Transcrição do episódio "129 – A diferença entre ver e enxergar"
Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.
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A DIFERENÇA ENTRE VER E ENXERGAR
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Se consultarmos o dicionário, vamos descobrir que ver e enxergar são sinônimos. Apesar de haver pequenas diferenças, é comum usarmos os dois verbos para nos referirmos às mesmas coisas, ou seja, usamos as palavras ver e enxergar para nos referirmos às coisas que percebemos com os nossos olhos. No entanto, ver e enxergar são coisas completamente diferentes quando analisamos essas palavras de uma forma mais profunda. Alguns cientistas afirmam que a diferença entre elas está no cérebro, ou seja, nossos olhos captam (enxergam) tudo o que está à nossa volta, mas somente conseguimos dar sentido às imagens (ver) quando o que os nossos olhos captam tem algum sentido para nós.
Numa tentativa de simplificar esse conceito, penso que a diferença entre ver e enxergar tem a ver com conhecimento e consciência. As pessoas podem enxergar tudo, mas a capacidade de ver estará reservada às pessoas que têm consciência do que desejam ver – que é a observação consciente – ou às pessoas que têm um conhecimento prévio sobre aquilo que os olhos estão percebendo. Em outras palavras, enxergar é uma atitude mais rasa, simples. Ver é uma ação mais complexa e profunda.
Conhecimento e consciência são fundamentais para a nossa carreira. Quando eu assumi meu primeiro cargo de liderança, lembro que um colega – um supervisor mais experiente – falava que sempre que ele se dirigia para um determinado grupo ou para uma área específica, procurava sempre ter em mente aquilo que queria observar. Ele fazia uma observação consciente e assim via as coisas que desejava com mais facilidade.
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Isso faz muito sentido. Para exemplificar, em alguns treinamentos eu costumo usar uma dinâmica bem simples: peço para as pessoas olharem para um vídeo de vários carros passando por uma rodovia. Depois de um tempinho, peço que eles informem quantos carros vermelhos passaram pela tela. Logicamente, eles não sabem dizer. Há os que acertam, mas foi por mero palpite. Então eu passo o vídeo novamente e peço que observem e contem quantos carros vermelhos surgem na tela. Todos acertam. A diferença está justamente na questão de ver e enxergar. Quando a pessoa está somente captando imagens com os olhos, está enxergando, mas não está vendo. Quando há uma informação que faz com que a sua observação seja consciente, ela passa a ter uma noção mais profunda a respeito daquilo que está vendo.
A capacidade de ver as coisas é mais necessária do que imaginamos para as nossas vidas e para as nossas carreiras. No meio organizacional, usamos palavras como “visão” para nos referirmos à habilidade de olhar com mais clareza para o futuro. Até comentamos bastante sobre a visão no meio organizacional lá no episódio #54, quando falamos sobre a visão além do alcance. Só para relembrar, quando falamos em visão dentro das empresas estamos, na realidade, falando de um misto de quatro tipos distintos de visão: a visão sistêmica – ver o todo e não apenas uma de suas partes; a visão periférica – sair da caixa e ver o que está fora dela ao seu redor; a visão antecipatória – que trata das consequências futuras das suas decisões atuais e também da visão evolutiva, que fala das competências que precisamos adquirir para nos prepararmos para o estado futuro que desejamos.
A observação consciente nos permite também perceber os nossos pontos fortes e pontos de melhoria. Ela acontece quando começamos a reparar com mais clareza que todas aquelas informações que captamos servem para ampliar o conhecimento que temos de nós mesmos, das outras pessoas e do ambiente.
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Por incrível que pareça, cada vez me convenço mais de que as pessoas conhecem muito pouco de si mesmas. Nos meus trabalhos de Mentoria e Coaching é comum encontrar pessoas que não conseguem verbalizar seus pontos fortes e seus pontos de melhoria. Não é porque esses pontos não existem, mas sim porque as pessoas não os conhecem. Além disso, há muitas pessoas que desconhecem o seu perfil comportamental e, por conta disso, não conhecem as pessoas que estão ao seu redor. Eu costumo dizer que essa falta de autoconhecimento é uma das principais causadoras dos problemas de comunicação e relacionamento interpessoal, que são os principais geradores dos conflitos organizacionais que tanto assombram as equipes e as empresas.
Mas existe uma luz no fim do túnel. Felizmente, estamos entrando numa era em que as pessoas estão começando a olhar mais para si mesmas com a finalidade de promover uma espécie de autodescoberta. Essa atitude traz muitos benefícios, porque iremos perceber a forma como nos comunicamos e nos relacionamos com as pessoas e os impactos que o nosso jeito de ser causa nos outros. Ao passarem por esse processo de autodescoberta, muitas pessoas confessam que desconheciam que a sua forma de agir ou falar prejudicava ou magoava os outros. E aí, de posse desta informação, muitas pessoas promovem verdadeiras mudanças de comportamentos e atitudes. Esse é o grande prêmio!
Você já deve ter ouvido falar que a verdadeira mudança acontece de dentro para fora. Já deve ter ouvido falar também naquele princípio da Administração de que somente conseguimos gerenciar aquilo que medimos. Ou ainda, que somente temos condições de gerenciar comportamentos e atitudes quando temos consciência deles. Pois então, tudo isso acontece somente quando utilizamos mais o verbo “ver” do que “enxergar”. É somente por meio do verbo “ver” que conseguimos perceber coisas que fazem sentido e, assim, promover mudanças para melhor em nós mesmos e no ambiente ao nosso redor. Só que a capacidade de ver ultrapassa aquilo que os olhos conseguem captar. Saint-Exupery, no célebre livro “O Pequeno Príncipe”, já dizia:
“O essencial é invisível aos olhos. Só se pode ver bem com o coração.”
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Para muitos, a diferença entre ver e enxergar reside somente naquilo que captamos com os olhos. Na realidade, o ser humano é capaz de absorver mensagens de formas bem distintas. Exemplo disso são os cinco sentidos, que existem para nos transmitir informações do ambiente a partir de estímulos olfativos, visuais, auditivos, cinestésicos e até sob a forma de paladar. Cada um destes sentidos serve como uma forma de “input” para o nosso cérebro, que irá traduzir esses estímulos em informações para nós.
Isso quer dizer que nós temos uma capacidade enorme de absorver mensagens do ambiente. Só que parece que essa capacidade está sendo cada vez menos praticada pelas pessoas. Quando Saint Exupery falava que somente podemos ver bem com o coração, ele estava usando uma metáfora para nos avisar que aquilo que devemos verdadeiramente enxergar não será visto com os olhos, mas sim com as nossas emoções, com todos os nossos sentidos.
O coração é onde residem as emoções. Pelo menos no sentido figurado. Quando mandamos um emoji de coração para alguém, por exemplo, estamos manifestando sentimentos de carinho por aquela pessoa. Nosso lado emocional conversa conosco o tempo todo e nos manda avisos que não conseguem ser captados apenas pelos olhos. Emoções positivas e negativas podem se manifestar em todo o corpo e geralmente elas têm a ver com a aceleração dos batimentos cardíacos, ou seja, as emoções fazem o coração bater mais rapidamente. É por isso que o coração é o centro das emoções e talvez faça sentido afirmar que o emoji de coração não tem somente um sentido figurado.
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Eu gosto de chamar a atenção para este fato porque, para ver bem com o coração, é preciso que a gente silencie o barulho que está ao nosso redor. E, principalmente, que a gente silencie o barulho interno. É preciso prestar mais atenção às mensagens que o ambiente e as outras pessoas mandam continuamente para nós porque é só assim que a gente vai passar a ver, e não somente a enxergar.
É um processo contínuo de construção de si mesmo, pois quando passamos a exercer a observação consciente fica mais fácil ter discernimento para a tomada de decisões. Também fica mais fácil reconhecer as oportunidades e ameaças para a nossa vida e para as nossas carreiras. E, principalmente, torna-se mais fácil perceber quem ou o que está a sua volta, para assim saber o que temos atraído para nós e o que temos afastado de nós.
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Fala galera do Coachitório Online!
Você já reparou que a correria do dia-a-dia é um obstáculo que teremos que superar caso a gente deseje desenvolver a nossa visão? A pressa não é inimiga só da perfeição, mas também da nossa visão. Quando estamos sempre na corrida, sempre com a sensação de estarmos atrasados ou sempre com a ansiedade à tona, fica difícil dedicar atenção para ver ao invés de enxergar.
Por isso eu quero te perguntar: qual é o seu maior obstáculo para conseguir ver ao invés de somente enxergar? Quero saber a sua resposta! Compartilhe a sua resposta com a gente. Deixe a sua mensagem, sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br
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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!