• 5ª Temporada
  • A Temporada que Vai Virar Livro!

  • Em 2016, eu lancei o meu primeiro livro, os 50 textos, que, como o próprio nome diz, é uma coletânea de textos sobre desenvolvimento humano, liderança e gestão. As pessoas começaram a me perguntar quando eu iria lançar a nova versão dos 50 textos. Pois bem, nada como unir o útil ao agradável, não é mesmo? Em outras palavras, os episódios da 5ª. temporada servirão como base para os 50 textos do meu próximo livro sobre desenvolvimento humano, liderança e gestão.

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137 – Mostre a palma da sua mão

Você já deve ter visto aquela cena em que a pessoa vai a um tribunal prestar um depoimento e, antes de começar a falar, faz um juramento com a mão direita sobre a Bíblia e a mão esquerda aberta e erguida. Esse gesto simbólico serve para mostrar que, tanto a mão aberta sobre a Bíblia Sagrada quanto a mão esquerda aberta e exposta estão vazias, para que as pessoas vejam que aquele que presta o juramento entra e sai daquele processo sem trazer nada e sem levar nada. Mostrar a palma da mão é um gesto de confiança e honestidade.

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Transcrição do episódio "137 – Mostre a palma da sua mão"

Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.

MOSTRE A PALMA DA SUA MÃO

Você já deve ter visto aqueles filmes em que a pessoa vai a um tribunal prestar um depoimento e, antes de começar a falar, ele jura falar a verdade, somente a verdade, nada mais do que a verdade. Enquanto faz o juramento, as suas mãos estão abertas sobre a Bíblia e a mão esquerda está igualmente aberta e erguida. Esse gesto simbólico serve para mostrar que tanto a mão aberta sobre a Bíblia Sagrada e a mão esquerda aberta e exposta estão vazias, para que as pessoas vejam que aquele que presta o juramento entra e sai daquele processo sem trazer nada e sem levar nada.

É um gesto de confiança e honestidade. Sinal semelhante acontece quando vamos dar o tradicional aperto de mãos quando cumprimentamos as pessoas. Antes de apertar a mão daquele que encontramos, abrimos a mão para que o outro veja que nossa mão direita está vazia. Apesar de que em tempos de pandemia os apertos de mão estejam cada vez mais escassos, esse gesto simbólico tem origens históricas bem longínquas, mas apresenta o mesmo significado da honestidade e confiança do juramento feito no tribunal.

As nossas mãos falam muito. A linguagem corporal é fantástica e fala muito mais do que as palavras que saem da nossa boca. Inclusive, lá no episódio #65 do Coachitório Online nós falamos muito da linguagem corporal e dos efeitos dela na comunicação. Vale a pena ouvir de novo.

Historicamente, mostrar a palma da nossa mão é um sinal de confiança e honestidade. Como disse há pouco, mostra que nada trazemos e que nada levamos. É um sinal de caráter, que é tão importante para o ser humano quanto as suas habilidades técnicas e comportamentais. Caráter é o conjunto de qualidades morais como a firmeza, confiança e honestidade, que tanto falta no meio organizacional nos dias de hoje. Tanto é que se tornou célebre a frase de Peter Schutz, que foi presidente da Porsche lá nos anos 1980. Ele disse que preferia contratar pelo caráter para depois treinar as habilidades e isso faz ainda mais sentido nesses dias em que comunicação, relacionamento interpessoal, pertencimento e engajamento são temas cruciais para a formação de equipes e o exercício de liderança. Acima de tudo, acredito que a frase de Peter Schutz faz muito sentido porque na maioria das funções, os melhores profissionais são também as melhores pessoas.

Essa forma de pensar ainda encontra resistência no meio organizacional porque eu acredito que culturalmente somos educados a desconfiar. Desde pequeno, nas entrelinhas, somos sempre lembrados que temos que dormir com um olho aberto. É justamente no meio organizacional que conseguimos perceber as maiores evidência da cultura da desconfiança, pois várias são as estruturas, atividades e processos que ocorrem dentro da empresa com a clara finalidade de conferir e validar se o trabalho feito pelo outro foi realizado da forma correta. Testes, inspeções, auditorias, áreas de controle, sistemas e planilhas diversos existem para que os gestores se certifiquem de que tudo está ocorrendo conforme o planejado. Na realidade, toda essa estrutura também tem a finalidade de assegurar que as pessoas estão trabalhando, cumprindo de forma eficiente as horas pelas quais são pagas.

Vale dizer que eu não sou contrário a toda essa estrutura de controle e avaliação. Eu nem poderia dizer o contrário, pois eu passei boa parte da minha vida profissional trabalhando em empresas industriais nas quais a exigência de controle era muito grande. Controlávamos processos, pessoas, qualidade, enfim, tudo o que achávamos que poderia ou deveria ser medido e controlado. Além disso, a minha formação em Administração me lembra constantemente que o controle é um dos pilares da minha profissão e eu sempre advoguei a favor de termos ferramentas de controle, afinal de contas, somente gerenciamos aquilo que medimos.

Mas você já se deu conta que todos esses controles funcionam como um verdadeiro sistema de vigilância contínua que encarece absurdamente o nosso produto ou serviço? Custos fixos gerados pela desconfiança, pela nossa certeza de que as pessoas não irão cumprir a sua parte do acordo. Novamente, eu entendo perfeitamente essa forma de pensar e acredito que eu não faria diferente ou melhor do que isso. O problema é que desde os primórdios das empresas modernas a figura da liderança sempre foi vista como um adversário, como alguém em quem não podemos confiar. Automaticamente, a recíproca se torna verdadeira e o chefe acaba sendo aquele que pouco confia em nós e ambos ignoram completamente o fato de que trabalham na mesma organização para o mesmo fim, para os mesmos resultados.

Penso que essas atitudes repercutem também de forma muito negativa nos negócios, principalmente no Brasil, pois o índice de confiança que o empresariado mostra nas instituições políticas está proporcional à insatisfação do eleitorado em geral. Pior que isso, muitas pessoas ficam desiludidas com as próprias lideranças organizacionais, pois veem que muitos líderes imitam o papel desempenhado por vários candidatos – promessas, distanciamento, acusações, esquiva, etc… Mas eu acho que precisamos começar a pensar em uma forma diferente de gerir pessoas e processos, pois a época de utilização do ser humano como um insumo de produção está chegando ao fim.

Se há alguém que pensa que eu estou a defender uma anarquia generalizada dentro das empresas, está enganado. Por outro lado, também está enganado aquele que acredita que eu defendo com fervor a implantação de tudo quanto é tipo de ferramenta de controle e gerenciamento. Aí fica a dúvida: qual seria, então, a melhor alternativa? Eu entendo muito pouco de Astrologia e definitivamente não sou do tipo que consulta o horóscopo, mas, como bom libriano que sou, eu diria que a solução para o impasse entre confiança e controle está no equilíbrio, no meio-termo. Não sei se existe um sistema híbrido, até porque criar uma forma de gestão que seja bem-sucedida em mesclar essa relação complexa entre confiança e controle me parece uma tarefa difícil. Então eu apelo novamente para a liderança situacional, que nós falamos lá no episódio #135 do Coachitório Online. Quero dizer que o nosso estilo de gestão vai depender da situação. É o momento que vai determinar se temos que lançar mão do controle ou apenas confiar.

Até aí, tudo bem! É algo simples de entender e um tanto difícil de colocar em prática, pois caberá ao gestor saber identificar se o momento em questão é de confiança ou controle. Só que eu acho que a principal tarefa do líder vai muito além de desenvolver essa habilidade que lhe permitirá exercer a liderança situacional com bastante sucesso. Creio que a principal tarefa do líder é a de criar um ambiente em que a confiança predomine. Um ambiente em que o autocontrole e a autogestão sejam constantes, em que o zelo das pessoas para com os processos e para com os outros seja natural, sem que precise existir um “big brother” a olhar cada passo que nós damos nas organizações.

 

Se você pensa que esse ambiente é utópico, está enganado. O ser humano já viveu de forma muito mais harmônica com a Sociedade e com a natureza. Temos a incrível habilidade de cooperar de maneiras extremamente flexíveis e diferentes com um número incontável de pessoas. A confiança está em nosso DNA, então tudo o que precisamos fazer é permitir que confiemos uns nos outros e sermos dignos de que os outros também confiem em nós.

É um exercício diário de autoconhecimento e autoperdão, pois eventualmente haverá aquele que irá trair a sua confiança e isso pode ferir o seu orgulho, fazendo com que em situações futuras o exercício da liderança situacional penda mais para a desconfiança do que para confiança, punindo aqueles que são dignos de que acreditemos em suas palavras. Por isso que essa mudança de paradigma é um exercício, que precisa ser praticado com constância e regularidade e que a paciência seja o combustível para conseguirmos colher o resultado destas atitudes positivas.

Fala galera do Coachitório Online!

Ao escrever essas linhas eu fiquei pensando nos episódios da minha vida profissional em que eu deixei de demonstrar confiança pelo outro ao deixar claro que as suas palavras não bastavam para que eu tornasse verdadeiro no meu coração o que a pessoa estava dizendo. Não me culpo por isso, até porque no meio organizacional também nasci e fui criado dentro de um ambiente em que a cultura do controle e da desconfiança era a norma. Mas eu escolho não ser mais assim e propagar a mensagem de que podemos dar mais votos de confiança às pessoas e que essa confiança serve como uma mola propulsora para bons comportamentos e atitudes das pessoas.

Quero te perguntar: o ambiente em que você trabalha é mais rico em controle ou confiança? Quero ouvir você! Compartilhe a sua resposta com a gente. Deixe a sua mensagem, sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br  

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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!