.
Claro que essa é somente a minha opinião. Só que ela está baseada na minha experiência e vivência nas organizações, nas quais eu vejo as boas e as más práticas da utilização da hierarquia. E tudo isso me permite reforçar a ideia de que acabar com a hierarquia não é a melhor forma de resolvermos os nossos problemas organizacionais. É mais fácil – e indicado – ajustar a máquina e utilizar de forma correta todos os pressupostos da organização hierárquica.
Além das observações que tenho feito nas empresas, o ponto mais forte do meu argumento em favor da organização hierárquica está no discurso de Peter Drucker – um dos maiores autores e especialistas em Administração e gestão da história. Ele disse:
“Atualmente, fala-se muito sobre o ‘fim da hierarquia’. Isto é um absurdo flagrante. Numa situação de crise – e toda organização pode enfrentá-la mais cedo ou mais tarde – a sobrevivência depende da clareza e das ações e decisões de quem está no comando.”
Fazer com que a organização cresça, evolua e seja moderna – ainda que dentro de uma estrutura hierárquica – é um grande desafio para os gestores da atualidade. É um desafio porque em muitos casos, quando os líderes de uma empresa começam a subir na hierarquia, começam também a pensar somente em seus pequenos feudos – os seus departamentos.
Desta forma, acabam ignorando a importância da visão sistêmica – aquela que nos leva a ver a organização como um todo ao invés de somente ver as suas partes isoladas.
Quando um gestor prefere ver apenas o seu departamento, é muito provável que as suas decisões sejam tomadas apenas para privilegiar o seu próprio feudo em detrimento da empresa como um todo.
O desafio é encontrar gestores que estejam a fim de crescer na hierarquia da empresa por meio do desenvolvimento de uma visão mais global e sistêmica da empresa.
Para ilustrar o que vem a ser esse desafio, tomo a liberdade de citar o que outro grande autor da área da gestão falou há muito tempo. Alvin Toffler disse que precisamos de gestores que possam trabalhar de forma competente num estilo de liderança do tipo “porta-aberta”, democrático e fluído, bem como num modo hierárquico que demande que trabalhem numa organização estruturada como uma pirâmide.
Apesar de muitas pessoas defenderem o fim da hierarquia, será muito mais fácil aprendermos a utilizar os conceitos da hierarquia a favor do crescimento da empresa. Afinal de contas, muitas empresas tradicionais e de sucesso estão organizadas desta forma.