No distante ano de 1980, quando a internet era uma realidade somente nos filmes de ficção científica e quando vivíamos em uma Sociedade predominantemente industrial, um escritor americano chamado Alvin Toffler lançava um livro chamado “A Terceira Onda”.

Nesta obra, o escritor proclamava que, em muito pouco tempo, presenciaríamos a morte da Sociedade Industrial e o advento de um novo tipo de Sociedade.

É lógico que quando ele se referiu à morte, não estava querendo falar dela no sentido literal, físico. Toffler falava do fim de um ciclo que, naquela época, já dava sinais de saturação.

E tudo isso foi previsto por esse brilhante escritor e futurólogo americano, há mais de 40 anos. Ele já avisava que a forma como vivemos a nossa vida – baseada em uma Sociedade de produção e consumo que esgota rapidamente os recursos do planeta – seria insustentável para as gerações futuras.

Alvin Toffler não era Nostradamus. Ele não previu o Coronavírus ou qualquer coisa desse tipo. Mas ele previu o colapso de muitas coisas que hoje estão acontecendo.

Ele entendia que os problemas mais urgentes do mundo – a comida, a energia, o clima, a pobreza, etc. – não mais poderiam ser resolvidos no futuro, com a mentalidade que predominava lá nos anos 1980. E ele estava certo! É preciso uma nova forma de pensar, de trabalhar e de viver em Sociedade.

Mas, ele não queria dizer que o modelo de vida definido pela Sociedade Industrial tenha sido ruim. Muito pelo contrário: houve avanços impressionantes no campo da tecnologia, saúde e qualidade de vida para muita gente.

De forma direta ou indireta, todos se beneficiaram da Sociedade Industrial. Aliás, o fato de você estar lendo esse texto, somente é possível porque a tecnologia permite. Mais um fruto do industrialismo.

Por outro lado, há muito tempo essa forma de viver tem deixado marcas. Toffler questiona se aquele estilo de vida ainda trazia qualidade de vida para as pessoas.

Isso tudo sendo dito lá no começo da década de 1980 e, transportando esse questionamento para os dias de hoje, realmente faz sentido perguntar se o fato de termos computadores, internet, celulares, redes sociais, etc., significa que temos qualidade de vida. Cada um pode falar por si só, mas eu acho que a pandemia nos faz refletir sobre o que é importante para as nossas vidas.

Acho que toda essa crise tem feito muita gente voltar lá para a base da Pirâmide de Maslow, a fim de refletir o quanto temos que ser gratos por termos trabalho, um lugar para dormir, família, comida e amor.

No livro “A Terceira Onda”, Alvin Toffler deixa claro que não está levantando uma bandeira contra a Sociedade Industrial, até porque ele mesmo diz que toda aquela geração (e isso ainda inclui a nossa geração) nasceu, cresceu e se desenvolveu dentro de uma mentalidade industrial.

Mas ele via, ou melhor, nos alertou sobre a necessidade de mudanças, as quais ele resumiu em dois motivos:

  1. O escritor antecipou que entraríamos na Era da Informação, na qual a inteligência, a emoção, a imaginação e intuição do ser humano seriam mais importantes do que qualquer máquina ou tecnologia. Trocando em miúdos, Toffler nos advertia sobre a importância de sermos mais emocionais do que racionais;
  2. Já estamos vendo isso acontecer e também estamos vendo que o modelo puramente industrial não se sustenta mais. Estamos acabando com os recursos naturais e com a nossa saúde. O legado que estamos deixando para as gerações futuras é perigoso.

Apesar de ter sido lançado há mais de 40 anos, esse livro é mais atual do que nunca, porque tudo aquilo que foi preconizado por Alvin Toffler está acontecendo em nossas vidas.

Então, que tal deixarmos bons legados? Que tal fazermos com que os lugares em que trabalhamos sejam sustentáveis? Que sejam ambientes humanizados e acolhedores? Que tal refletirmos mais sobre a relação entre o “ser” e o “ter”? Acho que vale a pena sermos os agentes construtores e participantes desta nova Sociedade.

FICHA CATALOGRÁFICA:

TOFFLER, Alvin. A terceira onda. 13. Ed. Rio de Janeiro: Record, 1980.

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