Transcrição do episódio "105 – Balance o barco se você estiver nele"
Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.
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BALANCE O BARCO SE VOCÊ ESTIVER NELE
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Certa vez eu li um livro em que o autor falava que nas organizações a gente encontra pessoas que parecem fazer campanha para não balançar o barco. Para o autor, balançar o barco significava mexer na zona de conforto, crescer, evoluir e mudar para melhor. Esta é uma metáfora perfeita sobre expandir a zona de conforto, pois quem está dentro de um barco muitas vezes deseja realmente que o barco se mantenha estável e que nada aconteça, afinal de contas, estamos cercados de água por todos os lados.
Algumas pessoas lidam bem com o balanço do barco, pois mal percebem que o barco está balançando. Outras passam muito mal ao sinal de qualquer ondulação que as lembre que não estão mais em terra firme. É neste momento que se dão conta de que a jornada começou. Talvez faça sentido afirmar que muitas pessoas passem mal não por causa da ondulação em si, mas sim pelo efeito psicológico de estarem no meio de uma jornada que as tirou da zona de conforto.
Só que barcos balançam, é fato! Uma simples marola pode desencadear um balanço que, por menor que seja, será sentido durante a viagem. E geralmente há dois tipos de pessoas quem sentem o balanço do barco e se incomodam com eles: os marinheiros de primeira viagem e aqueles que detestam mexer naquilo que está estável. Eu até entendo que os marinheiros de primeira viagem se sintam desconfortáveis com o balanço do barco, afinal de contas para quem está começando a navegar em uma nova área, função ou carreira provavelmente vai desejar encontrar águas mais calmas e a ausência da turbulência.
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Há também aquele segundo grupo, formado pelas pessoas que não querem mexer na sua estabilidade. São as pessoas que irão resistir bravamente sempre que alguém quiser mexer em sua zona de conforto. É provável que estas pessoas se sintam assim porque sabem mudanças importantes não acontecem do dia para a noite. Quer dizer que mudanças são processos. Mudanças têm etapas, tarefas e responsabilidades e um grande fator de estresse para quem é resistente à mudança é não saber como será o processo. As pessoas sabem onde estão e aonde querem chegar. Sabem até o que precisa ser feito para chegar lá, mas não sabem como tudo isso irá se desenrolar. Elas não têm medo do objetivo final, mas sim de ter que enfrentar as ondas que vão fazer o barco balançar diversas vezes durante a jornada.
Mas eu confesso que às vezes até dou razão a quem tem medo da mudança. Na realidade, não é para o medo da mudança que dou razão, mas sim para a sensação de desconfiança que algumas pessoas têm para com a mudança. Digo isso porque mudança é uma coisa, progresso é outra. É o que defendia o filósofo britânico Bertrand Russell quando argumentava que nem toda a mudança era sinônimo de progresso. Em outras palavras, nem toda mudança era para melhor e o que tornaria a mudança algo benéfico são os objetivos e a forma como essa mudança acontece na vida e na carreira das pessoas. Eu concordo com isso. Mudar pelo simples fato de promover uma mudança não me parece ter muito sentido. Mas, novamente, me parece que tudo tem a ver com o processo de mudança, pois eu penso que não passa pela cabeça das pessoas o desejo de promover uma mudança para pior em suas vidas. Só que mudanças para pior acontecem porque não soubemos lidar de forma sábia, competente ou eficiente com o processo.
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Ainda assim, eu gosto da ideia de promover a mudança. Pensar diferente e olhar para a vida e a carreira sob uma perspectiva diferente sempre irá fazer bem. O filósofo alemão Friedrich Nietzsche afirmava que somos capazes de tolerar praticamente qualquer coisa se temos um motivo para viver. Inclusive os percalços do processo de mudança. Uma vida cheia de sentido pode ser extremamente gratificante mesmo em meio a adversidades, ao passo que uma vida sem sentido é um suplício terrível independentemente se estamos na zona de conforto ou não.
Mas as mudanças vão acontecendo, quer a gente queira ou não. E às vezes nem sabemos de onde elas vêm. Ficamos nos perguntando o que está balançando o barco e a resposta é muito simples: as ondulações causadas pelo vento que sopra é que fazem com que o barco se movimente. Durante muitos séculos o vento foi o único responsável por impulsionar as embarcações em suas grandes viagens. Sem vento não havia movimento.
Vale lembrar que as grandes descobertas e conquistas aconteceram graças a navegações que enfrentaram grandes tempestades, doenças, falta de recursos e, principalmente, o desconhecido. Claro que se Cristóvão Colombo não tivesse descoberto o continente americano, alguém teria descoberto depois. Da mesma forma, se Pedro Álvares Cabral não tivesse encontrado o Brasil, alguém o teria feito posteriormente. Mas eles foram os primeiros e esse pioneirismo somente aconteceu porque esses navegadores toparam o desafio mesmo sabendo que sua missão inevitavelmente balançaria muito o barco. Só que a certeza do sucesso da missão, os propósitos envolvidos e a possibilidade de realizar um feito inédito e histórico os levaram a colocar o objetivo acima das dificuldades causadas pelo balanço do barco.
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Isso quer dizer que no meio organizacional o nosso barco inevitavelmente irá balançar, pois o vento é uma força da natureza, é um agente externo que vai fazer com que as coisas mudem. Se quisermos que as ondulações cessem, teríamos que impedir a ação do vento, que é justamente o que faz com que a gente siga em frente. Em outras palavras, teríamos que negar as mudanças que podem nos trazer oportunidades de crescimento e evolução. Teríamos que negar, inclusive, as evidências de que estamos crescendo e evoluindo porque as mudanças trazem um turbilhão de desafios e aprendizados que desestabilizam o barco. E é precisamente o desequilíbrio da mudança que torna mensurável o nosso aprendizado e o quanto estamos progredindo.
A verdade é que nem sempre navegamos em mares calmos. Podemos até estar passando por momentos de calmaria e estabilidade, mas nesses momentos surge uma pessoa que começa um movimento que faz com que o barco balance. Quase que instantaneamente ouvimos alguém fazer a pergunta: “quem é o engraçadinho que está balançando o barco?” Acontece que esse engraçadinho é justamente a pessoa criativa e inovadora que enxerga as oportunidades e possibilidades de crescimento. É a pessoa que enxerga a necessidade de mudanças a tempo, que tem coragem para implementá-las antes que seja tarde demais.
Ao invés de reclamar desse tipo de profissional, para o bem da nossa própria carreira deveríamos aprender com as pessoas que promovem mudanças positivas. Só que para isso é preciso causar ondulações. É preciso balançar o barco. Diz o ditado que mares calmos não formam bons marinheiros e para a nossa careira esta metáfora nos ensina que somente nos momentos de desafio é que se encontram as oportunidades de mostrarmos o nosso verdadeiro potencial.
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E tem outra coisa muito importante: não é possível impedir a ação do vento, assim como não é possível impedir as forças externas que impulsionam a mudança. Ou nós aprendemos a utilizar estas forças a nosso favor para velejarmos com competência ou ficaremos em uma luta eterna e sem sentido contra a evolução, que é própria e necessária para o ser humano. Como já dizia Alvin Toffler, a mudança é o processo pelo qual o futuro invade as nossas vidas. Acredito que é mais fácil deixar a porta aberta para que o futuro não precise invadir, mas sim ser convidado a entrar e tomar lugar em nossas vidas.
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Fala galera do Coachitório Online!
A maioria das pessoas acredita que o futuro será uma continuidade do presente. A maioria das pessoas tem certeza de que o mundo que conhecem durará indefinidamente. Acham difícil imaginar um modo de vida verdadeiramente diferente, quanto mais uma sociedade completamente nova e transformada. Claro que é impossível negar que as coisas estão mudando, mas muita gente ainda acha que as mudanças de hoje passarão e que nada vai abalar as coisas como estão, ignorando o fato de que a força, a escala e a rapidez da mudança está sendo diferente de tudo que houve antes na História.
Então eu tenho uma pergunta para você: das mudanças que estão impactando a sua vida e a sua carreira, qual delas você considera mais benéfica? E qual você considera a mais perigosa ou sem sentido? Pense a respeito desta questão e compartilhe a sua resposta com a gente. Deixe a sua mensagem, sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br
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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!