• 3ª Temporada
  • Temas Relevantes para Vidas Importantes

  • A terceira temporada fala de temas relevantes para vidas e carreiras importantes. Falamos sobre felicidade, criatividade, visão, zona de conforto, conhecimento... Enfim, vários temas abordados de uma forma didática porque são assuntos que fazem muito sentido para a nossa vida e carreira. Afinal de contas, na nossa vida profissional é preciso falar sobre temas como trabalho em equipe, perfil comportamental, empatia, entre outros.

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66 – O que é a tal da empatia

Você já reparou como nós nos identificamos com certas pessoas? Quantas vezes acontece aquela sensação de que temos muito em comum com alguém que estamos falando? Essa afinidade se chama empatia e pode estar relacionada a coisas ligadas ao trabalho, preferências e gostos pessoais ou ainda a experiências semelhantes pelas quais as pessoas passaram ou estão passando.

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Transcrição do episódio "66 – O que é a tal da empatia"

Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.

O QUE É A TAL DA EMPATIA?

Você já reparou como nós nos identificamos com certas pessoas? Quantas vezes rola uma afinidade, aquela sensação de que temos muito em comum com uma pessoa que mal acabamos de conhecer ou com alguém com quem estamos falando? Essa afinidade pode estar relacionada a coisas ligadas ao trabalho, preferências e gostos pessoais ou ainda a experiências semelhantes pelas quais as pessoas passaram ou estão passando.

Muitas vezes usamos o termo “empatia” para nos referirmos a essa afinidade ou identificação que sentimos em determinados momentos, com determinadas pessoas. O termo empatia foi usado pela primeira vez no início do século 20, pelo filósofo alemão Theodor Lipps. Ele usou a palavra empatia para indicar a relação existente entre o artista e o espectador. Segundo o filósofo, ao ver uma obra de arte, um concerto musical ou uma apresentação de teatro, o espectador entra em um estado de emoção no qual projeta a si mesmo para dentro do espetáculo. O espectador sente as emoções daquela obra como se ela tivesse sido feita para ele. É uma sensação de pertencimento muito grande, e a essa sensação de pertencimento o filósofo alemão deu o nome de empatia.

Atualmente a empatia tem um conceito um pouco diferente, mais abrangente. Você já deve ter ouvido falar que a empatia é a “capacidade de se colocar no lugar do outro”. A empatia une as pessoas em torno de um sentimento comum. É como se conseguíssemos sentir a dor que a outra pessoa está sentindo. Aliás, esse é um ponto interessante sobre a empatia: na maioria das vezes, as pessoas manifestam empatia pelo outro em momentos difíceis ou de tristeza.

Você já reparou nisso? Nós nos sensibilizamos e nos aproximamos mais das pessoas quando elas estão passando por momentos de tristeza ou sofrimento, iguais ao que a gente pode ter experimentado no passado. Fica aquela impressão de que a gente entende o que o outro está sentindo porque já sentimos o mesmo e, por isso, sabemos o quanto é importante sermos solidários nesse momento. É, literalmente, a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro.

Eu acho que essa é uma das reações mais humanas que existem. É muito bonito ver a solidariedade que existe com o outro em momentos de dificuldade, sobretudo quando a outra pessoa está passando por uma situação que já experimentamos no passado. Até aí, tudo bem! Mas a pergunta que não quer calar é: por que a gente não expressa a empatia em momentos de alegria? Por que não somos solidários quando encontramos pessoas que estão passando por momentos de sucesso, êxtase ou felicidade extrema? Por que é “mais fácil” exercitar a empatia em momentos de dificuldade ou tristeza?

Para responder a essa pergunta, se faz necessário explicar um pouco sobre a fisiologia da empatia, ou seja, o que precisa acontecer no nosso cérebro para demonstrarmos a empatia. Desde já eu peço desculpas aos Psicólogos, Médicos e demais profissionais que conhecem e pesquisam muito mais sobre o assunto, caso eu falar algo de forma muito superficial ou incorreta. Eu sou um leigo no assunto.

De forma geral, a empatia é uma sensação que é despertada em nós por conta de um estímulo ambiental. Ou seja, reagimos a algo que presenciamos em outra pessoa. Estudos de neuroimagem mostram que algumas regiões do cérebro podem ser ativadas a partir da expressão facial ou linguagem corporal da outra pessoa. Esse fenômeno é chamado de contágio emocional. Em outras palavras, toda emoção manifestada por alguém desperta uma reação no nosso cérebro. Emoções contagiam. Aliás, na minha palestra “A Excelência Contagia” eu falo especificamente do quanto as emoções e as questões comportamentais contagiam as pessoas que estão ao nosso redor.

Pois é, com a empatia é a mesma coisa. Então, já sabemos que a empatia é uma reação que acontece quando o nosso cérebro identifica a expressão facial ou a linguagem corporal da outra pessoa. Mas isso ainda não explica porque as pessoas tendem a demonstrar mais empatia quando o outro está em momentos de dificuldade ou tristeza.

Ao pensar sobre isso, a primeira resposta que veio até mim foi a questão da inveja. Isso mesmo, inveja. Para mim, foi sedutor pensar que as pessoas evitam mostrar empatia pelo outro quando ele se encontra em um momento de felicidade, porque o sentimento que impera em nós naquela hora é a inveja, e não a empatia. Para ser um pouco mais claro: nós nos identificamos com a desgraça alheia, mas não queremos reconhecer o sucesso ou a felicidade do outro. Rola uma invejinha aí.

Confesso que essa resposta fez muito sentido para mim. É claro que estou falando de mim mesmo. Estou sendo empático com a situação. Lembrei de várias situações que eu presenciei de dificuldades e momentos de tristeza de outras pessoas e também lembrei de várias situações de êxtase e sucesso que eu presenciei. Fazendo esse exercício, foi fácil recordar que os momentos de dificuldade fizeram com que eu tivesse vontade de ajudar o outro, no que fosse possível. Por outro lado, na maioria das vezes os momentos de alegria e sucesso não provocaram esse senso de empatia, de aproximação do outro. É provável que tenha rolado uma inveja…

Mas aí eu acabei descobrindo que essa relação entre empatia e inveja existe e faz sentido, mas não explica completamente o assunto. Pelo menos, não de forma direta, como se fossem sensações opostas em relação ao que a outra pessoa está sentindo. Essa descoberta aconteceu quando eu vi uma pesquisa feita por um psicólogo italiano, chamado Salvatore Agliot. Suas pesquisas mostram que a empatia é uma resposta universal. Todo ser humano, inclusive muitos animais, demonstram reações fisiológicas de empatia. O melhor de tudo é que o psicólogo italiano descobriu que a empatia tem a ver com a predisposição que o ser humano tem para com o comportamento altruísta. Altruísmo é o contrário do egoísmo. Trocando em miúdos, é a nossa capacidade de sermos solidários e nos dedicarmos aos outros. É quando colocamos em prática ações que venham a beneficiar outras pessoas, sem ter a expectativa ou interesse de retribuição ou benefício próprio.

Isso explica porque somos mais inclinados a ter empatia nos momentos em que a outra pessoa está passando por momentos de dificuldade, porque fica claro que a pessoa que está em momentos de dificuldade ou tristeza precisa de ajuda e isso ativa o nosso comportamento altruísta, a nossa vontade de ajudar o próximo. Outro estudo muito interessante, feito nos anos 1970 pelos pesquisadores James Geer e Lynn Jarmecky mostraram que a empatia desperta em nós o senso de que somos responsáveis por diminuir a dor dos outros. Esse estudo mostrou que quanto maiores os sinais de dores de uma pessoa, maior o nível de ativação empática e a velocidade com que a gente presta ajuda.

Pois bem, ficou mais claro que a empatia se manifesta mais em momentos de dificuldade ou tristeza porque pessoas que estão em situações de dificuldade precisam de ajuda. Ajudar ao próximo é algo inerente do ser humano. É item de série e por isso que é mais comum termos empatia pelo outro quando ele precisa de ajuda. Da mesma forma, é mais difícil termos empatia por alguém quando ele se encontra em momentos de alegria ou sucesso porque há pouco ou nada que podemos fazer por ele nesse momento. Não é despertada em nós aquela sensação de urgência de que precisamos ajudar. Não precisa. Em momentos de alegria e felicidade, tudo o que podemos fazer é celebrar com o outro.

OK! Faz sentido! Mas ainda assim eu me pergunto porque às vezes rola aquela inveja quando presenciamos o sucesso do outro, principalmente na vida profissional. Você já deve ter passado por aqueles momentos em que um colega seu recebe um elogio, é promovido ou ganha um aumento. Já passou por isso? Acontece de vez em quando! A pergunta é: qual é a sensação que você teve ao ver um momento de sucesso do seu colega?

Em alguns casos, ficamos alegres. Genuína e sinceramente alegres pelo sucesso do outro. Mas, em outros casos, torcemos o nariz, fazemos uma careta e damos os parabéns para a pessoa com aquele sorriso amarelo no rosto. Acontece! Já aconteceu comigo e nos meus trabalhos de Coaching várias pessoas já confessaram ter passado por momentos assim.

Será que isso nos torna pessoas más? Somos piores porque não conseguimos controlar esse tipo de reação? Somos invejosos demais? Claro que não! Essa reação é normal, porque somos seres humanos. Mas ainda assim, permanece a dúvida: por que esse tipo de reação acontece?

Parte da explicação tem a ver com a nossa biologia. De forma bem superficial e resumida, o meio organizacional nos ensina a sermos competitivos. Para subirmos na vida, temos que nos superar e superar também a competição que existe com o nosso colega. Charles Darwin, ao estudar a origem e evolução das espécies, sugeriu que essa competividade faz com que a gente se adapte ao ambiente, adquira vantagens competitivas diferentes e consiga evoluir para sobreviver. Isso quer dizer que, se temos aspirações profissionais, se queremos crescer e sermos promovidos, temos que passar por processos de competição e seleção, o que faz com que a gente veja o sucesso do outro como uma ameaça ao nosso próprio sucesso.

Acho que outra parte da explicação tem a ver com o merecimento. A gente vê o sucesso do outro e se questiona se ele é merecedor. Muitas vezes, a resposta é não! Concluímos que a pessoa não merece o que está recebendo. Dizemos para nós mesmos que o sucesso dela deriva da sorte ou do fato de ser um favorito ou favorecido de alguém. Mesmo que o nosso colega mereça o sucesso que está recebendo, muita gente tem dificuldade em reconhecer esse merecimento.

Isso acontece porque o sucesso, a promoção, o aumento de salário ou o elogio são apenas a cereja do bolo. O momento de alegria do nosso colega é apenas o ápice de um longo processo de esforço, aprendizado e dedicação. O problema é que a maioria de nós não consegue ver o quanto o nosso colega se esforçou para receber o que recebeu. A gente só vê a conquista e isso faz com que a gente imagine que o sucesso do nosso colega tenha sido muito fácil. E, quando é fácil, não há merecimento.

É aí que a gente se engana e é preciso cuidarmos com isso, porque quanto mais ignorarmos o esforço e o merecimento do outro, mais ignorados seremos com relação aos nossos próprios esforços e merecimento. Por isso que é importante termos empatia com o sucesso alheio, ou melhor, é importante termos empatia com o esforço e dedicação dos outros. Assim ficará mais fácil reconhecer e comemorar o sucesso dos outros. Eu deixo uma dica: fique feliz com o sucesso dos outros para que os outros também fiquem felizes com o seu sucesso!

Fala, galera do Coachitório Online.

Empatia é um tema muito vasto, complexo e polêmico. Você deve ter percebido que começamos falando sobre empatia e transitamos por temas como a inveja, altruísmo, competição e merecimento. É muita coisa para a nossa cabeça e nós precisamos evoluir bastante para conseguirmos gerenciar todos esses sentimentos. Mas é justamente isso que torna a nossa vida importante e interessante.

Para lhe ajudar nessa caminhada, te faço um convite: dê uma olhada no site da Ponte ao Futuro e descubra a jornada do autoconhecimento. O conhecimento de si mesmo é essencial para gerenciarmos nossos comportamentos e atitudes e para evoluirmos enquanto seres humanos.

Muito obrigado a você que nos acompanha semanalmente aqui no Coachitório Online. Quero dar as boas-vindas para quem está chegando agora. O nosso podcast semanal sobre pessoas, carreira e liderança está na terceira temporada e eu aproveito para te convidar a curtir todos os nossos episódios e temporadas pela sua plataforma favorita.

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