• 7ª Temporada
  • Grandes Lições em Pequenas Frases II

  • Estamos começando uma nova temporada do Coachitório Online! A temática de uma temporada do podcast tem a ver com simbolismos e com metáforas. Tem a ver com encontrar uma forma de falar com o lado emocional das pessoas, pois assim elas se conectam e absorvem mais facilmente aquilo que o lado racional quer aprender e processar. Com esta temporada não será diferente! E a boa notícia é que vamos fazer uma releitura do tema da segunda temporada. Isso mesmo! A nova temporada do Coachitório Online irá trazer episódios que contam grandes lições em pequenas frases.

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192 – Mário Quintana e a Visão

A visão além do alcance é uma metáfora que eu utilizo para falar da importância de enxergarmos as coisas com mais clareza. Nos dias de hoje, nem me atrevo a falar sobre enxergar aquilo que está longe, além do nosso alcance, porque temos dificuldades para enxergar o que está bem diante do nosso nariz. Quando eu falo de enxergar aquilo que é óbvio e que está diante de nós, me refiro à capacidade de ver o que está acontecendo, entender o que está acontecendo e aprender com aquilo. Me refiro à capacidade de ver aquilo que os demais não veem.

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Transcrição do episódio "192 – Mário Quintana e a Visão"

Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.

Vamos falar de:

VISÃO

Eu não tenho paredes. Só tenho horizontes.

Espada justiceira, dê-me a visão além do alcance! Essa era a famosa expressão do Lion, o personagem de um desenho de ação que era muito conhecido nos anos 1980. O desenho se chamava Thundercats e nos vários episódios da série o Lion, que era o líder do grupo, empunhava a sua espada e pedia para que ela lhe mostrasse o que seus olhos não conseguiam ver. Nós falamos bastante sobre esse desenho lá no episódio #54 do Coachitório Online, quando falamos da visão além do alcance. A visão além do alcance é uma metáfora que eu utilizo para falar da importância de enxergarmos as coisas com mais clareza. Nos dias de hoje, nem me atrevo a falar sobre enxergar aquilo que está longe, além do nosso alcance, porque temos dificuldades para enxergar o que está bem diante do nosso nariz.

Bom, quando eu falo de enxergar aquilo que é óbvio e que está diante de nós, não estou me referindo à questão fisiológica, ao ato de simplesmente enxergar com os olhos. Eu me refiro à capacidade de ver o que está acontecendo, entender o que está acontecendo e aprender com aquilo. Me refiro à capacidade de ver aquilo que os demais não veem – e novamente eu reforço que não me refiro à visão no sentido físico, mas sim no sentido de ter uma percepção diferenciada das coisas. 

Também já falamos sobre este assunto aqui no Coachitório Online. Foi lá no episódio #129, quando falamos sobre as diferenças entre ver e enxergar e o quanto essas diferenças impactam no autoconhecimento e no desenvolvimento das pessoas. Naquele episódio, eu cito que há três tipos de visão que são fundamentais para o meio organizacional. Essa é uma abordagem apresentada pelo escritor, consultor e conferencista brasileiro Idalberto Chiavenatto. Ele alerta que é preciso um misto de percepção crítica que envolva visão sistêmica – ver o todo e não apenas uma de suas partes; visão periférica – sair da caixa e entrever o que está fora dela ao seu redor; e visão antecipatória – entrever as decorrências ou consequências futuras duas suas decisões atuais. 

Eu também arrisco incluir outro tipo de visão: a evolutiva. A visão evolutiva é a nossa capacidade de nos dotarmos das competências e habilidades necessários para crescermos e evoluirmos na sociedade e no meio organizacional. Para mim, essas quatro visões fazem todo sentido, tanto é que eu utilizo como abordagem em vários treinamentos e trabalhos de consultoria que realizo, porque às vezes as pessoas não precisam de novas habilidades ou competências. O que precisam é de uma nova visão, que as ajude a serem poderosos líderes em uma organização em transformação.

Eu chamo a atenção para a importância de termos uma visão muito mais ampla sobre as coisas porque, infelizmente, nos dias de hoje parece que a gente está deixando de perceber coisas muito claras. Aliás, não estamos apenas deixando de ver coisas, mas também, ou melhor, principalmente, estamos deixando de ver as pessoas. Estamos perdendo o hábito de olhar nos olhos, olhar para as pessoas de forma que possamos percebê-las como alguém que é muito mais do que uma rede social, uma conta de whatsapp ou um lead. E sabe por que estamos perdendo essa habilidade de reconhecer os outros? Na minha modesta opinião, por causa da tecnologia.

Não quero parecer aquele cara chato que vive dizendo que “na minha época era bom”. Acho bobagem falar esse tipo de coisa, até porque não acredito que exista algo como “minha época”. A minha época, a sua época, é agora. Não foi ontem e não é amanhã. É agora. Bom, mas deixa essa conversa para outro podcast. É preciso reforçar que quando eu falei sobre tecnologia, estava me referindo ao uso que fazemos dela. A tecnologia, por si só, não é boa e nem ruim. O que pode ser benéfico ou prejudicial é o uso que fazemos dela. Mas na minha modesta opinião a tecnologia está na berlinda porque ela não nos alerta do quanto o seu uso prolongado pode nos prejudicar, principalmente no que diz respeito ao tema central do episódio de hoje, que é a dificuldade que temos para ver as coisas e as pessoas ao nosso redor.

Acho que nesse momento é melhor que eu seja mais específico com o que eu quero dizer. Quando eu me refiro à tecnologia, estou falando principalmente do celular e das redes sociais, as benditas redes sociais que fazem com que muita gente fique horas e horas olhando para baixo, para uma tela de poucos centímetros, e ignore completamente o que passa a sua volta. Cada vez mais eu vejo as pessoas fechadas em um mundinho composto por si próprio e pelo seu celular. Cada vez mais eu vejo as pessoas sentadas em pontos de ônibus, filas de espera, parques e até mesmo andando na rua completamente alheias ao que passa ao seu redor. Vejo pessoas sentadas ao lado de pessoas, comendo ou supostamente se divertindo sem interagirem umas com as outras. Eu acho que isso é muito problemático. É algo muito nocivo à sociedade e à formação do ser humano na sua capacidade de relacionamento interpessoal. É prejudicial para as empresas porque gradualmente tem diminuído a capacidade das pessoas pensarem por si próprias – pois a internet dá todas as respostas – bem como tem diminuído a interação real entre as pessoas, ou seja, as pessoas têm conversado cada vez menos.

Não faz muito tempo eu estava em uma roda de conversa com alguns amigos. Era uma conversa de verdade, sem celular. Todos que estavam nesse bate-papo têm mais ou menos a mesma idade, o que significa que nascemos e crescemos em uma fase analógica, ou seja, não havia celular e a internet era muito precária naqueles dias. Falávamos sobre esse assunto, sobre o quanto as gerações seguintes foram ficando cada vez mais dependente da tecnologia para ter respostas rápidas para tudo, sem que precisem pensar a respeito. Falávamos também de que há a impressão que a comunicação entre gerações é cada vez mais difícil. E no final da conversa constatamos que somos a última, ou melhor, a única geração que nasceu em uma idade analógica e que teve a oportunidade de ver o surgimento da vida digital e de tudo o que ela trouxe. 

Somos felizardos porque tivemos que nos adaptar rapidamente ao que a tecnologia trouxe de bom e também porque sabemos que dá para viver em um mundo que use as redes sociais de forma bem mais moderada do que acontece hoje. O grande benefício disto é que ainda preservamos a capacidade de ver as coisas e as pessoas que estão ao nosso redor. Ainda que a tecnologia faça parte da nossa vida e a gente a utilize bastante, sabemos que os momentos mais ricos são aqueles em que estamos presentes, vendo as coisas.

Não somos melhores do que ninguém por causa disso, mas o fato é que a gente percebe que quanto mais as pessoas ficam fechadas em si mesmas e no mundo das redes sociais, mais parece que estão construindo paredes ao redor de si, paredes essas que as impedem de ver o que há para ser visto. Ou ainda, de ver o que deve ser visto. Nesse momento eu quero voltar à frase que dá título a este episódio. Foi o poeta e jornalista brasileiro Mario Quintana que disse que não tinha paredes, só horizontes. Mario Quintana nasceu no Rio Grande do Sul e viveu grande parte da sua vida em Porto Alegre. Nunca casou e nem teve filhos, mas apesar da aparente vida solitária, o poeta sempre dizia que “vivia em si mesmo”. Talvez essa capacidade de viver bem em sua própria companhia fez com que Mário Quintana pudesse silenciar o barulho a sua volta para ter a visão além do alcance.

Uma das formas mais eficientes de construir paredes ao nosso redor é por meio das crenças limitantes. As crenças limitantes são compostas por dogmas, ou seja, pelas “verdades” impostas de fora para dentro, fazendo com que a gente dê crédito a elas sem questionar. A presença de dogmas é muito comum em nossas vidas, mas o problema é quando essas verdades fazem com que a gente não admita outra forma de ver ou pensar sobre as coisas. Ou ainda, ou melhor, pior ainda é quando essas verdades absolutas tiram de nós a vontade de questionar aquilo que está sendo imposto. As crenças limitantes podem ser construídas a partir de coisas simples, tais como aqueles pensamentos do tipo “isso não vai dar certo” ou “não vou conseguir”, ou até coisas mais complexas que acabam construindo em nós pensamentos que nos tornam preconceituosos ou vitimistas.

Já conversei sobre crenças limitantes com dezenas e dezenas de pessoas. Já conversei sobre esse assunto com minha terapeuta, com clientes, com alunos em sala de aula e com amigos. E um ponto que de vez em quando surge quando falamos sobre esse assunto é que muita gente se sente segura ao construir paredes em torno de si. Se olharmos para essa afirmação em um sentido literal, ela faz todo sentido, afinal de contas, nossas casas e os lugares em que trabalhamos têm paredes, que delimitam e definem nosso raio de atuação. Além disso, as paredes nos dão privacidade e nos protegem. E parece ser cada vez maior o número de pessoas felizes por viverem sozinhos, em uma vida fechada. Mas eu me pergunto: será que elas se dão conta do quanto as paredes que lhe dão proteção também estão limitando sua visão sobre a própria vida e suas possibilidades? Confesso que tenho que pensar sobre isso também.

Fala, galera do Coachitório Online. 

Esse é um tema muito denso. Falar sobre visão é desafiador porque é preciso justamente que tenhamos uma visão isenta de pré-conceitos e crenças para que possamos expandir nossos pensamentos para falar sobre o tema. Seria como dizer que é preciso ter visão para falar sobre visão. Parece meio esquisito, eu sei, mas de uma coisa você pode ter certeza: o meio organizacional está muito carente de profissionais que consigam ver as relações de causa-e-efeito dentro das empresas. O mercado está carente de profissionais que consigam ver além da sua própria tarefa e, para mim, essa dificuldade representa um dos maiores perigos para qualquer pessoa, pois a incapacidade de ter uma visão mais ampla sobre o trabalho faz com que a sua atividade se torne um commodity e você seja facilmente substituível.

Mas eu quero ouvir você. Ficarei feliz em receber o seu comentário. E aproveito para lembrar que você pode participar ativamente dessa temporada. Diga que frase ou personalidade você quer ver aqui no Coachitório Online. Deixe a sua mensagem e também as suas sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br  

Também quero te convidar a conhecer a Jornada! É um processo que nós desenvolvemos para promover o seu crescimento pessoal e profissional por meio da metodologia e das ferramentas do Coaching. Tudo isso online! E o melhor de tudo: todo esse processo será conduzido pelo melhor Coach que você já conheceu: você! Conheça a Jornada e seja Coach de si mesmo! Para ter mais informações sobre a Jornada, é só clicar no link deste post.

Encontro você no próximo episódio! Um abraço!