Transcrição do episódio "119 – Sentimentos de Culpa"
Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.
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SENTIMENTOS DE CULPA
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Os filósofos gregos pensavam no passado e no futuro como dois males que pesam sobre a vida humana, duas fontes de todas as angústias que vêm para estragar a única e exclusiva dimensão da existência que vale a pena ser vivida, simplesmente porque é a única real: o presente. É difícil se desapegar do passado, até porque nem tudo o que aconteceu na vida passada deve ser esquecido. Há erros e acertos que merecem ser lembrados porque lá estão aprendizados importantes. Há memórias boas, que devemos manter. Da mesma forma, é difícil não pensar no futuro, porque de certa forma tudo o que estamos a fazer agora terá um impacto no momento presente e, especialmente, no futuro. Pensar e viver de forma precavida provavelmente contribui para que a gente consiga viver de forma mais segura.
O problema está na conotação que damos ao que passou e ao que está por vir. O excesso de passado pode levar à depressão e o excesso de futuro pode gerar ansiedade. O problema não está no passado e no futuro, mas sim nas coisas do passado que eu trago para a minha vida presente e nas coisas do futuro que me preocupam e que determinam minha forma de pensar, falar e agir no momento presente.
Ambas situações estão impregnadas por sentimentos de culpa, seja por algo que já passou ou por algo que pode vir a acontecer. E assim, ao invés de colocarmos nas nossas mochilas a experiência, o aprendizado e as boas memórias que temos do nosso passado, colocamos sentimentos negativos oriundos desta trajetória. Ao invés de colocarmos nossos planos e objetivos para com o futuro, colocamos o medo de sair da zona de conforto.
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Eu sei que às vezes é difícil aliviar o peso da mochila porque somos muito apegados às coisas que coletamos ao longo da vida. Digo isso por experiência própria e, ao falar sobre o assunto, deixo claro que não me refiro somente às coisas materiais, mas sim às desculpas, lembranças negativas, relacionamentos que não evoluem, etc. Tudo isso faz parte da nossa existência. São itens de série, sobre os quais falamos no episódio da semana passada do nosso podcast.
Somos ensinados a viver de forma precavida, o que é muito bom. Aliás, é ótimo ter os pés no chão, só que ter os pés no chão é diferente de ter os pés enterrados, enraizados em crenças ou paradigmas que nos prendem no estado atual. Isso acontece porque temos medo de seguir em frente e errar, muito embora esteja claro que a situação atual não é mais desejada por nós. Alguns tentam e sofrem um revés, uma derrota temporária, que faz com que desistam e transformem esta derrota temporária em uma derrota definitiva. Sempre digo que a diferença entre uma derrota temporária e definitiva está na atitude que vamos tomar diante do que aconteceu. Podemos nos culpar ou encontrar culpados. Podemos nos frustrar por não atingirmos esse ou aquele objetivo. Ficamos chateados, mas lá na frente a aparente derrota se revela como um fator crucial para a nossa vitória se decidirmos que aquele revés foi apenas um percalço temporário na caminhada que nos leva aonde queremos chegar.
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O planejamento é uma das formas de amenizar os riscos, diminuir as preocupações e fazer com que nosso foco esteja mais nas experiências do passado e nas expectativas positivas acerca do futuro. Planejamento tem sido um tema recorrente aqui, tanto é que foi tema do primeiro episódio do Coachitório Online que é, até hoje, o mais ouvido do nosso podcast. Sou um defensor do planejamento porque os planos reduzem o risco, mas não podem assegurar que tudo vai dar certo na viagem. Se os nossos sentimentos de culpa derivam de maus resultados ou de objetivos não alcançados, devemos reforçar o planejamento ao invés de abandoná-lo, mesmo sabendo que planejamento serve para diminuir as incertezas e não para garantir o sucesso.
Só que é muito mais sedutor se sentir culpado ou culpar alguém por algo que não aconteceu. Desde os primórdios da civilização humana somos mestres em culpar os nossos parceiros, cônjuges, pais, chefes, a sociedade ou o ambiente social por nossas dores e fracassos. Nos dedicamos a culpar os outros, quando deveríamos olhar no espelho para encontrar o verdadeiro responsável pela falta de atitude. Eu penso que esta atitude é perfeitamente humana e natural porque por detrás de uma pessoa que fere sempre há uma pessoa ferida.
Também oscilamos nesta sensação de culpar alguém por tudo ou de nos culparmos seguidamente pelas coisas que acontecem porque não conseguimos entender que papel deveríamos ter adotado em determinadas situações. Esperamos que tudo seja claro, preto no branco, quando na verdade a maioria das coisas acontecem em uma espécie de zona de penumbra, onde habita o desconhecido, a dúvida. Definitivamente, é uma área muito fora da zona de conforto, na qual as pessoas precisam entrar para aprender e evoluir. Isso não acontece gratuitamente, pois há um custo envolvido. Há esforços físicos, mentais e emocionais que são inerentes a esse processo de evolução, pois ninguém consegue algo na vida sem dar algo em troca. Só que esse processo vale a pena porque irá evitar muitos sentimentos negativos de culpa por conta de algo que poderíamos ter feito, mas não fizemos.
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Só que algumas pessoas passam grande parte da vida antecipando a infelicidade, preparando-se para a catástrofe – a perda de um emprego, um acidente, uma doença, a morte de uma pessoa próxima, etc. Outras, ao contrário, vivem aparentemente na mais total despreocupação. É como se fosse uma régua, uma linha reta com dois opostos. De um lado está aquele que vive excessivamente preocupado e angustiado e do outro está a pessoa que vive despreocupada com as coisas ao seu redor. Entre estes extremos há um grande espaço, no qual começamos a mesclar a preocupação com a despreocupação. Neste espaço, à medida em que deixamos de nos preocupar tanto com as coisas passamos a adotar hábitos que convergem para uma vida mais leve. Por outro lado, na medida em que passamos a nos preocupar com algumas coisas, passamos a ter uma vida mais alerta e atenta.
Não gosto de extremos e não tenho problema algum em confessar isso. Extremos não são bons em qualquer campo da nossa vida pessoal e profissional. Radicalismo e teimosia não fazem bem e é por isso que eu digo que viver no estilo “deixa a vida me levar” é uma conduta irresponsável, assim como viver uma vida impregnada de preocupações somente vai fazer com que a pessoa tenha cada vez mais sentimentos de culpa.
Perceba que nem tudo é perfeitamente compreensível. Nem tudo é preto no branco. Há coisas que estão na penumbra, que são difíceis de identificar, avaliar e decidir. São as coisas que estão no meio daquela régua, daquela linha reta que une os extremos. Só que além do equilíbrio entre um lado e outro, nestas zonas cinzentas também estão as nossas dúvidas e, consequentemente, as fontes dos nossos maiores erros. Sair de um extremo e ir para o outro significa sair do porto seguro (ou da zona de conforto) e rumar para um território comportamental desconhecido e ainda incompreensível.
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Por isso que não faz sentido termos sentimentos de culpa pela forma como pensamos falamos ou agimos diante das situações que vivem nesta zona de penumbra. Ao invés de focar na culpa que deriva de um eventual erro que cometemos por conta do nosso desconhecimento, deveríamos focar na oportunidade de aprendizado que esse erro trouxe porque é só assim – por meio da experiência e aprendizado que temos a partir dos nossos erros e acertos – que a zona de penumbra vai diminuir e vai deixar com que tudo fique mais claro.
Eu parto da premissa que se a coisa que você quer fazer é a certa e nela acredita, vá em frente e faça. Com responsabilidade e pés no chão, mas também com coragem, ousadia e confiança. Se o objetivo é positivo e se é para o bem das pessoas, tenha certeza de que não haverá motivos para se culpar.
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Fala galera do Coachitório Online!
Uma das maiores fraquezas da humanidade é a familiaridade das pessoas com a palavra “impossível”. Esta palavra está enraizada no nosso vocabulário e nos pensamentos e atitudes do dia-a-dia. Quer dizer que para muita gente a palavra “impossível” molda a forma como pensam, falam e agem. Ou não agem. É lamentável perceber que boas ideias sequer são tentadas por que alguém mata a raiz de uma boa iniciativa. E muitas vezes o sentimento de culpa surge não só por aquilo que fazemos, mas também por aquilo que deixamos de fazer. Um sinal disso é quando ficamos nos perguntando: “- O que teria acontecido se eu tivesse feito aquilo que eu gostaria?”
Por conta disto, eu quero lhe perguntar: nos dias atuais, quais são as coisas que você deseja e que te parecem impossíveis de realizar ou conquistar? Compartilhe a sua resposta com a gente. Deixe a sua mensagem, sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br
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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!