• 5ª Temporada
  • A Temporada que Vai Virar Livro!

  • Em 2016, eu lancei o meu primeiro livro, os 50 textos, que, como o próprio nome diz, é uma coletânea de textos sobre desenvolvimento humano, liderança e gestão. As pessoas começaram a me perguntar quando eu iria lançar a nova versão dos 50 textos. Pois bem, nada como unir o útil ao agradável, não é mesmo? Em outras palavras, os episódios da 5ª. temporada servirão como base para os 50 textos do meu próximo livro sobre desenvolvimento humano, liderança e gestão.

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106 – A DOR QUE MAIS DÓI

Se tem uma palavra que pode ser sinônimo de dor, essa palavra é urgência, porque quando estamos sentindo dor temos urgência em fazer algo para eliminá-la. É por isso que eu digo que a dor que mais dói é a que eu sinto, a que você sente. Mas, como já dizia Carlos Drummond de Andrade: a dor pode ser inevitável, mas o sofrimento é opcional. Quero dizer que, nem sempre podemos evitar as dores físicas ou emocionais, mas sofrer por elas é uma opção de cada um!

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Transcrição do episódio "106 – A DOR QUE MAIS DÓI"

Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.

A DOR QUE MAIS DÓI

Se há um sinônimo para a palavra dor, esse sinônimo é urgência. Essa afirmação é por minha conta. É apenas uma associação de palavras que fazem muito sentido para mim. Acredito que todo mundo já sentiu algum tipo de dor, seja ela física ou emocional. E sempre que enfrentamos uma dor é natural que tenhamos urgência em resolver aquilo que está provocando a dor. Logo procuramos por analgésicos físicos, psicológicos ou espirituais para eliminar o que nos incomoda. Acho que não há nada tão natural quanto querer eliminar uma sensação de dor.

Mas qual é a dor que mais dói? Difícil encontrar uma resposta para esta questão, mas não dá para negar que ao tentarmos descobrir qual é a dor que mais dói, vamos fazer com que o nosso cérebro procure por uma resposta que faça sentido. Só que esta resposta está longe de ser quantificável. Muito embora a Medicina tenha suas escalas para avaliar a intensidade da dor e a taxa de sucesso em determinados tratamentos, eu penso que não é simples colocar a dor em uma escala numérica e linear. A dor não é uma questão objetiva. É subjetiva. A dor não é uma questão de matemática, e sim de percepção e de momento.

Então talvez faça mais sentido afirmar que a dor que mais dói é a minha. Além disso, acredito que a dor que mais dói é a que eu sinto no momento, seja lá qual for a sua origem e o tratamento necessário para amenizá-la. E quando eu afirmo que a dor que mais dói é a minha, estamos falando também da minha urgência em resolver aquilo que me incomoda naquele momento.

A urgência serve para explicar esse contexto porque quando falamos das nossas dores acabamos não explicamos como é a dor, mas sim o que estamos sentindo por conta dela. Falar como é a dor e falar o que sentimos pode parecer a mesma coisa, mas não é. É o mesmo que querer definir sentimentos como amor, ódio ou felicidade. Acabamos falando do que sentimos ao invés de querer explicar racionalmente o que é essa sensação.

Por conta disto eu acredito ser importante separar dois conceitos que caminham juntos, mas que são distintos: dor e sofrimento. O grande escrito brasileiro Carlos Drummond de Andrade dizia que “a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”. Essa frase serve para auxiliar na compreensão do que acontece quando falamos das nossas dores, pois estamos invariavelmente falando do nosso sofrimento ao invés da dor em si.

Talvez esse conceito também faça mais sentido se nos referirmos às dores emocionais ao invés das físicas, pois eu penso que são as dores emocionais que nos fazem sofrer com mais intensidade. Ao afirmar isso, minha intenção não é menosprezar as dores físicas, mas sim chamar a atenção para o outro lado da dor: o que ela significa? O que pode ser aprendido com ela? Por que a dor causa sofrimento? O que fazer para que ela não se repita?

Quando as dores são emocionais é importante que a pessoa compartilhe o que sente com outras pessoas. É importante que desabafe e talvez até busque ajuda profissional, até porque, como dizia William Shakespeare, “todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente.” É importante reforçar que, embora toda e qualquer ajuda seja bem-vinda quando temos que lidar com assuntos pessoais e de cunho emocional que nos causam sofrimento, cabe somente a nós lidar com as causas do problema para assim diminuir, dominar e eliminar o sofrimento.

E aí nos colocamos em marcha para descobrir a causa das nossas dores a fim de encontrar o tratamento ou o analgésico que vai fazer com o sofrimento termine. Só que neste momento muita gente acaba fazendo confusão e se dedica a tratar somente os sintomas, ao invés das causas. Em minhas palestras e no meu trabalho com as pessoas e suas carreiras, eu sempre digo que a febre é um sintoma, mas não é o problema. A febre é um alerta de que algo está errado. Nós não podemos ignorar os sintomas, porque eles são aliados no nosso crescimento e evolução.

É perfeitamente possível usar isto como analogia para o que acontece nas nossas carreiras, pois eu acredito que o ambiente fala conosco o tempo todo e que tudo o que temos que fazer é prestar atenção ao que vimos, ouvimos, percebemos e sentimos. O ambiente em que vivemos – seja ele pessoal ou profissional – traz constantes sinais que nos ajudam a identificar como as coisas estão. Quando as coisas não estão bem, a febre surge. Na vida profissional, a febre se manifesta nos feedbacks que recebemos, no desempenho insatisfatório que temos, nos conflitos que geramos ou em que estamos envolvidos, na estagnação da nossa carreira. Talvez a dor se manifeste pelo potencial que nós temos, mas que está sendo desperdiçado por algum motivo. Enfim, a febre se manifesta de diversas formas e é importante estarmos atentos a ela.

Só que eu insisto que não devemos tratar os sintomas, mas sim as causas das dores que nos fazem sofrer. Neste momento surge uma questão importante: será que a causa é única? Temos que encontrar a causa ou as causas pois só assim iremos captar a essência do que verdadeiramente precisamos fazer.

O problema é mudar a forma de ver a nossa vida pessoal e profissional. É preciso mudar as lentes e os filtros que utilizamos para enxergar a nós mesmos e isso é um grande desafio porque ainda estamos habituados a ver o corpo humano como uma máquina que opera dentro dos princípios newtonianos. Acreditamos que a nossa vida opera dentro de princípios mecânicos, objetivos, práticos e mensuráveis, como se o corpo humano (e tudo o que habita em nosso coração, mente e espírito) fosse composto por peças que podem ser trocadas quando algum problema surge. Embora a Medicina felizmente tenha evoluído a ponto de permitir que alguns órgãos sejam trocados quando entram em falência, essa é apenas a cura para as dores físicas que sentimos. Mas, por incrível que pareça, o ser humano se esforça em fazer o mesmo no que diz respeito à parte comportamental quando decide trocar de emprego, abandonar relacionamentos, ser negligente com os seus estudos e o seu desenvolvimento.

O filósofo e sociólogo polonês Zygmunt Bauman chamava esse fenômeno que vivemos nos dias de hoje de sociedade líquida, pois entendia que as relações, com o passar do tempo, estão ficando cada vez mais superficiais e o contato entre os indivíduos tem sido cada vez menor. Ele afirmava que as relações escorrem entre os dedos e eu acredito que desta forma tudo o que conseguiremos em nossas vidas é reduzir os sintomas, mas dificilmente conseguiremos eliminar a causa do problema.

Voltando à questão da diferença entre dor e sofrimento, eu acredito que muitas dores irão nos fazer evoluir. Se o indivíduo assim o permitir, muitos sofrimentos irão trazer experiência e amadurecimento e a certeza de que não irá desejar passar por tudo novamente. As dores e sofrimentos somente irão contribuir com a nossa evolução se conseguirmos reconhecer com antecedência todas evidências que apontam que estamos seguindo em uma direção indesejável, cujo resultado final já sabemos.

Também acredito que o sofrimento não é causado por má sorte, por injustiças sociais ou por caprichos divinos. Na verdade, o sofrimento é causado pelos padrões de comportamento da nossa própria mente. O homem é o que é por causa dos pensamentos dominantes que permite ocuparem sua mente.

Fala galera do Coachitório Online!

Nós exercemos influência e impacto nas pessoas e nos grupos de que participamos e podemos escolher influenciá-los de forma positiva ou negativa. Todos nós deixamos uma marca nos outros. Mas, veja bem: deixar uma marca é diferente do que deixar uma cicatriz. É diferente de causar dor ou sofrimento.

Ao analisar a forma como você se relaciona com as pessoas na sua vida pessoal e profissional, eu gostaria que você refletisse a respeito de duas questões: Você deixa o ambiente melhor do que quando o encontrou? As pessoas melhoram quando convivem com você? Pense a respeito desta questão e, se fizer sentido para você, compartilhe a sua resposta com a gente. Deixe a sua mensagem, sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br

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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!