Transcrição do episódio "131 – Empresário, Empreendedor e Líder"
Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.
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EMPRESÁRIO, EMPREENDEDOR E LÍDER
Há semelhanças entre estes três conceitos? Sem dúvida! Há várias! Há diferenças entre eles? Com certeza! Aliás, há muito mais diferenças do que semelhanças. Empreendedor, empresário e líder podem ser a mesma pessoa? Pode acreditar que sim! Mas é fácil ser empreendedor, empresário e líder? Não!! É muito difícil! Talvez seja por isso que pouquíssimos o são. E talvez até seja por isso que muitas empresas ainda apresentam dificuldades de superar a barreira dos dois anos de existência.
Dados do Sebrae apontam que a taxa de sobrevivência aos dois primeiros anos de vida das microempresas no Brasil não está piorando, nem melhorando. Está estável, mas ainda é elevada. Isso é de se esperar em função de tudo o que tem acontecido na economia mundial no passado recente. O Sebrae ainda afirma não ser possível atribuir um único fator para taxa de mortalidade, sendo possível elencar uma combinação de quatro grandes pontos que levam as empresas à mortalidade precoce: a situação do empreendedor antes de abrir o seu próprio negócio, o planejamento (ou a falta de planejamento) para a abertura da sua empresa, a baixa capacitação em gestão empresarial e a gestão do negócio em si.
O Sebrae ainda aponta que a probabilidade de fechamento da empresa é maior entre os empreendedores que estavam desempregados antes de abrir o seu próprio negócio, que tinham pouca experiência no ramo escolhido, que abriram o negócio por necessidade, que tiveram pouco tempo para planejar, que não conseguiram firmar parcerias com clientes ou fornecedores e que não conseguiram empréstimos bancários. Aqueles empreendedores que ofereceram produtos ou serviços de baixa qualidade, que não inovaram ou não se capacitaram ou capacitaram sua equipe e que não acompanhavam de forma atenta a parte financeira do seu negócio também engrossaram a lista daqueles que fracassaram com menos de dois anos de empresa.
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Mas o que isso tem a ver com as questões de empreendedor, empresário e líder? Eu vejo esses três perfis como uma espécie de trilha que o ser humano vai percorrer quando ele decide abrir seu próprio negócio. Ser empreendedor, empresário e líder são coisas diferentes, como já vimos. Mas elas não são excludentes, pois apresentam pontos fortes que se complementam e que são desenvolvidos à medida que a pessoa amadurece e vai obtendo sucesso com o nosso negócio.
Eu penso que a característica mais determinante para que uma pessoa decida abrir o seu próprio negócio é o empreendedorismo. O chamado espírito empreendedor é a estrela guia da maioria das pessoas que topa os desafios de abrir o seu próprio negócio. Inclusive, vale dizer que o Brasil é reconhecido como um dos países mais empreendedores do mundo. Só que essa informação merece uma análise mais ampla, pois apesar de podermos nos orgulhar de sermos grandes empreendedores, o Sebrae também nos revela que boa parte da taxa de empreendedorismo do Brasil é motivada pela necessidade, ou seja, muitos brasileiros se tornam empreendedores porque perderam seus empregos e não conseguem recolocação no mercado.
Claro que esse motivo não pode ser generalizado, mas é um dado de fundamental importância para explicar o fato de que a taxa de sucesso das microempresas brasileiras tem patinado há muitos anos. Principalmente se analisarmos outro dado importante da informação trazida pelo Sebrae: a escolaridade dos empreendedores e a relação entre a escolaridade e a taxa de sucesso das empresas. Quanto menor a escolaridade, maior a taxa de fracasso do empreendedor. Aliás, quanto menor a escolaridade, menor a probabilidade de sucesso de qualquer pessoa em qualquer carreira. O passo que o empreendedor precisa dar para continuar com sucesso a sua caminhada tem um nome: estudar. É o passo que vai transformá-lo em empresário.
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Empreendedor, empresário e líder podem ser a mesma pessoa, desde que a gente consiga se profissionalizar, amadurecer e evoluir a fim de termos essas três competências em nosso perfil. Entender que essas características são complementarem é essencial para que o empreendedor perceba o quanto ele precisa investir em si mesmo para ter mais sucesso. Segundo o que foi apresentado pelo Sebrae, o Brasil é o único país pesquisado em que aqueles que mais empreendem têm a escolaridade entre ensino fundamental e ensino médio completo.
Quer dizer que se unirmos as duas informações – a queda na taxa de sobrevivência das microempresas e a baixa escolaridade média dos empreendedores – será possível tirar uma conclusão um tanto óbvia: se eu quero que o empreendimento que eu comecei tenha sucesso, eu preciso estudar. Embora a estatística do Sebrae fale de forma mais direta sobre o estudo formal (Ensino Fundamental, Ensino Médio, Ensino Superior, etc.), há outros tipos de estudo na lista do que é preciso para que a gente tenha mais sucesso em nossos empreendimentos. Ler livros, assistir a palestras, fazer cursos de extensão ou de desenvolvimento pessoal são formas igualmente importantes de nos preparamos para a missão de fazer a estatística do Sebrae apresentar números melhores.
Mas de que forma o estudo irá transformar o empreendedor num empresário? Penso que a resposta tem a ver com algo que ultrapassa os limites da escolaridade. Quanto mais uma pessoa estuda, maior é o contato que ela terá com outras pessoas e com informações que vão lhe ajudar no seu negócio. O empreendedor irá fazer networking e conhecer ferramentas de gestão que, embora simples, nem imaginava existir. O empreendedor, quando idealiza e começa o seu negócio, o faz muitas vezes movido pela emoção e pela certeza de que as suas habilidades técnicas em fazer aquele produto ou prestar aquele serviço serão suficientes para que o seu negócio dê certo. É o lado emocional predominando. Eu devo dizer que as competências técnicas e a vontade de arregaçar as mangas e sair trabalhando são fundamentais, mas insuficientes para garantir o sucesso do negócio.
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Eu faço essa afirmação porque quando a empresa crescer, logo ficará claro que ele precisará lançar mão de ferramentas de gestão e controle para que ele não perca a mão do seu negócio. Talvez o empreendedor se sentirá um pouco mais afastado da operação, daquilo que ele mais sabe e gosta de fazer: o core business da sua empresa. É neste momento que ele irá perceber que o lado emocional precisa dar espaço ao lado racional do negócio, que têm a ver com o planejamento, a execução e a gestão. Esse é o tripé no qual se baseia a Administração e é a base sobre a qual o perfil de empresário começa a surgir.
Acredito que essa seja a principal mudança que o empreendedor precisará realizar, porque infelizmente muitas empresas quebram antes de completar dois anos de existência porque o lado racional não conseguiu encontrar o lado emocional do negócio. Ambos precisam estar juntos para garantir o sucesso da empresa. Também tem outro ponto: para muitos empreendedores, o lado racional é chato. Muitos empreendedores ignoram a importância da gestão, de se tornar empresário, porque veem estas atividades como algo enfadonho. Mas são necessárias e negligenciar a importância do planejamento, da execução e da gestão é ser negligente com as pessoas que trabalham na empresa e, acima de tudo, ser negligente com o seu próprio sonho. Ao ignorar essa necessidade de “trocar de pele”, o empreendedor também estará comprometendo de forma importante a sua caminhada rumo ao último estágio da trilha: a liderança.
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Já falamos bastante sobre liderança aqui no Coachitório Online e em todos os episódios eu devo ter expressado de forma direta ou talvez um tanto subliminar que, na minha opinião, a liderança é um somatório de competências. Eu acredito que não existe somente uma característica que defina a liderança. Para nos tornarmos bons líderes, será necessário usar várias competências que irão fazer com que as outras pessoas reconheçam em nós a capacidade de liderança.
A liderança é um processo evolutivo. É a melhoria, o desenvolvimento contínuo das nossas competências e habilidades de gerirmos pessoas e processos. Muitos pensam que a liderança é um exercício predominantemente emocional, ou seja, basta ser empático, saber ouvir, ser gente boa, dar bons feedbacks que daí tudo estará resolvido. Só que não é bem assim. Essas capacidades são essenciais para o bom exercício da liderança, mas não são suficientes. Liderar tem a ver com usar bem a inteligência emocional, mas também tem a ver com saber usar o nosso lado racional.
É certo que muitos negócios (talvez a esmagadora maioria) surja da iniciativa empreendedora das pessoas. O empreendedorismo – aquele impulso inicial que leva uma pessoa a abrir o seu próprio negócio – é pautado principalmente pela emoção. Mas o sucesso e o crescimento da empresa vão ocorrer na medida que o empreendedor desenvolver o lado racional do negócio – planejamento, controle, indicadores, etc. É nesse momento que o empreendedor se torna também empresário.
Percebam que é uma questão de equilíbrio: é preciso continuar usando a criatividade e a iniciativa empreendedora para inovar e encontrar soluções, assim como é preciso fazer a gestão baseada em informação e indicadores. É preciso equilibrar a emoção e a razão. Quando atingimos este ponto começamos a nos tornar verdadeiros líderes. É no equilíbrio que está o verdadeiro gestor do século XXI, até porque de nada adianta sermos excelentes líderes “emocionais” – do tipo que motiva, engaja, ouve e está muito presente, se não tivermos a capacidade de gerir eficientemente os processos que estão sob nossos cuidados e assim colocarmos em risco a saúde da empresa e os empregos das pessoas que lideramos.
Eventualmente, ao ouvir estas palavras, você pode ficar imaginando o quanto é difícil se tornar um líder. Na realidade, é algo complexo e que pode levar tempo, mas não é difícil. O problema é que muita gente se habitua a desistir quando está na metade da trilha empreendedor-empresário-líder.
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Fala galera do Coachitório Online!
Eu acho que o Sebrae vai no âmago da questão e explica muito bem as causas do fracasso do empreendedorismo no Brasil. Infelizmente, nos orgulhamos de ser um país de empreendedores. Infelizmente porque ser empreendedor não basta. As estatísticas mostram que muitos acabam morrendo na praia justamente porque não evoluíram para a categoria de empresário. Precisamos ser um país de empresários, não só de empreendedores.
Então eu quero te perguntar: você já teve um empreendimento que não deu certo? Ou conhece alguém que teve? Quais foram as causas do insucesso? Quero ouvir você! Compartilhe a sua resposta com a gente. Deixe a sua mensagem, sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br
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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!
