• 5ª Temporada
  • A Temporada que Vai Virar Livro!

  • Em 2016, eu lancei o meu primeiro livro, os 50 textos, que, como o próprio nome diz, é uma coletânea de textos sobre desenvolvimento humano, liderança e gestão. As pessoas começaram a me perguntar quando eu iria lançar a nova versão dos 50 textos. Pois bem, nada como unir o útil ao agradável, não é mesmo? Em outras palavras, os episódios da 5ª. temporada servirão como base para os 50 textos do meu próximo livro sobre desenvolvimento humano, liderança e gestão.

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126 – Eu quero a nota 10

Nós queremos a nota 10 sempre. É o perfeccionismo falando! O curioso é que, quando criança, eu costumava comemorar algumas nota 7 ou 8 que tirava nas provas que eu achava mais difíceis. Mas eu confesso que ficava frustrado com notas 9,5 nas provas mais fáceis. Então, descobri que a frustração pela falta de atenção que me afastava da nota 10, na prova mais fácil, era muito maior do que o esforço que eu dedicava para conseguir uma boa nota nas provas mais difíceis. Às vezes, a gente bota mais foco no que perde do que naquilo que ganhou!

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Transcrição do episódio "126 – Eu quero a nota 10"

Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.

EU QUERO A NOTA 10

Há quem diga que quando eu estava na escola eu era aquele típico CDF. Para quem não conhece, CDF significa “cabeça de ferro” e era uma sigla utilizada para se referir ao aluno que é muito inteligente, que se dedica muito aos estudos, quer tirar notas altas e ser o primeiro da classe. Isso talvez explica o fato do aluno CDF preferir ficar mais na sua, estar alheio ao convívio social com os colegas e tudo mais.

Confesso que eu não gostava desse rótulo quando era criança. Verdade seja dita, sempre fui um bom aluno, do tipo que participava e prestava atenção nas aulas, fazia as tarefas de casa, enfim, aquilo que eu penso ser o mínimo que deveríamos esperar de todo aluno. As notas altas vinham e eu sempre tive a certeza de que elas eram consequência da dedicação que eu tinha para com os estudos.

Nos dias de hoje, olhando para essa definição de CDF, eu tenho certeza que me encaixava muito pouco nesse perfil por conta de dois motivos principais: eu não tinha como objetivo ser o melhor aluno da classe (o que eu não era!) e, principalmente, não fazia o tipo que ficava quieto em um canto e não convivia com os colegas. Era exatamente o contrário! Gostava de jogar bola, de andar de bicicleta, enfim, de estar com os colegas. Mas esse rótulo do aluno CDF me incomodava.

Já tem um tempinho que essa infância aconteceu, mas felizmente as boas lembranças daquela época ficaram. Várias lembranças foram restauradas no ano passado quando a tecnologia permitiu que todos esses colegas da infância se encontrassem novamente de forma virtual, em um grupo de Whatsapp. Era uma 6ª feira, em uma fria noite do inverno de 2020, quando eu recebi uma mensagem avisando que fulano de tal havia criado um grupo e que eu havia sido adicionado ao grupo que havia estudado junto na infância. 

Não demorou muito para que o pessoal começasse a interagir e trocar informações a seu respeito. O que cada um anda fazendo, onde está morando, quantos filhos e por aí vai. É claro que logo também começaram as lembranças dos “causos” da nossa infância. Logo lembramos daquele que mais aprontava, aquele que não fazia as tarefas, aquele que era o puxa saco dos professores e, claro, aqueles que eram os CDF´s da turma. Foi aí que o meu nome veio à tona, juntamente com outros pretensos CDF´s da época.

Aí eu aproveitei o bate-papo virtual e perguntei se realmente era assim que eles me viam, como um CDF. E a melhor explicação veio de uma colega, que na época do colégio sempre sentava próximo da minha carteira. Ela disse: “- Você era um CDF não porque só pensava em estudar, mas porque ficava frustrado quando não tirava uma nota 10!” Foi só aí, depois de tantos anos, que eu consegui entender uma coisa que faz muito sentido para a minha vida.

É lógico que eu não tirava nota 10 sempre. Aliás, a maioria das provas e trabalhos não tinha a nota 10. A nota máxima era um objetivo e eu me empenhava em chega lá, mas na maioria das vezes não conseguia. Tudo bem, as notas eram boas, eu passava de ano, mas na maioria das vezes a nota 10 não era o que eu encontrava quando eu recebia de volta as minhas provas ou o meu boletim. Ainda assim, o que aquela colega me falou fazia muito sentido e eu quis descobrir o porquê.

Eu lembro que havia provas em que eu tirava notas na casa do 8 ou 9. Eram a maioria! E o melhor de tudo é que em boa parte dessas provas eu ficava muito feliz pela nota que eu havia tirado. Lembro que havia matérias ou assuntos que eram mais difíceis e que qualquer nota que fosse acima da média 7 era bem-vinda. Cheguei a comemorar as notas 7,5 e 8,0 de algumas provas. Mas havia, sem dúvida, as provas em que eu não tirava 10 e ficava p… da vida com isso. E foi só quando a minha colega de infância lembrou deste fato que eu descobri que o problema não era não ter tirado 10. 

O buraco era mais embaixo. O problema estava no motivo que havia me afastado da nota 10 daquela prova. E os motivos geralmente estavam ligados a uma falta de atenção, um desleixo, um descuido qualquer em algo muito básico que acabava resultando em uma nota que não fosse 10. Confesso que eu ficava aborrecido quando isso acontecia. Mais ainda: confesso que ainda fico aborrecido quando isso acontece nos dias de hoje.

Só que nos dias de hoje não são as provas da escola que me deixam assim. Inconscientemente eu trouxe para a minha vida adulta aquele senso de perfeccionismo que mais atrapalha do que ajuda. No meu caso, o perfeccionismo não tem a ver com aquela coisa maluca do tipo “faça o melhor sempre” que somente serve para botar muita pressão sobre os ombros da pessoa. Não sou assim, mas sou perfeccionista com as coisas que eu sei que posso fazer de forma bem feita. Não abro mão de executar com bastante esmero e qualidade aquele trabalho ou tarefa que eu sei fazer muito bem. O problema é que eu me cobro muito quando essa perfeição não é atingida em algo que eu poderia entregar melhor. É a mesma reação que eu tinha quando não tirava a nota 10 por falta de atenção naquela prova da escola que era fácil.

É engraçado como certas coisas acompanham as nossas vidas e a gente nem se dá conta que estão presentes. A fama de CDF está comigo desde a infância, mas desde que eu saí do colégio essa fama ficou bem quieta no seu cantinho, adormecida. Depois de vários anos, quando entraram novamente em cena os atores daquela infância distante, é que eu vi o quanto aquele comportamento ainda se faz presente na minha vida. Ainda sou o cara que vibra com a nota 8 naquela prova que é difícil, mas também ainda sou o cara que fica frustrado quando deixa de tirar uma nota 10 quando sei que poderia ter feito melhor. Mas a questão é: será que nos dias de hoje, na minha vida pessoal ou profissional, há mais casos em que me dou satisfeito com a nota 8 em uma prova difícil ou de ficar brabo por não ter tirado 10 em uma prova mais fácil? Pois é, também refleti sobre isso e cheguei à conclusão que a última alternativa ainda é mais presente na minha vida.

No meu caso talvez tenha uma atenuante, pois eu sou adepto daquela frase que afirma que algo feito é melhor do que algo perfeito. Essa frase faz muito sentido para mim porque ela me avisa que eu devo fazer o meu melhor sempre. Só que há casos em que o meu melhor talvez não seja 100%, mas sim 70% ou 80%. Só que na medida em que a gente vai estudando, trabalhando e acumulando experiências, parece que a tolerância que temos com nós mesmos vai diminuindo. A régua da exigência vai subindo e a gente se cobra mais, principalmente naquelas coisas “triviais” para as quais não deveria haver erros. Parece que na medida em que a gente vai crescendo e evoluindo, a quantidade de provas em que deveríamos tirar nota 10 vai aumentando, o que consequentemente reduz a possibilidade de vibrarmos com aquela nota 8 que foi conquistada com bastante esforço.

Isso é cruel e um tanto injusto consigo mesmo. O fato de crescermos e evoluirmos não nos torna perfeitos. Mas é fato que a experiência dá mais condições para que as pessoas acertem mais do que errem. Até aí, tudo bem! Afinal de contas, crescer e evoluir tem a ver justamente com isso. Só que o não pode acontecer é a cobrança, a autocrítica ou ainda aquele julgamento que fazemos de nós mesmos quando erramos. Acho que ninguém merece colocar sobre seus ombros um peso maior do que a vida e o trabalho já nos dão.

E para que você não fique em dúvida, vai aqui mais uma confissão: esse é o relato da minha vida. Não sou CDF, mas ainda sou o cara que se cobra por não tirar a nota 10 naquela prova que eu poderia ter tirado. Também confesso que não quero mudar esse jeito de ser, porque apesar de todo este episódio estar abordando esse perfeccionismo com uma conotação um tanto quanto negativa, para mim também está muito claro que os efeitos positivos deste comportamento também existem, e são muitos. No final, é tudo uma questão de escolha e o que vai fazer a diferença não tem a ver com o que nós somos, mas sim para que lado da nossa vida desejamos apontar as nossas lentes.

Fala galera do Coachitório Online!

Tem sido legal manter o contato com aqueles colegas da infância. O mais engraçado é que as lembranças vêm facilmente, como se os fatos tivessem ocorrido há muito pouco tempo. Só que eu preciso deixar claro que o rótulo de CDF em si nunca me incomodou. Nunca sofri bullying ou fui zoado por isso. Mesmo agora, na vida adulta, os colegas lembram e comentam isso com bastante carinho e, claro, com um tom de brincadeira saudável que a ocasião merece.

O melhor é que toda essa situação me ajuda a lembrar que eu não posso medir o desempenho das outras pessoas com a mesma régua que eu utilizo para medir a minha performance. A minha nota 8 talvez seja uma nota 10 para outra pessoa, da mesma forma que a minha nota 10 pode ser a nota 8 de alguém. Não há como comparar, não podemos comparar. E por isso que eu quero aproveitar para lhe fazer uma pergunta: de quem é a régua que você está usando para medir o seu desempenho? É a sua ou você pegou emprestado de alguém? Se fizer sentido, compartilhe a sua resposta com a gente. Deixe a sua mensagem, sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br  

Tenho outro pedido: sabe aquele episódio que te marcou, aquele que você mais gostou? Pois é, compartilhe este episódio com os seus amigos nas suas redes sociais. E lembre-se também de apertar o botão para seguir o nosso podcast, pois assim a gente aumenta o número de pessoas que acompanha o Coachitório Online. 

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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!