Transcrição do episódio "128 – O que te trouxe até aqui"
Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.
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O QUE TE TROUXE ATÉ AQUI
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Na realidade, a frase completa é: o que te trouxe até aqui não te levará adiante. Essa frase faz todo sentido para mim, mas depende muito do contexto em que é utilizada. Quando está relacionada à necessidade de desapegarmos daquilo que carregamos em nossa mochila a frase faz muito sentido, pois a bagagem que carregamos não necessariamente vai nos ajudar ou vai ser útil na continuidade da nossa caminhada. Certas coisas que nos trouxeram até aqui talvez não façam sentido em continuar conosco porque vão fazer peso ao invés de nos ajudar. Falamos bastante sobre esse tema lá no episódio #55, quando abordamos o que carregamos em nossa mochila.
Mas eu acho também que devemos refletir mais antes de concordar cegamente que o que nos trouxe até aqui não nos levará adiante. Como eu comentei há pouco, ela faz sentido dependendo do contexto em que é utilizada, pois nem tudo o que vimos ao longo da vida deve ser descartado. Há coisas pelas quais passamos que devemos manter, pois são aprendizados que nos trouxeram até aqui e que seguramente vão nos levar adiante.
Estou me referindo a um negócio chamado experiência. Uma das coisas mais valiosas que o ser humano pode adquirir ao longo da vida, a experiência é o conhecimento resultante da prática. É a lembrança das lições que os fatos da vida proporcionam a todos nós. Algo tão sublime que não pode ser transmitido e que pode ser adquirido somente por meio da vivência em primeira pessoa.
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Não há como adquirir experiência de forma indireta. É necessário que tenhamos passado por determinadas situações para termos a exata percepção dos erros e acertos e, principalmente, para podermos desenvolver empatia por outras pessoas quando estas se encontrarem em situações semelhantes. A experiência adquirida por cada um de nós é valiosa justamente porque evitará que a gente caia futuramente na tentação de errar novamente. Mas também é muito valiosa quando compartilhamos o que aprendemos com as pessoas para que elas possam evitar de cometer os mesmos erros que cometemos.
É justamente esse o ponto que causa confusão em muitas pessoas, porque quando eu compartilho a minha experiência eu também posso estar privando a outra pessoa de passar pelas mesmas situações e, consequentemente, de ter as mesmas experiências que eu tive. Muitos podem pensar que esse é um ato egoísta da nossa parte e vão preferir deixar que as pessoas cometam seus erros para terem suas próprias experiências, mas eu não concordo. Embora muitos acreditem que a experiência que melhor fixa é o erro, eu acredito que o verdadeiro egoísmo está em guardar para nós mesmos o conhecimento adquirido por meio das experiências que cada um vivenciou.
Só que essa situação também gera outro desafio: como saber que a fonte da experiência é confiável? Ou seja, como saber que a pessoa verdadeiramente passou por aquelas experiências e tem algo que possa nos acrescentar? As pessoas podem até adquirir determinadas percepções indiretamente, a partir da experiência de outros. Mas uma vez que aceitamos essas percepções como “verdades”, elas se tornam definitivas em nosso cérebro e passam a ser nossas próprias “verdades”. E aí está o problema: e quando as percepções dos “professores” estiverem erradas? O que fazer?
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É um desafio grande conseguir diferenciar no meio da multidão aquele que realmente tem experiência e conhecimento no assunto e que tem algo que mereça a nossa atenção. Não devemos confiar cegamente sem uma razão válida. Devemos sentir segurança e saber quando e em quem podemos colocar a nossa confiança em determinados assuntos.
É uma situação desafiadora, de fato. Mas é preciso tomar cuidado para que esse desafio não faça com que a gente feche a porta para tudo, inclusive para a experiência que pode ser válida para nós. Na ânsia de nos blindarmos de um conhecimento que não faz sentido e que nada tem a agregar, a pessoa se fecha para tudo e isso pode fazer com que ela pareça prepotente, um verdadeiro sabe-tudo. Essa prepotência intelectual faz com que a gente não queira ouvir, o que é algo muito comum quando já se tem experiência.
A experiência é justamente o contrário, pois ela tem tudo a ver com aprender a ouvir conselhos, reconhecer quando está errado e inclusive mudar de opinião quando for necessário. A experiência deve trazer humildade e sabedoria para que a gente reconheça, inclusive, a falta de experiência em determinados assuntos. Desta forma se torna mais fácil nos abrirmos para o novo, para as experiências que irão nos levar adiante.
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Conhecimento e experiência é uma combinação explosiva que traz maturidade para qualquer pessoa. Saber avaliar as coisas, ser ponderado e ter conhecimento a compartilhar com as pessoas é uma das principais qualidades de um líder. Mas é justamente para o líder que o conhecimento e a experiência representam um tema ainda mais complexo e desafiador. Tudo isso por conta da boa e velha modernidade, tecnologia e das mudanças rápidas e constantes que estão acontecendo no mundo e nas nossas vidas.
Você já reparou que as mudanças têm ocorrido a taxas cada vez mais velozes? Já falamos bastante sobre mudança aqui no Coachitório Online e eu recomendo que você ouça novamente o episódio #102 em que falamos sobre o stress da mudança e também o episódio #124 em que eu falo especificamente sobre o meu processo de mudança. Mas quando se trata de conhecimento e experiência, eu penso que as mudanças têm sido prejudiciais para a aquisição de experiência e a transmissão do conhecimento, porque as taxas crescentes de mudança nos compelem não apenas a lidar com um fluxo mais rápido, mas com um número cada vez maior de situações às quais uma prévia experiência pessoal não se aplica.
Significa dizer que se o conhecimento em determinados assuntos pode se tornar obsoleto rapidamente, talvez faça sentido pensar que as nossas experiências também se tornem obsoletas em um piscar de olhos. Na medida em que a ciência e a tecnologia nos bombardeiam com conhecimentos cada vez mais refinados e precisos, novos conceitos e novos modos de pensar se sobrepõem e tornam obsoletas as experiências que muitas vezes levamos anos para adquirir e que tão valiosas são para nós.
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Verdade seja dita: há quem goste de tudo isso. Convenhamos que muita gente gosta da velocidade com a qual as coisas estão acontecendo porque tem aqueles que preferem não cultivar a experiência do fazer com as próprias mãos, ou seja, não gostam da experiência que se adquire somente por meio do aprendizado direto. Desta forma, essas pessoas acabam não tendo curiosidade e respeito pelo que os outros fizeram. Querem tudo pronto, feito por alguém, devidamente mastigado. É a síndrome do colonizado, daquele que está sempre esperando que as soluções brotem prontas diante dos seus olhos e que rejeitam a oportunidade de aprender por meio dos seus próprios esforços.
Não quero ser fatalista sobre esse tema, mas parece que há um número cada vez maior de pessoas passando para este lado negro da força, composto por aqueles que preferem não vivenciar as coisas em primeira pessoa. Ironicamente, muita gente neste grupo gosta de ouvir os relatos e experiências de pessoas bem-sucedidas e se põem a imaginar como suas vidas pessoais e profissionais teriam sido se em algum momento da vida tivessem optado por ter suas próprias experiências.
É por essas e outras que os influenciadores, Youtubers, empreendedores de palco, entre outros, fazem tanto sucesso. É porque eles entregam a experiência pronta e é nesse momento que muita gente se dá conta de que dá trabalho adquirir experiência e conhecimento. Claro que dá! É por isso que experiência é algo muito valioso para quem a tem.
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Fala galera do Coachitório Online!
Quando eu me pus a refletir e pesquisar para escrever sobre esse assunto eu me dei conta de algo que é óbvio, mas que precisa ser dito (como falamos lá no episódio #120): boa parte das experiências talvez venha de experiências frustrantes, de coisas que não deram certo. É verdade que situações negativas têm algo a nos ensinar, só que se engana quem pensa que é somente na adversidade que aprendemos. O sucesso também traz experiência e conhecimento e talvez faça sentido para você saber que as experiências bem-sucedidas irão nos influenciar de forma mais positiva do que as experiências negativas.
Diante disto, quero te perguntar: quais foram as experiências positivas da sua vida que mais lhe trouxeram aprendizado? Quero ouvir você! Compartilhe a sua resposta com a gente. Deixe a sua mensagem, sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br
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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!
