Transcrição do episódio "122 – Egocentrismo Organizacional"
Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.
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O EGOCENTRISMO ORGANIZACIONAL
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Eu tenho uma forma bem peculiar de enxergar as empresas. Acho que isso não é novidade para as pessoas que me conhecem há mais tempo ou que acompanham meus trabalhos na área de desenvolvimento humano e organizacional ou nas aulas de pós-graduação e até mesmo quem acompanha o Coachitório Online. Para mim, as empresas são organismos vivos. São como o corpo humano. Ao olhar para uma empresa, eu vejo uma pessoa.
Além de ver a pessoa jurídica formada por indivíduos, reconhecida pelo Estado e detentora de direitos e deveres, cada vez que eu vejo uma empresa eu também vejo um organismo que vibra e que pulsa. Vejo um organismo que interage com o ambiente, que tem os sistemas e órgãos que a mantêm viva, que adoece e que precisa de tratamento. Vejo um organismo que pode ter uma vida muito curta ou uma vida muito longa, tudo dependendo dos cuidados a que esse organismo é submetido.
Cada empresa é um organismo vivo porque pode formar amizades, alianças e parcerias, bem como rivalidades ao longo da sua trajetória. Como todo organismo vivo, a empresa precisará discutir a sua relação com os outros e talvez até precisar de terapia – no caso das empresas, chamaríamos essa terapia de consultoria. Finalmente, empresas são organismos vivos porque assim como as pessoas elas têm pontos fortes e pontos de melhoria. Têm características que admiramos e outras que não gostamos.
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Essa é a lente pela qual eu vejo as empresas. É inevitável! Essa forma de ver as empresas me acompanha há muito tempo. Vários são os motivos que me fazem ter esse comportamento. Um destes motivos está relacionado ao fato de eu não conseguir ver a Administração de uma forma isolada, separada de outras ciências. Eu acredito que entenderemos melhor sobre as empresas e o que acontece dentro delas quando entendermos mais sobre Antropologia, Sociologia, Biologia e Física – só para citar alguns exemplos.
Outro fator que me faz enxergar a empresa como se fosse um ser humano está relacionado ao fato de que a Administração é uma Ciência Social, ou seja, estudamos o ser humano em Sociedade. E a empresa nada mais é do que um dos frutos das diversas interações sociais do ser humano. As empresas são uma prole, feitas à imagem e semelhança dos seres humanos que as criaram. Sendo assim, as empresas têm as suas virtudes e seus defeitos. Não são raras as oportunidades em que eu comento que as empresas têm que ser levadas ao divã para que possam ser analisadas e para que alguns de seus comportamentos e atitudes possam ser revistos.
Acredito que um dos comportamentos organizacionais que precisam ser discutidos tem a ver com o egocentrismo. Se usarmos o silogismo, que é a lógica aristotélica para deduzir e pensar sobre certas situações, podemos chegar à seguinte conclusão: se as empresas são compostas por pessoas e se as pessoas podem ser egocêntricas, logo as empresas também podem ser egocêntricas. Mas será que essa proposição é verdadeira? Será que as empresas podem ser egocêntricas?
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O egocentrismo é comportamento voltado somente para si ou tudo que lhe diz respeito, ou ainda, a incapacidade de diferenciar-se dos outros. Quando em uma pessoa em especial, usa-se o termo “egocêntrico”, denotando alguém preocupado consigo mesmo e indiferente aos problemas dos outros. Mas esta pessoa não necessariamente pode ser considerada egoísta.
Essa definição traz alguns elementos importantes que nos ajudam a entender porque uma empresa pode sofrer de egocentrismo. O primeiro ponto tem a ver com estar voltado somente para si. Empresas que olham somente para o seu umbigo e ignoram os fatores externos que fazem parte do seu ambiente estão colocando a sua saúde seriamente em risco. Mas essa lição é antiga! É inspirada em clássicos como A Arte da Guerra, livro no qual o general e filósofo chinês Sun Tzu nos ensinava sobre a importância de conhecermos o ambiente ao nosso redor.
Só que essa lição foi atualizada. Ainda não nos demos conta disto, mas o modo de viver, de trabalhar e de se relacionar está mudando tanto que futuramente nós teremos a oportunidade de ver que a História foi dividida em antes e depois do Coronavírus. Essa mudança entra pela porta da frente das organizações, ou melhor, arromba a porta da frente da vida das empresas e faz com que elas precisem encarar o ambiente de uma forma muito mais ampla. As lições de Planejamento Estratégico baseadas na Análise SWOT permanecem, mas a análise do ambiente externo precisa ser muito mais apurada, porque o conceito de ambiente externo mudou bastante.
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O que eu quero dizer é que não basta analisarmos a concorrência ou os produtos e serviços inovadores que nos ameaçam, mas sim de termos a sensibilidade de enxergar como as ameaças podem ser transformadas em oportunidade. A própria palavra “mercado” adquiriu uma conotação muito mais complexa, levando as empresas a olhar para a sua cadeia de suprimentos de ponta a ponta e fazendo com que as empresas finalmente entendessem dois pontos:
- Os fornecedores são responsáveis pelo sucesso de uma empresa tanto quanto são os clientes;
- Cada empresa está inserida em um sistema muito maior do que elas e, para que esse sistema quebre, basta que apenas uma de suas partes apresente problema. Assim como acontece com o corpo humano, basta um órgão pifar para que todo o corpo pereça.
Outro ponto importante tem a ver com a tecnologia. Nunca se falou tanto em tecnologia, mas nunca usamos tão mal o que temos à nossa disposição. Até já falamos sobre esse assunto lá no episódio #107 do Coachitório Online. Mas o fato é que a tecnologia está promovendo uma verdadeira separação entre o joio e o trigo. Quem está atualizado tecnologicamente conseguiu se adaptar a uma vida de entregas online, trabalho em home office e produtos digitais. As empresas egocêntricas acham tudo isso muito bonito mas pouco ou nada fazem neste sentido. Apenas esperam que as coisas voltem a ser como eram antes para que a sua vida seja “normal” novamente.
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Veja que esse comportamento de estar voltado somente para si ou somente para o que lhe diz respeito consiste em verdadeira ameaça à saúde organizacional. Mas aquela definição de egocentrismo tem outro ponto que eu gostaria de ressaltar, que é a incapacidade de diferenciar-se dos outros. De certa forma, estamos falando aqui da diferenciação, que é tão debatida no Marketing como sendo uma importante estratégia de competição que faz com que o mercado não só nos veja, mas também consiga nos diferenciar dos outros.
As pessoas conseguem se diferenciar uma das outras. Nossa aparência, nossas roupas, nossos comportamentos e atitudes fazem com que consigamos ser distinguidos na multidão não só por meio do nosso nome, mas sim das características que compõem a nossa identidade. E se as empresas são organismos vivos, quais são as peculiaridades que fazem com que a sua empresa possa ser reconhecida na multidão de concorrentes que se fazem presentes no mercado? Sim, é preciso que nossos produtos e serviços tenham qualidade e custo atraentes. É preciso que sejam posicionados e ofertados para o público correto e é preciso que este público entenda a necessidade de adquirir o que estamos oferecendo.
Mas assim como já falamos sobre a Análise SWOT, a equação de diferenciação e competitividade precisa de outros elementos para além do custo, qualidade, disponibilidade e interesse do mercado. Já faz tempo que novos elementos foram adicionados a esta equação, tal como a cultura organizacional a verdadeira preocupação com o bem-estar do ser humano dentro das empresas, o cuidado que as empresas têm para com o meio-ambiente e até a forma como as empresas competem no mercado. Percebam que dificilmente uma empresa irá conseguir fazer com que estes novos elementos sejam percebidos no produto ou no serviço, mas não há dúvidas que o consumidor irá notar se eles não estiverem presentes.
Se uma pessoa quer deixar um legado, tem de abandonar seu projeto egoísta e pensar no outro. Quem quer conquistar a admiração de seus íntimos tem de se fazer pequeno e dizer palavras nunca ditas, para surpreendê-los e encantá-los. O mesmo acontece com as empresas, afinal de contas, elas são organismos vivos que vibram e pulsam, erram e acertam, se reinventam e seguem em frente.
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Fala galera do Coachitório Online!
Eu sei que não sou o único a ver as empresas como organismos vivos e não sou o único a compará-las com seres humanos. Tampouco tenho a expectativa de que as pessoas concordem com a minha forma de enxergar as empresas, mas uma coisa é certa: a humanidade precisa de seres humanos em construção e as empresas estão se tornando cada vez mais um forte agente de mudanças, que precisa ser melhor utilizado.
Diante disto, eu quero lhe perguntar: de que forma você pode auxiliar a empresa que você trabalha a mudar de patamar e fazer com que ela deixe de sofrer de egocentrismo organizacional? Compartilhe a sua resposta com a gente. Deixe a sua mensagem, sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br
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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!