A hierarquia das empresas está organizada em três níveis principais: estratégico, tático e operacional. Independentemente da quantidade de níveis hierárquicos que as empresas possuem, todos eles podem ser enquadrados em um destes três níveis.
Muito se fala das atribuições de cada nível, mas por incrível que pareça ainda há muita confusão no que diz respeito às responsabilidades que cabem a cada um deles – principalmente ao nível estratégico. De forma resumida, entendo que esses níveis devem ter como premissas básicas:
- Nível estratégico: aquele que é responsável por olhar a organização de dentro para fora. São as pessoas que devem ter a visão estratégica da organização e que devem definir os rumos e as ações a serem executadas pela empresa;
- Nível tático: aquele que é responsável por olhar a organização pelo lado de dentro como um todo. É quem deve ter a visão sistêmica (ver o todo e suas partes). São responsáveis por supervisionar e coordenar as ações definidas pelo nível estratégico;
- Nível operacional: são os responsáveis por executar as ações definidas pelo nível estratégico.
Mas do que se trata essa visão estratégica, o olhar de dentro para fora que os gestores do nível estratégico têm que ter? Basicamente, diz respeito a prestar atenção aos movimentos feitos por algumas partes, que são de grande interesse para a empresa:
- Clientes: são o ápice de toda a cadeia produtiva da empresa. É para quem os produtos e serviços da empresa são elaborados e realizados;
- Fornecedores: responsáveis por garantir os recursos necessários à execução das nossas atividades. Além de fornecerem insumos (matérias-primas), também fornecem recursos financeiros (bancos) e mão-de-obra (colaboradores);
- Concorrentes: são parte vital para o sucesso da empresa e do mercado em que estamos inseridos, pois nos fazem melhorar continuamente a qualidade dos produtos e serviços oferecidos pelas empresas;
- Governo: são os maiores “sócios” das empresas, pois ficam com boa parte do faturamento das empresas por meio dos impostos e tributos. Além disso, é quem cria e aplica as leis, as “regras do jogo” para o mercado.
É o nível estratégico que deve acompanhar os movimentos dos stakeholders da organização. Essa responsabilidade é indelegável, por um motivo muito simples: o nível tático e o nível operacional não têm a experiência e muitas vezes a visão e o conhecimento necessários para atuar no estabelecimento das estratégias da empresa.
No entanto, observo que muitos gestores acabam ignorando a necessidade de olhar para fora da organização e preferem focar nas questões táticas e operacionais. Pior ainda, muitos acabam se envolvendo na execução de tarefas que são de responsabilidade dos outros níveis.
E quando o nível estratégico se envolve na execução das questões operacionais, há a sobreposição dos papéis. Em português mais claro, o nível estratégico acaba passando por cima do nível tático e isso cria uma confusão de todo tamanho na empresa.
Mas há uma consequência ainda pior: se o nível estratégico não está olhando para fora da organização, focando nos rumos e estratégias da empresa, pode ter certeza de que ninguém mais está.
Com o tempo, essa sobreposição de papéis acaba fazendo com que a organização mais pareça um navio sem rumo: pode até estar navegando, mas ninguém sabe para onde…