Transcrição do episódio "145 – Não se conforme com qualquer solução"
Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.
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NÃO SE CONFORME COM QUALQUER SOLUÇÃO
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Recentemente eu tive a oportunidade de ler um artigo científico que me fez pensar bastante sobre um assunto que é muito popular no nosso cotidiano: o jeitinho brasileiro. O artigo é muito bom e foi publicado em uma excelente revista na área de Administração de Empresas e, ao ler o seu conteúdo, eu acabei me dando conta que o tal do “jeitinho brasileiro” existe em vários países. Logicamente, cada país vai ter o jeitinho na sua própria nacionalidade. Mas o artigo também me fez pensar de forma mais crítica sobre o quanto o jeitinho brasileiro é prejudicial para a nossa carreira e para a nossa Economia.
Tão comum quanto ouvir essa famigerada expressão é encontrar pessoas que se orgulham de usar sabiamente o jeitinho brasileiro em benefício próprio. Muitas dessas pessoas alegam utilizar o jeitinho brasileiro porque os tempos são difíceis, as coisas públicas não funcionam, o governo não está nem aí para o povo, os políticos não são sérios, que todos os empresários são exploradores, enfim, a lista de motivos para utilizar e se orgulhar do jeitinho brasileiro é extensa e parece não ter fim.
Apesar destas alegações serem parcialmente verdadeiras, eu não posso deixar de comentar o outro lado da moeda também é verdadeiro, ou seja, é bem provável que o jeitinho brasileiro é uma das causas do mal funcionamento do governo, dos tempos difíceis, da falta de seriedade dos políticos e tudo mais. Aliás, na minha opinião o problema maior é de que a gente se orgulha dessa nossa capacidade de improvisação, de burlar o sistema, de levar vantagem. Nos orgulhamos de utilizar o jeitinho brasileiro e, assim, nos conformamos com qualquer solução para os problemas que aparecem diante de nós.
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Quando a gente se acostuma a aceitar qualquer solução para os problemas, corremos o risco de desenvolver a preguiça de pensar e de exigir mais de nós mesmos e das pessoas que têm a resposabilidade de entregar aquilo que foi combinado. Por causa dessa preguiça de pensar as pessoas buscam soluções para os novos problemas nos mesmos lugares onde elas encontraram os velhos problemas e, ao invés de responder de forma criativa justamente quando a ação inovadora é mais necessária, as pessoas se comprometem ainda mais com os velhos padrões e entregam aquilo que estão acostumadas a entregar.
É por isso que historicamente sempre nos conformamos com a classe política que está aí, com os altos e baixos da Economia (verdade seja dita, são mais baixos do que altos), com pagar impostos abusivos e com produtos e serviços meia-boca que são entregues para nós. Vou além: a gente se conforma com uma carreira e com uma vida mais ou menos. Nos acostumamos a ver aquele colega de trabalho fazendo menos do que dele se espera ou do que foi combinado. O jeitinho brasileiro acaba nos condenando a ver soluções 50% para problemas que são 100%.
Acredito que está mais do que na hora de nos conscientizarmos de que o mundo busca pessoas capazes de entender o mundo em todas as suas nuances, capazes de criar soluções com uma gama maior de ferramentas. Os dias de hoje têm provocado o surgimento da demanda por um tipo de pessoa completamente diferente. Também tem surgido a demanda por um tipo inteiramente novo de instituição, que é a empresa preocupada não apenas em fazer lucro, mas também a empresa preocupada em contribuir para a solução de problemas sociais, morais e ambientais.
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Eu acredito muito nessa afirmação, mas não somente por ser um profissional da área da Administração que está diariamente dentro de empresas e da universidade. Eu acredito nessa afirmação porque cada vez mais eu vejo que é por meio do nosso trabalho e das empresas que podemos fazer mudanças importantes e positivas para a sociedade. Essa mudança não tem a ver somente com gerar mais lucro, mas sim com ter comportamentos e atitudes que fazem com que a gente pare de se conformar com qualquer solução.
Muitas empresas já têm entendido a sua importância como agentes transformadores da sociedade. Dentro das organizações já tem sido mais comum ver que as pessoas se organizam em comitês descentralizados, que funcionam de forma autônoma a fim de propor soluções para os problemas e também de entregar e implementar sugestões de melhoria para o que já está bom. Esses comitês empoderam as pessoas para que elas se sintam cada vez mais integradas ao processo decisório e possam, definitivamente, dar mais sentido à palavra “colaborador”. Nesses grupos de trabalho a inteligência converge ou concentra esforços para alcançar uma solução usando o repertório de conhecimento das pessoas, abrindo um leque maior de opções para encontrar soluções para os problemas.
Isso me faz lembrar de Henry Ford. Ele sempre estimulava seus colaboradores a encontrar soluções ao invés de falhas. Nas empresas de Ford foram aplicadas muitas teorias há muito concebidas por alguns visionários da Administração. Ford era um desses visionários, tanto é que há mais de cem anos ele estabelecia as bases para uma nova forma de organizar e gerir as empresas que são utilizadas até hoje. As teorias da Administração jamais seriam levadas tão a sério se Ford não tivesse mostrado o quanto era possível e vantajoso trabalhar de uma forma diferente do que era feito até então na sua época.
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Ford considerava de extrema importância estimular as pessoas a encontrar soluções para os problemas que surgiam. Ford detestava problemas, mas detestava ainda mais o “mimimi”, a lamentação e a prostração diante de um problema. Para Ford, qualquer pessoa que tinha ideias ou sugestões para melhorar processos ou resolver problemas deveria ser ouvida pelo simples fato de que ele não se conformava com qualquer solução. Talvez tenha sido por isso que ele aplicou a linha de montagem com sucesso em suas empresas e tenha entrado para a História como um dos principais responsáveis pela 2ª. Revolução Industrial.
Pode parecer um tanto difícil imaginar isso, mas para constatarmos essa afirmação basta analisar o que ocorre dentro das organizações. Problemas podem acontecer todos os dias, mas parece que dentro das empresas há pessoas especializadas em enxergar somente os problemas e, principalmente, os responsáveis. Mas quando perguntadas a respeito das possíveis soluções para o que ocorreu, não se manifestam e acabem se contentando com qualquer solução rápida e provisória que surge. Acabam ficando felizes por alguém ter adotado o jeitinho brasileiro para resolver aquele problema que estava diante deles e, assim, perdem uma grande oportunidade de mostrar seu valor e de aprender com o que aconteceu.
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Agir pró-ativamente dentro da empresa com o objetivo de encontrar soluções ao invés de problemas também é uma forma de empreender. E nós podemos agir assim também e, para isso, tudo o que precisamos fazer é não se conformar com qualquer solução e partir em busca de ações que irão resolver de forma definitiva os problemas que surgem. Se tivéssemos a coragem para agir assim deixaríamos de gastar tanta energia negativa nos defendendo, para transformá-la em força criativa geradora de soluções.
Essa mudança ocorre na hora que começarmos a nos questionar se o jeitinho brasileiro é, de fato, algo do qual nós devemos nos orgulhar. Penso que se vangloriar por encontrar a solução mais rápida e fácil para as coisas somente é válido se a solução encontrada resolver definitivamente o problema. Penso também que uma grande mudança ocorrerá quando começarmos a exigir mais do que está sendo entregue por aquelas pessoas que não estão cumprindo o seu papel. Não se conforme com qualquer solução, pois elas somente irão perpetuar e aumentar os problemas que já existem.
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Fala galera do Coachitório Online!
O combinado não sai caro! Acredito que você já deva ter ouvido esta frase em algum lugar. Ela faz muito sentido, pois nos comunica que se torna mais fácil chegarmos no objetivo comum quando estão claros os papeis e responsabilidades das pessoas envolvidas. Nada mais simples, não é mesmo? No entanto, me parece que nem sempre as pessoas cumprem seus papeis e, ao invés de cobrarmos que as coisas sejam bem feitas, nos conformamos com a solução apresentada. Pior ainda: na tentativa de corrigir, assumimos para nós o papel que foi precariamente desempenhado pelo outro.
Por isso que eu quero te fazer uma pergunta: em qual área da sua vida você está se conformando com as soluções que estão sendo apresentadas? Eu quero ouvir você! Deixe a sua mensagem, sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br
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Encontro você no próximo episódio! Um abraço!