Sempre gostei muito de montar quebra-cabeças. Desde pequeno, gostava muito de procurar e encaixar as peças que, no final, acabavam por revelar imagens coloridas. Os quebra-cabeças eram simples, com poucas peças, assim como eram simples os desafios da época…

Ainda gosto muito de montar quebra-cabeças, mas hoje em dia eles são um pouco diferentes. Às vezes, a falta de tempo impede que eu me dedique a montar os quebra-cabeças reais que sempre gostei e, atualmente, a vida faz com que eu tenha que montar os quebra-cabeças que a vida social, pessoal e profissional impõem. Porém, acredito que a maneira de montar esses quebra-cabeças é igual.

O apreço por montar quebra-cabeças foi transmitido para minhas filhas e eu me lembro de elas me perguntarem:

“Como montamos um quebra-cabeça?”

“Por onde começamos?”

Apesar de nunca ter lido manuais a respeito, sempre entendi ser mais lógico começar pelas beiradas. Procurar as peças com extremidades lisas, retas e separá-las por cor e similaridade, para então começar a encaixá-las. Assim formamos a parte externa, a moldura que vai nos permitir formar a imagem como um todo.

Até que um dia, minha filha caçula ganhou um quebra-cabeças maior, de 500 peças. E ela me perguntou:

“Como montamos esse quebra-cabeças?”

E a resposta foi a mesma:

“Começamos pela beirada!”

E assim fizemos com esse quebra-cabeças. Mas, apesar de usarmos a mesma metodologia para montá-lo, a quantidade maior de peças faz com que o processo fosse mais complexo e o progresso seja mais lento.

Eu gosto dos quebra-cabeças como uma metáfora sobre as coisas que acontecem com a nossa vida. Quando somos crianças, nossos quebra-cabeças são simples, com poucas peças e imagens pouco complexas. Poucas peças permitem que a gente logo descubra a melhor forma de compor a imagem.

Assim é a nossa vida enquanto crianças: na maioria das vezes, a quantidade de peças com as quais precisamos lidar é proporcional à nossa pouca idade, bem como também acontece novamente com a nossa vida adulta.

A complexidade do nosso quebra-cabeças é proporcional à nossa idade.

É proporcional às coisas que a gente decide buscar e enfrentar. É também proporcional às barreiras e dificuldades que encontramos no decorrer da nossa caminhada. Quando o quebra-cabeça é mais simples, dificilmente a gente erra o encaixe de uma peça. Mas, quando o quebra-cabeças é mais complexo, o número de possibilidades e variáveis é maior, o que pode nos induzir ao erro:

  • As peças são menores e muito parecidas;
  • Várias são as tentativas frustradas de encaixar a peça correta;
  • O número de peças é muito maior…

O objetivo da montagem de um quebra-cabeças é a formação daquela imagem que a embalagem mostra, desde os desenhos mais simples e coloridos dos quebra-cabeças infantis, até as belas imagens de castelos e jardins dos quebra-cabeças maiores. E novamente:

Quanto mais bela for a imagem que desejarmos construir, maior é o número de peças necessárias. Maior é a complexidade da montagem do quebra-cabeças. E quanto mais próximos estamos de completar a formação da imagem, maior é a noção da importância de cada peça. Basta faltar uma peça para que toda a imagem seja prejudicada. Basta faltar uma peça para que o contexto seja prejudicado.

Nosso desafio é a contínua montagem do nosso quebra-cabeças pessoal e profissional.

Acredito que as peças estão sempre sobre a mesa. Se o número de peças for pequeno, é sinal de que o desafio, a imagem como um todo é mais simples. Se o número de peças, de variáveis, for muito grande, é sinal de que a imagem que construiremos é mais complexa. Penso que o foco não deve estar na pré-ocupação sobre a complexidade da imagem, mas sim em começar a montá-lo.

Como? Comece pelas beiradas, pois é ali que estará a sustentação da imagem que vamos construir!

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