• 3ª Temporada
  • Temas Relevantes para Vidas Importantes

  • A terceira temporada fala de temas relevantes para vidas e carreiras importantes. Falamos sobre felicidade, criatividade, visão, zona de conforto, conhecimento... Enfim, vários temas abordados de uma forma didática porque são assuntos que fazem muito sentido para a nossa vida e carreira. Afinal de contas, na nossa vida profissional é preciso falar sobre temas como trabalho em equipe, perfil comportamental, empatia, entre outros.

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67 – O custo de pensar

Pensar é o trabalho mais difícil que existe. Talvez por isso tão poucos se dediquem a ele. Essa frase foi falada por Henry Ford há cerca de cem anos, mas reflete uma realidade muito atual porque infelizmente muita gente prefere não pensar e não se desafiar. Assim, tornam seu trabalho e suas carreiras comoditizadas, facilmente substituíveis.

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Transcrição do episódio "67 – O custo de pensar"

Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.

QUAL É O CUSTO DE PENSAR?

Henry Ford foi um dos maiores empresários da indústria automobilística. Ele teve uma importância gigantesca para a história da Administração porque aplicou na prática as teorias e ensinamentos de vários autores e pesquisadores que falavam sobre a necessidade de organizar de forma diferente as fábricas e os processos produtivos da época. Ford fez várias mudanças no processo produtivo, todas elas com a finalidade de obedecer a duas premissas básicas: dividir as tarefas em partes menores para que os funcionários se especializassem naquilo que faziam, pois funcionários especializados tendem a produzir mais e melhor.

Ele também foi precursor na forma como tratava seus empregados. Pagava um salário bem acima dos padrões da época porque acreditava que a remuneração era parte essencial da motivação e qualidade de vida dos funcionários. Também acreditava que o salário mais alto era uma forma de dividir com os funcionários uma parte do seu lucro, de seus resultados.

Henry Ford foi um empresário muito humanista, mas engana-se que a sua motivação era somente o bem-estar dos funcionários. Por trás desse pensamento estava, claro, a possibilidade de fazer carros de uma forma diferente, melhor, mais produtiva e mais barata. E assim, consequentemente, ganhar mais dinheiro com tudo isso. Tudo certo com isso! Mas ele também agiu assim porque entendia que as tarefas produtivas estavam se tornando cada vez mais complexas. Ele também sabia que o ser humano seria o principal gargalo ao crescimento da sua empresa. A reformulação do sistema produtivo era muito mais do que um insight ou de uma tentativa ousada de produzir carros de uma forma diferente. Era motivada pela necessidade, pois ele sabia que o ser humano, naquela época, teria dificuldade em lidar com tarefas muito complexas.

Então ele dividiu o trabalho de forma que cada funcionário executasse somente uma operação, pois isso tornaria mais fácil para a pessoa entender o que precisava fazer. Por trás de toda essa teoria e prática da época havia um pensamento que dominava a classe empresarial da época:

“Pensar é o trabalho mais difícil que existe. Talvez por isso tão poucos se dediquem a ele.”

Vou repetir:

“Pensar é o trabalho mais difícil que existe. Talvez por isso tão poucos se dediquem a ele.”

Essa frase é do próprio Henry Ford. Ela parece cruel, porque deixa clara a certeza que ele tinha de que o ser humano era limitado e não estava disposto a raciocinar. Seria mais fácil, então, dar tarefas simples, mastigadas, que não exigissem tanto da criatividade e engenhosidade das pessoas. Henry Ford não esperava que seus funcionários pensassem. Esperava apenas que executassem suas atividades da forma como foram ensinados.

Essa forma de pensar parece desumana, mas reflete apenas uma realidade da época: abundância de mão-de-obra, mas de uma mão-de-obra analfabeta ou com muito pouco estudo. Abundância de força nos braços, mas falta de estudos e de desenvolvimento intelectual para executar tarefas mais complexas. Henry Ford e outros empresários da época se viam diante da possibilidade de expandir seus negócios, mas enfrentavam também a ameaça da falta de qualificação da mão-de-obra. Tudo o que fizeram foi encontrar formas de contornar essa dificuldade.

Bom, eu quis trazer esse assunto à tona não para falar de Henry Ford ou para criticar a sua forma de ver o trabalho e o ser humano naquela época. Ainda assim, foi necessário falar disso para abordar os assuntos que eu quero falar no episódio de hoje.

O primeiro deles é um tanto óbvio, muito embora a gente não perceba ou não tenha conhecimento dele: a forma como trabalhamos hoje é igual à forma como trabalhavam os funcionários de Ford há mais de cem anos. A tecnologia mudou e melhorou, o trabalho é menos pesado, novas funções surgiram, mas ainda trabalhamos em um sistema de linha de montagem. Nossas tarefas ainda são divididas a fim de que a gente consiga fazer bem feito o trabalho que de nós se espera. E se engana quem pensa que estou falando apenas de sistemas produtivos. Todas as empresas adotam essa forma de organizar o trabalho.

Escritórios de Contabilidade e Advocacia, empresas de TI, as atividades administrativas nas empresas, restaurantes, enfim, praticamente todas as empresas organizam seus trabalhos em torno de tarefas divididas em setores ou departamentos.

Não é uma crítica. Claro que não! É apenas a constatação de que o modelo idealizado há um século funcionou muito bem e funciona até hoje. É a forma mais fácil de organizar as tarefas e fazer com que o trabalho seja feito.

O outro assunto que eu quero abordar tem a ver com os problemas que essa forma de trabalhar tem trazido para as pessoas e para as empresas. Ficamos tão acostumados a realizar apenas uma atividade ou pequenos pedaços de uma tarefa que, quando é exigido de nós que a gente faça algo além ou diferente, não sabemos como. Quando surge uma oportunidade de crescer, de sermos promovidos ou de encararmos um novo desafio, chegamos à conclusão de que não estamos preparados porque nosso trabalho se resume a fazer uma espécie de “feijão com arroz”. Tudo muito simples.

Nosso trabalho está muito comoditizado. E você sabe que as pessoas tendem a pagar menos por produtos simples, comoditizados. Da mesma forma, as empresas tendem a pagar menos por serviços comoditizados, por funcionários que sabem realizar tarefas comoditizadas. E quanto mais comoditizado for o conhecimento e o trabalho realizado, mais fácil será substituir o profissional que assim trabalha.

Faz sentido para você?

Eu falo sobre esse tema diversas vezes, nos meus processos de Coaching, nas consultorias que eu realizo e nas aulas que eu leciono para a pós-graduação. As empresas não deixarão de executar as suas tarefas de forma dividida e setorizada, como tem sido há cem anos. Mas as empresas esperam que estejamos aptos e dispostos a saber e querer fazer mais do que fazemos atualmente. Embora o seu trabalho ainda sejam uma pequena parte do todo, é preciso entender o todo e saber fazer mais do que faz hoje. O nome disso é polivalência.

Por esse motivo que eu sempre lembro daquela frase do Henry Ford que eu citei lá no início desse podcast. Pensar é um trabalho difícil e poucas pessoas estão dispostas a se dedicar a ele.

Para ser polivalente é preciso pensar. É preciso estudar, ter mais conhecimento. É preciso meter a cara, não ter medo de errar. É preciso erguer a mão quando o gestor perguntar quem está disposto a se dedicar um pouco mais do que já faz. O problema é que muita gente não quer sair da sua zona de conforto (e aí eu recomendo que você ouça novamente o episódio #61, em que falamos sobre como trabalha a nossa zona de conforto). Além de não querer sair da zona de conforto, muita gente também deixa de pensar sobre uma questão muito simples: qual é o custo de não pensar?

Pensar dá trabalho. É mais fácil fazer as coisas no piloto-automático. Não pensar não dá trabalho, mas traz um custo. Ou melhor, traz consequências. Em todos os meus trabalhos – nos processos de Coaching, na consultoria e nas aulas – eu provoco as pessoas a pensarem sobre as consequências de não pensar, de não querer aprender mais, de não querer fazer mais ou de não querer topar com novos desafios ou com o desconhecido. Eu procuro levar as pessoas a compreenderem que os resultados que desejamos amanhã são construídos hoje. Eu procuro criar uma situação em que a pessoa vislumbre os cenários futuros de sua vida, sempre considerando as consequências do pensar e do não-pensar.

É lógico que as pessoas rapidamente concluem que devem deixar de ser profissionais do tipo commodity para serem profissionais com valor agregado. Rapidamente concluem que é necessário fazer algo para que suas carreiras não sejam comoditizadas e que não se tornem profissionais facilmente substituíveis no mercado. Daí surge outro problema: por onde eu começo?

As primeiras ações não custam nada, porque envolvem reflexão. Responda para si mesmo: há quanto tempo você não aprende algo novo? Qual foi o último curso que você fez ou livro que leu? Há quanto tempo você faz a mesma atividade? Você se sente estagnado? As respostas para essas perguntas vão lhe ajudar bastante, porque elas vão mostrar se o seu diploma está com a validade vencida ou não.

Também sugiro procurar ajuda. Conversem com algum colega mais experiente, com alguém cuja trajetória profissional você admira. Mais importante ainda: converse com o seu gestor. Diga a ele que quer sair da zona de conforto e peça orientação para isso. O seu gestor (em outras palavras, o teu chefe) é a primeira pessoa com quem você deve conversar nesses momentos, mas, por incrível que pareça, é a última pessoa que procuramos.

Acima de tudo, defina para onde quer ir e o quer aprender e fazer. Esse passo é importante, porque de uma coisa você pode estar certo: o mercado de trabalho vai mudar e a nossa carreira também. Quem acreditar que o mercado de trabalho de amanhã será igual ao mercado de trabalho de hoje terá uma grande decepção.

Pense nisso. Não custa nada!

Fala, galera do Coachitório Online.

Por mais tecnologia que tenhamos à mão e por mais fácil que seja o acesso à informação, parece que mais desatualizados ficamos. Talvez seja esse o problema: o computador e a internet facilitaram tanto o nosso trabalho que fez com que muitas pessoas tenham preguiça de pensar. Isso tem um custo, pois faz com que sejamos simples repetidores de tarefas ao invés de sermos estratégicos para as empresas.

Conhecer a si mesmo é um passo importante para mudar esse cenário e é por isso que eu te faço um convite: dê uma olhada no site da Ponte ao Futuro e descubra a jornada do autoconhecimento. O conhecimento de si mesmo é essencial para gerenciarmos nossos comportamentos e atitudes e para evoluirmos enquanto seres humanos.

Muito obrigado a você que nos acompanha semanalmente aqui no Coachitório Online. Quero dar as boas-vindas para quem está chegando agora. O nosso podcast semanal sobre pessoas, carreira e liderança está na terceira temporada e eu aproveito para te convidar a curtir todos os nossos episódios e temporadas pela sua plataforma favorita.

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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!