Transcrição do episódio "116 – Sorria, mesmo quando não tiver vontade!"
Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.
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SORRIA, MESMO QUANDO NÃO TIVER VONTADE
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Tem uma palestra muito legal sobre linguagem corporal que foi proferida no evento global do TED realizado em 2012. Nesta palestra, a cientista Amy Cuddy nos ensina que a nossa linguagem corporal molda quem nós somos. Ela trata sobre os efeitos da linguagem corporal sobre nós mesmos e, consequentemente, nas outras pessoas.
Linguagem corporal tem tudo a ver com comunicação. Aliás, lá no episódio #65 do nosso podcast eu comentei sobre o quanto o nosso corpo fala. Lembro de ter citado uma pesquisa sobre a comunicação não-verbal, divulgada no ano de 1967 pelo professor Albert Mehrabian. A pesquisa apontou que apenas 7% da comunicação é verbal. Isso mesmo, somente 7% da comunicação acontece por meio das palavras faladas e ouvidas pelas pessoas, assim como está acontecendo nesse exato momento com esse podcast. Os estudos também apontaram que 38% da comunicação acontece por meio da entonação da voz (que é o tom, o timbre e o volume das palavras que falamos) e que 55% da comunicação acontece por meio da linguagem corporal.
Comunicação é a base da interação do ser humano. Se de forma verbal ou não-verbal, o que define a nossa existência enquanto seres sociáveis é a comunicação. Mesmo quietos, estamos nos comunicando. Da mesma forma, mesmo quando não estamos interagindo com outras pessoas, estamos nos comunicando e observando o que as outras pessoas e o ambiente está nos dizendo naquele momento. Estamos vendo o surgimento da sociedade da informação à medida que se intensificam os meios de comunicação e com isto percebe-se um salto na quantidade de informação que trocaremos uns com os outros.
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Quero dizer que a linguagem não-verbal também nos influencia, o que de certa forma é lógico porque a comunicação pressupõe uma eficiente via de mão-dupla pela qual a mensagem tem que passar. Tanto aquele que emite quanto aquele que recebe a mensagem precisam entender o contexto e saber que poucas palavras, gestos ou troca de olhares pode comunicar muita coisa e provocar mudanças comportamentais importantes em cada um de nós.
Como consequência, a linguagem corporal afeta nossos julgamentos. Só que o problema não é só o julgamento, mas também a sentença que emitimos para o outro a partir daquilo que ele está nos comunicando e, para comprovar isso, não é preciso muito experimento científico. Basta você responder para si mesmo: se você é um líder e tem a oportunidade de promover alguém, quem você promoveria? Aquele que tem um semblante e uma comunicação positivo com os outros ou aquele que está sempre de cara fechada, dando a entender que está triste ou aborrecido com algo? Quem você promoveria? Quem você demitiria? Você gostaria de conviver com alguém que está sempre passando uma imagem pessimista, derrotada ou até negligente com a vida e com as coisas? Ou preferiria estar ao lado de pessoas positivas, de bem com a vida?
É claro que talvez nem todo dia seja brilhante. Certamente há dias melhores do que os outros, mas o que Amy Cuddy ensina em sua palestra é que nos dias em que não estamos nos sentindo bem é fundamental transparecer o contrário. Ou seja, mesmo que estejamos passando por um dia ou período difícil, é fundamental adotar posturas corporais que mostrem o contrário. Cabeça erguida e sorriso no rosto – mesmo que de maneira forçada – ajudam a mudar a forma como encaramos os momentos de dificuldade.
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Eu sei o quanto isso é difícil. Apesar de conhecer há algum tempo a teoria de Amy Cuddy e o poder da linguagem corporal, confesso que nem sempre conseguimos fazer com que o nosso corpo expresse uma emoção diferente daquela que estamos sentindo, até porque existe um sentimento em toda pessoa de todas as culturas e sociedades do mundo de que, de alguma maneira, não somos suficientemente bons. E a autocrítica ou o feedback negativo podem gerar desânimo, frustração e até um sentimento de impotência.
Só que é justamente isso que nos torna humanos e é o que faz com que seja tão importante conhecer a respeito do poder da linguagem corporal. A cientista faz esta afirmação porque entende ser possível fingir comportamentos e atitudes até o momento em que verdadeiramente nos sentimos assim. A lógica que ela usa é relativamente simples: a mente muda o corpo, mas o corpo muda a mente? Já passei por isso e posso dizer que sim, o corpo pode mudar mente. E, se o nosso corpo muda a nossa mente, nossa mente muda nosso comportamento e nosso comportamento pode mudar os resultados.
Essa teoria me influencia a tal ponto que quando eu lancei o meu primeiro livro, os 50 textos, eu elaborei a palestra “A Excelência Contagia” totalmente com base no pressuposto que quanto mais excelência tivermos em nossos comportamentos e atitudes, mais estaremos influenciando positivamente as pessoas e o ambiente. Embora eu saiba que nem sempre somos excelentes, até porque a excelência é algo dinâmico e nem sempre faz parte da rotina, é possível mantê-la durante alguns períodos, que podem aumentar na medida que o tempo passa. Ou seja, quanto mais praticarmos, mais tempo nossos comportamentos e atitudes de excelência irão durar. Para atingir este nível de excelência é preciso analisar cada situação específica e determinar o que é correto. Exige boa comunicação, cooperação, expectativas elevadas, risco e confiança. É preciso muito estar próximo e atento às pessoas.
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Para que isso aconteça, é fundamental acreditar que os sentimentos positivos que se encontram dentro de nós são muito eficazes em torno de nós. Acreditar nisso é um grande desafio, pois a descrença em si próprio é um obstáculo que a maioria das pessoas precisa enfrentar. Em muitas pessoas predomina a síndrome do impostor, que faz com que a pessoa seja incapaz de acreditar e aceitar o próprio sucesso. Estas pessoas tendem a se sentir como fraudes, porque acreditam que só chegaram onde estão porque foram favorecidos de alguma forma ou prejudicaram seus colegas, fazendo com que pensem que não são merecedores de suas conquistas. Aquilo que seria motivo de orgulho e felicidade e poderia se transformar em uma linguagem corporal positiva, acaba se transformando em uma expressão corporal de derrota que fragiliza muito a pessoa e o ambiente ao seu redor.
Novamente eu digo que entendo o quanto é difícil forçar o nosso corpo a expressar algo que não é verdadeiro, sobretudo quando o que acontece dentro de nós é diferente daquilo que deveríamos expressar. Perceba que esta dificuldade surge quando temos que fingir uma linguagem corporal positiva enquanto que o nosso real sentimento é negativo ou de tristeza. Faz sentido para você que o contrário é verdadeiro? Ou seja, também é difícil simular uma linguagem corporal negativa quando os sentimentos e emoções que estão dentro de nós são de alegria e positividade?
Em ambos os casos o desafio é o mesmo, mas é muito mais urgente falar sobre a necessidade de adotar uma linguagem corporal positiva mesmo quando não estamos nos sentindo assim porque os melhores sinais que recebemos dos verdadeiros sentimentos das pessoas resultam mais de suas ações do que de suas palavras. Conseguimos ver quem não está bem, mesmo quando ela verbaliza que está.
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Adotar posturas positivas faz toda a diferença para nós e para as pessoas ao nosso redor porque a linguagem corporal positiva também irá transmitir um senso de confiança muito grande. As pessoas que são bem-sucedidas em transmitir uma linguagem corporal positiva tendem a ser mais assertivas, confiantes e otimistas. Estas pessoas correm mais riscos e são mais autoconfiantes e, no fundo, temos a tendência de admirar mais as pessoas que são assim.
É possível nos tornarmos assim. Não acontecerá do dia para a noite, o que nos leva a crer que é uma prática diária que permitirá que a cada dia tenhamos um avanço. Para que isso aconteça, é preciso entender e dominar nossos sentimentos, emoções, crenças e atitudes. Com o tempo, nos tornaremos aquilo que pensamos e fazemos. É um pequeno truque, que traz grandes mudanças.
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Fala galera do Coachitório Online!
Você já percebeu que videogames, relacionamentos virtuais e comunicação que dispensa voz estão substituindo o contato face a face na vida real? Se isso está acontecendo, é sinal de que estamos em uma sociedade com problemas. Essa vida eletrônica, embora sem dúvida pareça tornar a vida mais interessante, também pode ser vista como uma bandeira vermelha que sinaliza o perigo e nos diz como estamos fora da rota de uma vida rica, saudável e significativa. Talvez grande parte da nossa dificuldade em reagir e adotar crenças e pensamentos que se transformem em comportamentos positivos venha daí, desse excesso de vida virtual.
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