Por que um livro que fala de estratégias militares, escrito há mais de 2.400 anos, tem sido considerado tão importante para a gestão das empresas e o mundo dos negócios de hoje em dia? Essa é a proeza que conseguiu o livro “A Arte da Guerra”, escrito pelo oficial militar chinês Sun-Tzu.

Logicamente, esta obra não foi escrita para servir como livro de cabeceira dos gestores modernos. O objetivo inicial do livro era, na realidade, registrar as observações e ações que o autor realizou em diversas campanhas militares que foram organizadas entre os séculos V e III a. C.

Naquela época, o território que atualmente conhecemos como República Popular da China estava dividido em vários reinados que viviam em pé de guerra. Reinos eram conquistados e perdidos com frequência, o que tornava necessário que os exércitos se preparassem melhor para vencer as batalhas.

Isso quer dizer que o livro traz mensagens e relatos estritamente militares. Fala sobre o desenrolar e o desfecho de batalhas e conta, com detalhes, algumas situações delicadas e um tanto cruéis que os militares da época se deparavam.

Só que as mensagens que servem como lição para o mundo organizacional são claras. Um exemplo disso é a forma como o livro foi organizado, pois todo o seu conteúdo está disposto em 13 capítulos que mostram claramente a presença das bases da Teoria da Administração que seria formalizada somente no início do século XX:

  1. Planejamento
  2. Guerreando
  3. Estratégia ofensiva
  4. Disposições
  5. Energia
  6. Fraquezas e forças
  7. Manobras
  8. As nove variáveis
  9. Movimentações
  10. Terreno
  11. As nove variáveis de terreno
  12. Ataques com o emprego de fogo
  13. Utilização de agentes secretos

Perceba que há indícios claros de alguns elementos utilizados até hoje para a gestão das empresas: planejamento, estratégia, análise SWOT, organização de recursos, análise da concorrência, etc.

Mas, esse livro ficou esquecido por muitos séculos. Somente no final do século 18 é que um missionário jesuíta conseguiu traduzir um primeiro exemplar para o idioma francês.

Inclusive, há uma lenda que conta que Napoleão Bonaparte teria sido um dos primeiros a ler a obra traduzida e aplicar os conceitos do livro.

Somente a partir do ano de 1910 é que surgiram traduções para o idioma inglês e bem mais tarde – a partir dos anos 1980 – é que esse livro foi redescoberto nos EUA como sendo um clássico de estratégia e gestão.

Mas há um ponto importante a frisar. Apesar de ser um livro que fala muito sobre guerras e batalhas, a essência do livro é a estratégia; a forma com a qual se ganham as batalhas.

Mais ainda: Sun Tzu afirma que o melhor general não é aquele que vence as guerras no campo de batalhas, mas sim o que as vence por meio da estratégia.

Em outras palavras, é um livro que dá lições claras de planejamento, organização e execução, da importância de conhecer a si mesmo e a concorrência como forma de vencer a competitividade.

E, como todo e qualquer livro, cada uma de suas páginas traz várias outras lições que estão reservadas aos olhos de cada leitor.

FICHA CATALOGRÁFICA:

TZU, Sun. A arte da guerra. São Paulo: Jardim dos Livros, 1998.

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