Transcrição do episódio "146 – Quanto é 1+1?"
Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.
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QUANTO É 1+1?
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– “Fabiano, posso te fazer uma pergunta?”
– “Sim! Pode perguntar!” – eu respondi.
– “Quanto é 1+1?”
Eu havia acabado de conhecer aquela pessoa que caminhava lentamente ao meu lado. Fazia apenas duas horas que havíamos nos encontrado para um café em uma bela manhã de sábado e aquela primeira conversa estava sendo tão agradável que eu tinha a certeza de que voltaríamos a nos falar várias outras vezes. Mas a pergunta que ela me fez me pegou desprevenido e, ao ouvi-la perguntar, não pude deixar de olhar para ela e demonstrar uma certa curiosidade sobre o motivo da pergunta. Mas eu me contive e me limitei a responder, sabendo que a resposta para aquela pergunta estava muito além da obviedade que aquela equação matemática sugeria. Então eu respondi.
– “Bom, a resposta matemática e óbvia seria dois. Um mais um é dois. Só que eu sei que a resposta não é essa, até porque, para mim, um mais um é mais do que dois. Então eu poderia lhe dizer que qualquer número maior do que dois poderia ser a resposta. Só que, para mim, a resposta certa é onze. Um mais um é igual a onze!”
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Lembro até hoje da reação dela. A resposta a fez parar, literalmente. Ela olhou para mim, com um misto de espanto e incredulidade. Parecia não acreditar no que tinha acabado de ouvir. Então ela me perguntou:
– “E por que você diz que a resposta é onze?”
Então eu me dediquei a explicar o motivo da minha resposta. A verdade é que eu não esperava por aquela pergunta e tampouco havia ensaiado aquela respostas, mas ela veio tão naturalmente que logo eu me vi descrevendo para ela a visão filosófica e científica que justificavam a minha resposta. Eu disse a ela:
– “Não se trata de uma simples equação matemática. Da forma como eu vejo, essa pergunta tem tudo a ver com algo que eu comecei a estudar algum tempo atrás, quando eu fiz o meu Mestrado em Administração. Chama-se Teoria da Complexidade, que nos ensina que o todo é maior que a soma das partes. Mais do que uma equação matemática, para mim é um jeito completamente de ver a vida!”
Fiquei com medo de tornar a conversa maçante com todo esse papo filosófico, mas eu via o interesse nos olhos dela, característico de quem quer aprender mais e conhecer mais sobre a pessoa que estava ao seu lado. Então eu continuei:
– “Vamos usar a pergunta que você me fez como exemplo. Na matemática básica, um mais um é igual a dois. Mas a verdade é que o resultado desta conta é bem maior do que a soma das suas partes.”
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Nesse momento, parados na calçada e de pé um de frente para o outro, eu procurei uma forma de desenhar essa equação. Então eu usei os dedos indicadores das minhas mãos para exemplificar o que eu estava dizendo. E continuei:
– “Cada um dos meus dedos representa o número um. Se colocarmos um do lado do outro, fica claro que a união dos meus indicadores não é dois. É onze. Veja só o desenho que eles fazem!” – disse a ela ao colocar meus indicadores lado a lado. E segui falando:
– “Agora vem a parte mais interessante: a gente consegue ver o número onze, mas conseguimos ver também os dois dedos de forma individual. Quando escrevemos o número onze, conseguimos ver também os dois números um de forma individual. Quer dizer que o todo, que é o número onze, não elimina as características e a individualidade dos dois números que o formam. É outro aspecto da Teoria da Complexidade, que diz que o todo é composto por parte independentes, que se interrelacionam.”
Sei que nesse momento você deve estar pensando o quão maçante essa conversa estava sendo. Você deve estar imaginando que a pessoa que estava parada ao meu lado estava entediada com toda essa história sobre Teoria da Complexidade, número onze e tudo mais. Mas a realidade era o oposto disso, pois eu via nos olhos dela o interesse e a curiosidade em querer saber mais. Eu estava falando com empolgação, falando algo que saía da minha mente e do meu coração e eu tinha certeza de que minha explicação estava indo no caminho certo. Assim, na tentativa de fazer uma analogia para deixar ainda mais claro porque um mais um é onze, eu disse:
– “Imagine agora que somos um casal. Você é um número um e eu sou o outro. Quando nos unimos, todas as nossas competências, habilidades, valores, sonhos e objetivos se juntam e formam algo muito mais grandioso do que qualquer coisa que venhamos a fazer sozinhos. Quando compartilhamos valores, sonhos e objetivos, o resultado é muito maior do que conseguiríamos se fizéssemos tudo sozinho. Mas o melhor de tudo é que, ao olhar para o desenho do número onze, ainda conseguimos enxergar cada um de nós, nossas individualidades, nossas características. O número onze é composto por dois números um e mesmo que estejam juntos, conseguimos enxergar cada parte que compõe este número. O mesmo funciona com duas pessoas. Juntas, podem formar um casal e construir algo muito belo e grandioso. Mas o casal que acredita e aplica o número onze é aquele em que conseguimos também ver a grandiosidade que existe em cada um deles.
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– “Nossa, faz muito sentido!” Foi o que ela respondeu depois da enxurrada de coisas que eu havia lhe falado para responder a uma simples pergunta. E ela continuou:
– “Nunca, jamais alguém havia dado essa resposta para essa pergunta. Muito menos havia explicado o conceito com tanta propriedade, com base em uma teoria tão importante. Não sei o que dizer!”
Eu havia ficado bastante curioso com a pergunta e fiquei ainda mais surpreso ao ver a reação dela à minha resposta. Só que eu ainda não havia entendido o motivo da pergunta e porque ela era tão importante para essa pessoa que eu havia acabado de conhecer. Mas algumas coisas para mim estavam claras: apesar de nos conhecermos há pouco tempo, foi a qualidade e a descontração da conversa que havíamos tido até então que a levaram a me perguntar quanto é 1+1. Também estava claro para mim que, mais do que uma resposta, o que eu havia falado havia mudado algumas coisas importantes nela. Algo me dizia que nossos dias não seriam mais os mesmos dali em diante. E devo dizer que, em ambos os casos, minha percepção estava correta. A resposta para aquela equação mudou muita coisa.
É claro que depois de um tempo ela me explicou o motivo de ter feito a mim aquela pergunta e o impacto que a minha resposta havia causado nela. Foi a minha vez de ficar surpreso com a explicação e, novamente, muita coisa fez sentido daquele dia em diante e hoje eu posso dizer que nada é por acaso e que o Universo cumpriu a sua missão naquele sábado de manhã. Depois disso, o nosso livre-arbítrio é que se encarregou do restante.
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Acreditem, essa história é real! Aconteceu em um belíssimo sábado de manhã, em meados de julho de 2021 na cidade de Blumenau. Eu decidi contar essa história porque acho que é uma forma de homenagear e eternizar o momento, mas também para falar sobre a Teoria da Complexidade, que é um princípio filosófico que tem sido debatido há séculos, mas que se tornou teoria e ciência no ano de 1812 por meio dos escritos do filósofo alemão Georg Hegel. Ele era conhecido por inserir questões metafísicas e espirituais em seu discurso filosófico e, ao analisar a Teoria da Complexidade, descobrimos que ela explica o nosso dia-a-dia, a nossa vida cotidiana, as nossas relações pessoais e profissionais. De forma resumida, a Teoria da Complexidade nos ensina que:
- O todo é maior do que a soma das partes: que é a base para justificarmos que 1+1 é igual a onze;
- O todo define a natureza das partes: é o conjunto, o ambiente formado pelas partes que acaba influenciando a forma como cada parte se comporta. Traduzindo para os dias atuais, é o mesmo que dizer que o ambiente que nos cerca exerce influência sobre nós;
- As partes não podem ser entendidas por meio do todo: significa que se eu quiser entender cada parte que compõe o número onze, é preciso analisar cada número um individualmente. Por isso que a equação 1+1 = 11 é esteticamente tão bela e adequada para explicar esta teoria;
- As parte são interdependentes e se interrelacionam: o apoio um ao outro é o que dá firmeza às relações. É preciso haver troca e aprendizado para que o todo seja maior do que a soma das partes.
E assim, a singela resposta a uma pergunta feita em um sábado de manhã acaba se tornando não só a oportunidade de escrever um texto, mas também de contar uma bela história e de atestar como a nossa vida está recheada de encontros que fazem com que a gente aprenda cada vez mais.
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Fala galera do Coachitório Online!
A história não acaba aí, claro. Aliás, eu diria que toda história é um trabalho em construção e neste caso não é diferente. Tenho aprendido muito ao longo destes meses e tenho cada vez mais a certeza de que o meu propósito de vida faz ainda mais sentido depois de tudo o que relatei aqui neste texto.
E hoje, ao invés de lhe fazer a costumeira pergunta do final do episódio, eu quero apenas desejar que você tenha encontros marcantes como esse e que você tenha a oportunidade de estar presente de corpo e alma quando esse momento acontecer, pois pode ter certeza de que essas ocasiões são de uma riqueza inigualável.
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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!