• 5ª Temporada
  • A Temporada que Vai Virar Livro!

  • Em 2016, eu lancei o meu primeiro livro, os 50 textos, que, como o próprio nome diz, é uma coletânea de textos sobre desenvolvimento humano, liderança e gestão. As pessoas começaram a me perguntar quando eu iria lançar a nova versão dos 50 textos. Pois bem, nada como unir o útil ao agradável, não é mesmo? Em outras palavras, os episódios da 5ª. temporada servirão como base para os 50 textos do meu próximo livro sobre desenvolvimento humano, liderança e gestão.

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142 – Obesidade do conhecimento

Nestes pouco mais de quinze anos de experiência como professor, eu já vivenciei muitas coisas interessantes. Mas, sempre chamou muito a minha atenção a determinação de muitos alunos em continuar estudando, o que muitas vezes acaba impedindo que a gente se questione se estamos colocando em prática aquilo que já estudamos ou se estamos apenas estudando por estudar, para empilhar diplomas e ficar obesos em conhecimento… Na fisiologia do corpo humano, ficamos obesos quando acumulamos mais energia do que gastamos. Eu penso que a obesidade do conhecimento surge quando acumulamos mais cursos, formações e informações do que temos capacidade ou estamos dispostos a aplicar ou compartilhar com as pessoas.

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Transcrição do episódio "142 – Obesidade do conhecimento"

Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.

A OBESIDADE DO CONHECIMENTO

Eu lembro que há alguns anos eu conversei com uma pessoa que havia recém completado sua graduação. Estávamos falando sobre o futuro da sua carreira e as dúvidas que são muito comuns quando chegamos nesta fase da vida, principalmente quando nos formamos muito cedo. A pessoa com quem eu conversava estava em busca de um planejamento para a sua vida profissional e se mostrava bastante ansiosa, desejando muito acertar os próximos passos que daria em sua vida.

Escolhas precisavam ser feitas de forma urgente, segundo ela me falou. E a sua principal dúvida estava relacionada com o que estudar, uma vez que havia concluído a graduação e que o fato de não estudar poderia fazer com que seus conhecimentos ficassem desatualizados e com que ela perdesse vantagem competitiva para a sua carreira. Nada mais natural para quem acabou sair da graduação, afinal de contas, passamos alguns anos dentro de um ambiente em que se fala constantemente sobre a necessidade de estarmos antenados e conectados e onde também é semeada em nós a necessidade de continuarmos os estudos sob pena de ficarmos para trás.

Claro que há um apelo mercadológico por trás de toda essa ênfase na necessidade de estarmos sempre estudando. Mas eu prefiro deixar esse viés de mercado em segundo plano e focar na forma como nós encaramos essa necessidade constante e autoimposta de estarmos sempre de olho no próximo curso, no próximo livro, na próxima live ou treinamento que devemos fazer. Quando eu olho para o nosso comportamento diante desta situação, tem uma expressão que logo vem à minha mente: a obesidade do conhecimento!

Faz pouco tempo que eu ouvi esse termo, mas essas palavras fizeram muito sentido para mim tão logo eu as ouvi. Estava falando sobre esse assunto com uma pessoa que muito admiro. Sua inteligência e perspicácia produzem insights fantásticos sobre diversos assuntos e isso faz com que todas as nossas conversas resultem em verdadeiros aprendizados. Nesse caso, não foi diferente! As palavras que ela me falou fizeram sentido porque expressam com clareza a minha forma de pensar sobre o tema e escrever este texto.

Nesses pouco mais de quinze anos de experiência como professor de graduação e pós-graduação em Administração eu já vivenciei muitas coisas interessantes. Mas um dos fatos que sempre chamou muito a minha atenção foi a determinação de muitos alunos em começar uma especialização (MBA, pós graduação, etc…) tão logo terminassem a faculdade. Acho isso admirável, pois mostra o quanto esses profissionais recém-formados estão atentos com a perecibilidade do conhecimento adquirido na faculdade e o quanto estão a fim de serem profissionais ainda melhores.

Mas esta disposição muitas vezes acaba impedindo que a gente se questione algo que eu considero de extrema importância para a nossa vida profissional: estamos colocando na prática aquilo que já estudamos, ou estamos apenas estudando por estudar, para empilhar diplomas e ficarmos obesos em conhecimento? Na fisiologia do corpo humano, ficamos obesos quando acumulamos mais energia do que gastamos. Eu penso que a obesidade do conhecimento surge quando acumulamos mais cursos, formações e informações do que temos capacidade ou estamos dispostos a aplicar ou compartilhar com as pessoas. 

Gosto de provocar essa reflexão porque estudar é muito bom, mas aprender e colocar em prática o que estudamos é melhor ainda. Tenho para mim que o melhor conhecimento que existe é aquele que pode ser colocado a serviço de alguém, aquele que pode ajudar a melhorar uma empresa, equipe ou transformar a vida das pessoas. Só que esta abordagem não é nova. Há cerca de 100 anos, Henri Fayol, um dos pais da Administração, alertava que os engenheiros da época eram, na maioria, incapazes de utilizar com proveito os conhecimentos técnicos que recebiam, dada a dificuldade que encontravam em apresentar e aplicar suas ideias e aprendizados.

Note que essa preocupação com a transformação do conhecimento teórico em algo prático existe há muito tempo. Nos dias atuais, fala-se muito do trinômio C-H-A, que menciona as três características fundamentais para a nossa competitividade e crescimento profissional: o conhecimento, a habilidade e a atitude. Conhecimento é o que aprendemos na vida acadêmica ou profissional. A habilidade é a nossa capacidade de colocarmos em prática o que aprendemos. A atitude diz respeito a termos a pró-atividade para transformar o conhecimento em habilidade. É uma trilha, uma caminhada relativamente simples, mas que tem assombrado muita gente porque já se percebe que o profissional mais desejado para os cargos de liderança é aquele que consegue aliar o conhecimento técnico ao comportamental e, principalmente, aquele que consegue transferir o que sabe e aprender o que ensina, como já dizia a eterna e querida poeta Cora Coralina.

Perceba que o trinômio dos conhecimentos, habilidades e atitudes é uma leitura mais atual do que Fayol alertava há mais de cem anos. Isso significa que a obesidade do conhecimento não é um fenômeno novo. A novidade está no número cada vez maior de pessoas com diplomas de curso técnico, superior, cursos de extensão e de pós-graduação que nunca irão ocupar cargos de liderança ou que irão estagnar em suas carreiras. E pelo que eu tenho percebido no mercado de trabalho e principalmente nas empresas em que eu atuo, esse fenômeno não diz respeito a uma eventual “falta de vagas” para cargos de liderança, mas sim à já mencionada falta de capacidade de colocar em prática o conhecimento adquirido. Outra novidade está no gargalo que se forma nas empresas, pois as organizações carecem de pessoas formadas e que conseguem colocar em prática o que estudaram, pois as mudanças tecnológicas dependem tanto do conhecimento quanto da capacidade e vontade das pessoas de colocar em prática o que aprenderam.

Acho importante deixar claro que nada tenho contra emendar curso atrás de curso. Muito pelo contrário, até porque já fiz, ou melhor, continuo fazendo isso. E talvez seja esse o fato que me motiva a dizer o quanto é importante pensar bem antes de escolher o que estudar, pois do contrário corremos sérios riscos de estarmos somente empilhando diplomas e nos tornando obesos em conhecimento. 

Sempre fui a favor do desenvolvimento contínuo do ser humano. Mas também sempre fui a favor de planejar os passos que damos em nossa carreira. Digo isso porque é comum encontrar vários profissionais recém-formados que acabaram ingressando em cursos que pouco agregaram para a sua vida pessoal e profissional. Neste caso, o problema está em duas pontas: uma delas é a pressa, que fez com que a pessoa se preocupasse somente em continuar estudando, sem analisar a direção para onde estava levando a sua carreira. A outra ponta está no fato de a pessoa não conseguir colocar em prática o conhecimento adquirido. Ambas situações frustram e fazem com que surja o questionamento se valeram a pena o tempo e o dinheiro investidos em uma formação que pouco benefício trouxe.

Insisto nesse ponto porque o conhecimento é realmente uma vantagem competitiva para a carreira de qualquer pessoa. Mas o conhecimento somente se torna vantagem competitiva na medida que nos torna capazes de criar movimento, modificar fatos, encontrar caminhos, construir utilidade, fabricar beleza. Conhecimento é a grande vantagem competitiva da Era do Conhecimento, que estamos vivendo em pleno século 21. Mas essa Era do Conhecimento (ou Sociedade do Conhecimento, segundo Peter Drucker) também não é novidade. Já no século 16, o filósofo inglês Francis Bacon afirmava que conhecimento é poder. Aliás, fica a dica para ouvir o episódio #99 do Coachitório Online, que dedicamos inteiramente para falar sobre este tema. Mas a verdade é que ao falar que conhecimento é poder, Francis Bacon não se referia ao poder da autoridade, mas sim ao poder no sentido da possibilidade, ou seja, o conhecimento traz para cada um de nós o poder do livre-arbítrio, para que possamos escolher fazer o que desejamos fazer a partir do que aprendemos. Para o filósofo inglês, o conhecimento somente tinha sentido se empoderava a pessoa para que ela pudesse fazer algo com o que aprendeu.

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Também tem outra situação que ocorre quando emendamos vários cursos e treinamentos: nós imaginamos que é a próxima formação que vai nos deixar prontos. Essa ideia surge porque alegamos para nós mesmos que não estamos prontos para irmos para a prática, para encarar o mercado, para sermos promovidos, para começarmos nosso projeto, enfim, para colocarmos o conhecimento que adquirimos a serviço das pessoas e das empresas para as quais trabalhamos.

Eu acredito que essa alegação é, na realidade, uma desculpa que contamos para nós mesmos. A verdade é que estamos apenas procurando um motivo para adiarmos aquilo que desejamos fazer. Parece estranho, mas muitas vezes nossa incansável busca por conhecimento é apenas um refúgio para não fazermos o que precisa ser feito com a nossa vida e com a nossa carreira. Às vezes utilizamos a suposta necessidade por mais conhecimento como uma rota de fuga das mudanças que precisamos fazer.

A essa altura do campeonato já deve ter ficado mais claro que a verdadeira vantagem competitiva para a nossa carreira está mais relacionada à nossa vontade de desafiar a obesidade do conhecimento e com a nossa capacidade de conhecer, aplicar e ensinar tudo o que aprendemos ao invés de simplesmente acumular conhecimentos que nunca serão aplicados. Talvez tenha ficado claro também que nosso grande desafio é superar as crenças limitantes que insistem em nos dizer que não estamos prontos ou que não conhecemos o suficiente para seguir adiante. Ou ainda, talvez nosso grande desafio seja superar a sabotagem praticada por nós mesmos contra todos os objetivos e projetos com os quais sonhamos, mas que ficam somente no campo dos sonhos.

Fala galera do Coachitório Online!

Acredito que seremos mais felizes e realizados profissionalmente quando descobrirmos que, apesar de não estarmos prontos, já temos tudo o que precisamos para começar. Seremos mais felizes e realizados profissionalmente quando descobrirmos que ao colocarmos em prática o que já conhecemos muita coisa boa pode acontecer. E é isso que faz valer todo o investimento que você já fez.

Por conta disto eu quero te fazer uma pergunta: você tem algum projeto, algum sonho ou objetivo que está parado porque você não se acha pronto para executar? Quero ouvir você! Compartilhe a sua resposta com a gente. Deixe a sua mensagem, sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br  

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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!