Transcrição do episódio "62 – Caverna do Dragão"
Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.
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A CAVERNA DO DRAGÃO
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Quem está acompanhando o Coachitório Online deve lembrar que há algumas semanas nós fizemos um episódio que falava sobre a visão além do alcance. Foi um episódio inspirado nos Thundercats, aquele simpático desenho do Lion e da espada justiceira que tinha o olho de Thundera, que dava a visão além do alcance. É o episódio #54 do nosso podcast e, para quem ainda não ouviu, convido a dar uma corridinha lá na sua plataforma favorita para ouvir esse episódio.
Aquele episódio me inspirou a revisitar outro clássico dos desenhos infantis dos anos 1980: a Caverna do Dragão.
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O primeiro desafio que apareceu foi: como usar a Caverna do Dragão para falar sobre pessoas, carreira e liderança? Os Thundercats tinham uma metáfora bem clara, que era a espada justiceira e a visão além do alcance. Mas, e a Caverna do Dragão? Quais são as lições, as metáforas desse clássico dos anos 1980?
Antes de mais nada, vamos falar um pouco do enredo desse desenho. Em resumo, toda a trama consiste na história de um grupo de crianças que vai até um parque de diversões e lá encontra um brinquedo chamado Caverna do Dragão. Elas decidem entrar no brinquedo. Só não sabiam que esse brinquedo era, na realidade, um portal que acabou transportando todo o grupo para um mundo mágico. Nesse mundo mágico, elas tentam sempre encontrar o caminho de volta para casa. Também enfrentam muitos desafios e aventuras para salvarem a pele contra as investidas do Vingador. Tudo, claro, sempre com a ajuda do sábio e enigmático Mestre dos Magos, uma espécie de mentor que tinha a grande capacidade de surgir do nada para dar importantes lições para as crianças.
Ah, e o Mestre dos Magos tinha a igual capacidade de sumir do mapa no momento seguinte.
Esse enredo, por si só, já nos dá vários insights para fazer esse episódio.
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Acho que a primeira grande lição está justamente nas crianças e no grupo que elas formaram. De forma proposital, os criadores da Caverna do Dragão desenharam personagens com comportamentos muito diferentes entre si. Tem o líder da turma, que é o Hank. Ele faz aquele tipo de garoto popular de escola norte-americana. Bem típico. Tem também o filhinho-de-papai, o nerd, a garota descolada e a menina inteligente. Tem também o irmão mais novo e a mascote. É um grupo plural e essa diversidade fica bem clara na mistura das características marcantes que cada uma das crianças tem: coragem, medo, inteligência, ingenuidade, liderança, entre outras.
O grande desafio das crianças é formar um time, pois sabem que sozinhas nada conseguirão. Logo fica claro que é tudo ou nada: ou todos se salvam, ou ninguém escapa.
Além das características que fazem parte de cada um, cada personagem ganhou uma arma que lhes dá poderes especiais. Esses poderes, quando são combinados, podem representar a chave para a que a busca pelo caminho de volta para casa seja bem-sucedida. Ao mesmo tempo, essas armas representam a maior ameaça para eles, pois o Vingador – que é o maior inimigo das crianças – quer capturar as armas para ficar com o poder que elas têm.
Mas, então! Qual é a grande lição da Caverna do Dragão?
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É a lição do trabalho em equipe… Saber trabalhar em equipe é um grande desafio para todos nós na vida profissional. Somos como as crianças da Caverna do Dragão: temos perfis e personalidades distintas. Temos experiências diferentes e temos armas, ou melhor, recursos diferentes. Essa diversidade é nosso grande trunfo, só que nossas competências e habilidades individuais somente têm sentido e serão mais efetivas quando conseguimos unir com as competências e habilidades de outras pessoas.
A missão não é difícil. É complexa. Só que muita gente torna o trabalho em equipe algo difícil de fazer porque esbarra no ego, no individualismo e na falta de empatia. E, no meu trabalho, eu vejo o quanto isso prejudica o desempenho e o relacionamento interpessoal. A Caverna do Dragão traz inúmeros exemplos de conflitos, dúvidas e individualismo e traz também, claro, a superação desses obstáculos por parte das crianças, sempre com a ajuda do Mestre dos Magos.
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O Mestre dos Magos é outra grande metáfora, outra grande lição da Caverna do Dragão.
Se pudéssemos traduzir para o mundo corporativo o que o Mestre dos Magos representa para aquelas crianças, eu diria que ele é um verdadeiro Mentor. O Mentor é uma figura onipresente nos desenhos e filmes de ação e aventura. Tem até um livro chamado “O herói de mil faces”, escrito pelo americano Joseph Campbell, no qual ele defende a tese da “jornada do herói”, mostrando que a história de todos heróis dos desenhos e filmes de aventura é muito parecida e que a figura do Mentor é fundamental para o herói combater os monstros e superar os desafios que ele encontra.
Aliás, tem uma frase do Joseph Campbell que é uma das minhas frases favoritas de todos os tempos. Ele dizia:
“O tesouro que você procura está escondido na caverna que você tem medo de entrar.”
Vou falar de novo.
“O tesouro que você procura está escondido na caverna que você tem medo de entrar.”
Percebeu que tem a palavra “caverna” no meio da frase? Pois é, mais uma caverna. Não no sentido físico, mas no sentido metafórico, claro.
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É muito importante ter mestres com quem a gente possa contar e o melhor de tudo é que a gente encontra vários mentores ao longo da vida. Sempre há aquela pessoa que está disposta a nos ensinar, a nos ouvir e nos dar lições que somente a experiência e a sabedoria conseguem dar.
Só que muitas vezes a gente não reconhece esse mentor. Ou melhor, não damos ouvidos ao que nos é ensinado e, com isso, perdemos grande oportunidades de aprendizado. Essas lições certamente irão fazer falta na nossa vida, até porque quem pouco aprende, pouco tem a ensinar para as gerações futuras. É um verdadeiro desperdício ignorar os mentores que estão ao nosso redor, prontos para nos ajudar.
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Felizmente ainda há muita gente que bota fé na boa-vontade e na capacidade que as pessoas mais experientes têm para nos ajudar. Mas tem muitos que ainda criticam aqueles que dão ouvidos e se mostram dispostos a aprender e a ouvir os conselhos das pessoas mais velhas. Estou me referindo ao mundo corporativo, ao fato de que muita gente torce o nariz quando precisa trabalhar com pessoas mais velhas ou ainda quando levam um puxão de orelhas de alguém mais experiente. Isso me faz lembrar uma frase do filósofo e escritor alemão Friederich Nietzsche. Ele disse:
“E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música.”
E assim muita gente é julgada porque respeita, ouve e pede ajuda para os mentores, para as pessoas que mais sabem. Pedir ajuda é um ato de humildade, de reconhecimento pela sabedoria e experiência que está à nossa disposição. Esse ato de humildade vai acelerar nosso aprendizado e encurtar nossos caminhos. Até porque, como eu falei há pouco, é só assim que conseguiremos, no futuro, sermos mentores dos jovens que estão surgindo na vida profissional.
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Voltando ainda para a história da Caverna do Dragão, esse desenho me fez lembrar ainda de outra caverna. Trata-se de uma alegoria de um conhecido filósofo grego. É a Caverna de Platão. No livro chamado “A República”, Platão descreve a alegoria da caverna como uma forma de exemplificar como o ser humano pode aprender e evoluir, se libertar da escuridão da ignorância que nos aprisiona quando decidimos sair da caverna e enxergar a luz da verdade, do conhecimento e da educação.
Embora tenha sido escrita há mais de dois mil anos, a alegoria da Caverna de Platão é mais atual do que nunca, pois fala da ignorância com a qual muita gente vive e da forma como reagimos quando alguém decide romper com essa ignorância e nos apresentar algo novo. Para alguns, a novidade e a luz do conhecimento é bem-vinda. Para outros, é uma ameaça, algo a ser eliminado, banido.
Quantas coisas novas a gente pode aprender quando prestamos atenção às lições que a vida e as pessoas trazem para nós. Da mesma forma, quantas coisas podemos botar a perder quando decidimos ignorar essas lições, não é mesmo?
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Fala, galera do Coachitório Online.
A Caverna do Dragão é um desenho fantástico, cercado de lendas urbanas até hoje. Quem curtia esse desenho sabe do que estou falando. Quem não conhece, convido a dar uma espiada nas lendas e nos mitos que a Caverna do Dragão deixou para nós. Até hoje esse desenho rende muito assunto e todo tipo de teoria que você possa imaginar.
Você também deve ter reparado que hoje eu falei de algumas cavernas. Falamos da caverna que esconde o tesouro da jornada do herói, assim como falamos da Caverna de Platão. Para quem não conhece o assunto, fica a dica de dar uma olhada na internet e se familiarizar mais com a jornada do herói e a Caverna de Platão. E, para variar, vou dar um spoiler aqui. Irei fazer um episódio específico sobre cavernas, porque a caverna é uma metáfora muito poderosa para falar sobre a jornada do autoconhecimento. Prometo que esse episódio logo vai sair.
Aliás, eu acho que esse é um momento propício para falarmos de autoconhecimento. Estamos no meio de uma crise, que não tem mais somente a ver com o vírus. É uma crise econômica, política e social. É a hora de olharmos para dentro de nós, para a nossa caverna, para darmos um sentido completamente novo para a nossa vida e a nossa carreira. É hora de promovermos essa jornada do autoconhecimento e eu te convido dar uma olhada lá no site da Ponte ao Futuro, porque prepararmos essa jornada do autoconhecimento para você. Dê uma conferida lá, porque vale a pena.
Muito obrigado a você que nos acompanha semanalmente aqui no Coachitório Online. Quero dar as boas-vindas para quem está chegando agora. O nosso podcast semanal sobre pessoas, carreira e liderança está na terceira temporada e eu aproveito para te convidar a curtir todos os nossos episódios e temporadas pela sua plataforma favorita.
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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!