• 5ª Temporada
  • A Temporada que Vai Virar Livro!

  • Em 2016, eu lancei o meu primeiro livro, os 50 textos, que, como o próprio nome diz, é uma coletânea de textos sobre desenvolvimento humano, liderança e gestão. As pessoas começaram a me perguntar quando eu iria lançar a nova versão dos 50 textos. Pois bem, nada como unir o útil ao agradável, não é mesmo? Em outras palavras, os episódios da 5ª. temporada servirão como base para os 50 textos do meu próximo livro sobre desenvolvimento humano, liderança e gestão.

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109 – É a nossa janela que está suja

Era uma vez um casal que via que os lençóis que a vizinha estendia no varal estavam sempre amarelados. Ao ver os lençóis sendo colocados no varal, o sistema de crenças e julgamentos do casal logo se tratou de enquadrar aquela cena dentro do seu próprio sistema de verdades e valores, ignorando o fato de que o mundo é da forma que a gente observa, por conta das lentes e filtros que utilizamos. Será que eram os lençóis que estavam amarelados mesmo?

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Transcrição do episódio "109 – É a nossa janela que está suja"

Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.

 

 

É A NOSSA JANELA QUE ESTÁ SUJA

 

Era uma linda manhã de sábado. O casal que havia recém se mudado para a sua nova casa acordava pela primeira vez no seu novo lar. Juntos, foram à cozinha preparar o café da manhã quando, de repente, o homem olha pela janela e vê a casa ao lado. Sua vizinha estava a pendurar lençóis em um varal. Eram vários lençóis sendo colocados no varal dos fundos da casa. Ao ver esta cena, o homem chama a esposa e comenta com ela: “- Veja só, como estão sujos os lençóis que a vizinha está pendurando no varal! Certamente deve haver um problema na máquina de lavar ou o sabão que ela está usando é de má qualidade!”

 

Na semana seguinte, a cena se repetiu. O casal estava preparando seu café da manhã na cozinha quando viram a vizinha pendurando lençóis no varal. Novamente, os lençóis estavam amarelados. Desta vez, a mulher comentou com o marido que o problema não estava na máquina de lavar, tampouco no sabão em pó. Definitivamente, o problema estava com a vizinha, que não sabia lavar roupas.

 

E esta cena se repetiu mais algumas vezes até que, finalmente, após ver a sua vizinha estendendo lençóis novamente em uma manhã de sábado o homem comenta com a sua esposa, com um certo tom de ironia: “- Olhe só! Que surpresa! Ela aprendeu a lavar roupas. Desta vez os lençóis estão mais brancos que algodão!” A esposa então se aproxima do seu marido e diz: “- Hoje pela manhã eu levantei mais cedo e decidi limpar o vidro da nossa janela e descobri que os lençóis da vizinha sempre foram muito brancos. A sujeira estava nas nossas janelas!”

 

 

Esse é o tipo de história que utilizamos para explicar de forma um tanto lúdica e simbólica algo que está enraizado na vida de muitas pessoas. Somos impetuosos e certeiros em nossas críticas e julgamentos, ainda mais quando elas nos dão a certeza de que estamos certos e que o outro está errado. Esta forma de pensar e agir parece nos acompanhar desde a nossa idade mais jovem e, assim, nossos padrões de comportamento se desenvolvem de acordo com as “verdades” dessa voz central e todas as suas crenças, sejam elas construtivas ou destrutivas.

 

Ao assistir repetidamente a vizinha pendurando lençóis no varal, o casal esqueceu de um princípio que eu considero de extrema importância no que diz respeito à empatia e ao relacionamento interpessoal: o não-julgamento. Ao ver os lençóis sendo colocados no varal, o sistema de crenças e julgamentos do casal logo se tratou de enquadrar aquela cena dentro do seu próprio sistema de verdades e valores, ignorando o fato de que o mundo é da forma que a gente observa por conta das lentes e filtros que utilizamos.

 

A lente pela qual o casal olhava o mundo exterior estava amarelada. A janela é que estava suja. Tudo depende da lente e dos filtros por meio do qual observamos os fatos, porque as nossas crenças vão sutilmente nos levar a julgar as pessoas. Nossas crenças dão um jeito de comandar a nossa existência. Agem como filtros de uma câmera e a nossa biologia acaba agindo de acordo com estes filtros.

 

 

Nos dias de hoje nós temos muito mais consciência sobre os danos que o julgamento e o pré-conceito pode causar sobre as pessoas. Sabemos que devemos observar nossos próprios pontos de melhoria antes de apontar o dedo para os outros. Sabemos que devemos oferecer ajuda ao invés de criticar. No entanto, apesar da humanidade estar mais consciente sobre tudo isso, às vezes eu me questiono se esse estado elevado de consciência efetivamente tem feito com que a gente aja de forma melhor com as pessoas.

 

Confesso que não sei a resposta para esta pergunta, mas sei que um dos caminhos está na aprendizagem, pois quando nos empenhamos na aprendizagem constante torna-se mais fácil desaprender normas e crenças que já perderam validade e que não fazem bem para as pessoas e para o ambiente em que estamos. Só que isso não significa que devemos desaprender tudo, até porque precisamos de certas regras ou normas de conduta para viver e enxergar o mundo e estas regras existem nas pessoas sob a forma de valores e crenças. Nem toda crença é ruim e limitante. Nem todos os filtros são sujos e distorcem a realidade. Nem todo julgamento provoca uma sentença equivocada. O desafio é saber separar o joio do trigo, é saber quando nossas crenças e valores são úteis e nos protegem e quando elas prejudicam a nós e ao outro.

 

A caminhada que leva para esta descoberta é individual e subjetiva. Não é lógica e foge um pouco da racionalidade. Aliás, a lógica não considera se as crenças são verdadeiras ou não e nem sempre a utilização correta das nossas crenças e valores irão depender de uma equação matemática. Tampouco a tomada de decisão segue por este caminho.

 

 

Por falar em tomada de decisão, é importante dizer que os sistemas de crenças e valores também invadem a nossa vida profissional. Imagine uma empresa, na qual várias pessoas trabalham, em várias atividades distintas. Cada uma com suas preferências e desafios. Cada pessoa com um histórico particular que ajudou a moldar seu conjunto de valores que carrega em sua mochila ao longo da vida. Esta mochila nos acompanha diariamente para o trabalho, onde encontramos pessoas que também trazem consigo suas experiências e opiniões.

 

Essa situação é uma das maiores causadoras dos conflitos dentro das organizações. Está presente na tomada de decisão ou nas opiniões que cada pessoa tem acerca de um tema, que podem ser diferentes daquilo que acreditamos e julgamos ser o mais correto. E quando isso acontece, mais uma vez surge a janela com o vidro sujo, que faz com que uma das partes esteja utilizando uma lente que torna difícil ver a situação a partir da perspectiva do outro.

 

O problema volta a ser a questão dos filtros pelos quais nós olhamos para a nossa própria carreira ou para as organizações. Ainda somos tradicionais ou conservadores demais no que diz respeito à forma como enxergamos ou organizamos o nosso trabalho. Na maioria das empresas impera ainda aquela mentalidade de ‘silo’, que frequentemente coloca uma função contra a outra ou um departamento contra o outro. Quando isto acontece, cada departamento ou cada pessoa tenta otimizar seu próprio desempenho, deixando a empatia, o comprometimento e a colaboração de lado.

 

 

Por isso que eu defendo que as empresas precisam deixar claro que comportamentos e atitudes são esperados das pessoas que fazem parte da equipe, afinal, as organizações são constituídas de pessoas cujos valores e crenças inevitavelmente influenciam seus pensamentos e atos. A visão, a missão e os valores precisam ser claros e tangíveis, porque quanto mais abstratas forem, menos eficaz serão e maior será a probabilidade de serem distorcidas e não vivenciadas, até porque o ser humano é plural e isso faz com que nossas emoções e nossa crenças com frequência não apontem na mesma direção.

 

Quando realmente compartilham uma visão, as pessoas sentem-se conectadas, ligadas por uma aspiração comum que irá contribuir positivamente para o clima organizacional e para limpar as janelas que eventualmente estiverem sujas. Para isso é preciso força de vontade, humildade e desapego para reconhecer que filtros precisam ser substituídos e janelas precisam passar por uma boa limpeza. O ser humano tem potencial de sobra para fazer isso, porque exploramos apenas uma pequena fração do nosso horizonte de possibilidades.

 

 

Fala galera do Coachitório Online!

 

Temos capacidade para criar os pensamentos, sentimentos e crenças que irão servir como base para escolhermos a realidade que vamos experimentar em nossa vida. Só que esse aprendizado é dinâmico porque crenças, normas e valores estão em transformação constante e, em algum momento da vida, iremos nos deparar com uma situação na qual precisaremos tirar algo da nossa mochila para abrir espaço para que algo novo surja.

 

Então eu tenho uma pergunta para você: quais são as crenças, normas ou valores que você precisa repensar, desconstruir e mudar? Pense a respeito desta questão e, se fizer sentido para você, compartilhe a sua resposta com a gente. Deixe a sua mensagem, sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br  

 

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Esse é o Coachitório Online. Obrigado a você que sempre acompanha os episódios semanais do nosso podcast sobre pessoas, carreira e liderança. Para você que está chegando agora, seja bem-vindo. Eu te convido conhecer todas as temporadas do nosso podcast e também quero te convidar a conhecer a Jornada! É um processo que nós desenvolvemos para promover o seu crescimento pessoal e profissional por meio da metodologia e das ferramentas do Coaching. Tudo isso online! E o melhor de tudo: todo esse processo será conduzido pelo melhor Coach que você já conheceu: você! Conheça a Jornada e seja Coach de si mesmo!

 

Encontro você no próximo episódio! Um abraço!