Transcrição do episódio "135 – Situacional, onipresente e evolutiva"
Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.
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SITUACIONAL, ONIPRESENTE E EVOLUTIVA
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Exercer a liderança, viver em grupos ou ser liderado não é uma exclusividade do Ser Humano. O reino animal é generoso em exemplos de como os papeis de liderança são definidos ou conquistados por meio do charme, inteligência, idade, força, conhecimento, enfim, por uma série de atributos que a pessoa apresenta e que o ambiente necessita. A liderança é um fenômeno inegável e necessário porque o ser humano, assim como a maioria das espécies do reino animal, vive em grupos. E tão natural quanto viver em grupos é que neste grupo surja a figura de um líder e reconhecer esse líder faz toda a diferença para o sucesso e até a sobrevivência da equipe O líder é a referência. É a personificação da empresa e dos propósitos organizacionais perante a equipe.
A liderança pode parecer um tema batido. É um assunto que há muito tempo tem sido discutido à exaustão, o que faz com que pareça que nada há para ser acrescentado neste tema. Mas embora pareça que a liderança seja um assunto esgotado, eu acredito que sempre há algo novo, uma nova prática, um novo conceito ou teoria sobre o tema que vale a pena ser debatido. Nunca iremos esgotar este tema por um motivo muito simples: a liderança tem a ver com pessoas e grupos, o que faz com que o líder tenha sempre que se adaptar à crescente complexidade desta relação.
Há algum tempo atrás eu tive um claro exemplo de que a liderança é um tema cujo debate nunca vai se esgotar. Foi quando eu tive a oportunidade de lecionar na pós-graduação uma disciplina ligada ao desenvolvimento gerencial. A essência da disciplina estava relacionada à liderança estratégica, e nem poderia ser diferente. Naquela ocasião, falamos muito sobre os estilos de liderança, o perfil do líder e as competências necessárias para sermos líderes estratégicos. Mas percebíamos que algo estava faltando naquela discussão, até que a turma propôs fazer um debate para encontrarmos o que há de comum entre todos os tipos de liderança que existem. Então eu propus um desafio: debater o assunto a fim de encontrarmos as três características principais da liderança. Como eram somente três características, teríamos que encontrar aquelas que mais fazem sentido e, principalmente, que podem ser encontradas em todos os tipos de liderança.
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Desafio proposto, desafio aceito! E lá fomos nós dedicar uma manhã de sábado para mergulharmos no debate. Começamos pelo brainstorming e logo começaram a surgir características que, aos olhos do grupo, faziam parte da liderança. Depois começamos a conceituar cada uma das características que estava no quadro para só então nos dedicarmos a analisar se o que havia sido mencionado fazia sentido. Várias palavras haviam sido sugeridas. Havia muitas características no quadro e todas elas, de uma forma ou de outra, poderiam ser relacionadas com a liderança. Mas o desafio era claro: quais são as três características principais da liderança?
A conversa rendeu bastante e argumentos apaixonados em favor de uma característica ou outra logo foram apresentados. Parecia difícil chegar a um consenso mas, de forma muito inteligente, o grupo logo constatou que muitas palavras que foram relacionadas não faziam sentido. Depois de algum tempo, surgiram as três características que, aos olhos da turma, fazem parte de todos os tipos de liderança. Aquele debate nos levou a descobrir que a liderança é situacional, onipresente e evolutiva.
Quando terminamos o debate e olhamos para os três conceitos que estavam no quadro, as palavras escolhidas pelo grupo saltavam aos olhos e estava claro que havíamos feito uma descoberta interessante. Bom, é preciso dizer que não elaboramos uma teoria revolucionária sobre liderança, tampouco rasgamos velhos conceitos ou achamos a fórmula mágica que transformará qualquer pessoa em um líder supercompetente. Mas não dá para negar que fizemos uma descoberta interessante, que permite que a gente olhe para a liderança sob uma perspectiva diferente. Só que tão importante quanto sabe que a liderança é situacional, onipresente e evolutiva é saber o que cada uma destas características significa.
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A liderança situacional tem a ver com o contexto, com o momento. Significa dizer que o líder precisa ter sensibilidade para identificar a forma mais adequada de agir em cada situação. O exercício da liderança é situacional porque uma medida que funcionou bem em um determinado momento pode não surtir o mesmo efeito em outra ocasião, mesmo quando os fatos forem semelhantes ou as pessoas envolvidas forem as mesmas. A liderança situacional faz com que o líder seja continuamente estimulado a sair da sua zona de conforto porque um dia não é como o outro. Eu costumo dizer que é a liderança do “depende”, até porque as atitudes do líder irão depender diretamente das situações que acontecem.
Um exemplo do exercício da liderança situacional está na tomada de decisão. Ao se deparar com uma situação que exige uma decisão, o líder é levado a analisar todas as variáveis disponíveis para que ele tome a decisão que julgar mais adequada para o momento. Mas eventualmente depois de um tempo a situação se repita, o que faz com que o líder seja novamente levado a tomar uma decisão a respeito. Pode ser que ele tome a mesma decisão, mas pode ser que não. Tudo irá depender dos resultados e da experiência que ele adquiriu na situação anterior. Irá depender também das pressões que ele recebe em cada uma das situações. Dependerá, inclusive, do estado de humor que o líder está apresentando naquele dia. A liderança é situacional porque cada caso é um caso, uma história é diferente da outra e a atuação do líder irá depender de cada situação e de cada momento. É por isso que é tão difícil escrever um manual sobre liderança.
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A liderança também é onipresente e essa característica faz muito sentido porque a liderança está presente em todos os lugares, em todas as partes. Sempre que houver pessoas reunidas em torno de um objetivo comum, ali também haverá a figura do líder. Os animais também reconhecem a presença da liderança, porque sempre que os animais se organizam em bandos fica evidente a existência do líder, que é aquela figura que irá orientar a manada.
A onipresença é fácil de ser identificada em todos os meios e os registros da onipresença da liderança são muito antigos. A Bíblia Sagrada traz inúmeros exemplos de líderes que surgiam sempre que as pessoas se organizavam em grupos. Os relatos militares antigos também destacam a importância de um líder ou comandante que saiba treinar e orientar o seu pelotão. Mesmo nos grupos mais informais ou singelos a figura do líder surge, pois as pessoas estão sempre a esperar por aquele que toma a iniciativa, encoraja os outros, ensine, dê exemplos, enfim, esperam por aquele que vai ditar o ritmo e a direção das ações. Sempre que houver um grupo organizado em torno de um objetivo claro e comum, ali haverá um líder.
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Finalmente, a liderança também é evolutiva. Essa característica se baseia em uma premissa muito simples: se o mundo muda e as pessoas evoluem, a liderança também precisa evoluir. Significa dizer que um determinado estilo de liderança que funcionou no passado talvez não funcione mais no presente. Também significa dizer que o líder precisa evoluir em conhecimentos, competências, habilidades e atitudes para dar conta dos desafios de um mundo em constante mutação.
A evolução por si só já é algo desafiador para todas as pessoas, mas para o líder o ato de evoluir adquire uma complexidade ainda maior porque ele precisa evoluir e trabalhar em prol da evolução de si próprio e das pessoas da sua equipe. É uma grande tarefa e por isso talvez essa seja a característica mais difícil de encontrarmos em um líder, pois evoluir significa mudar para melhor. Um líder evoluído está sempre trabalhando para equilibrar os anseios das pessoas da sua equipe e da organização para a qual trabalha. Há aqueles que tiram esse desafio de letra, mas para muitos é extremamente difícil estar sempre atendendo de forma adequada as demandas que as pessoas e a organização expõem para os líderes.
Eu acredito que estas características fazem muito sentido porque são atemporais, ou seja, é possível observá-las no perfil de líderes bem-sucedidos que têm inspirado as pessoas ao longo da História. Como eu comentei anteriormente, não se trata de uma teoria revolucionária sobre liderança, tampouco uma tentativa de esgotar o assunto. Na realidade, essas características servem para que a gente coloque um pouco mais de lenha nessa fogueira que é o eterno debate sobre o melhor jeito de exercer a liderança. O que importa é que entre erros e acertos, estamos melhorando no assunto.
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Eu lembro até hoje daquela aula. Ela aconteceu em 2016 e desde então muita coisa mudou no mundo da liderança. A pandemia fez com que os líderes precisassem ressignificar a sua atuação e evoluir rapidamente para um estilo mais adequado a este “novo normal”. Mas além da pandemia, a própria tecnologia e o acesso à informação, conhecimento e novas ferramentas e teorias sobre liderança fazem com que essa característica evolutiva do líder adquirisse importância ainda maior. É por isso que eu fico me perguntando o que aconteceria se aquela turma se encontrasse novamente hoje para debatermos o mesmo assunto. Será que as três características da liderança permaneceriam ou será que novos itens seriam adicionados à lista?
É por isso que te pergunto: qual palavra você adicionaria à lista de características que, em sua opinião, fazem parte atualmente de todos os tipos de liderança? Quero ouvir você! Compartilhe a sua resposta com a gente. Deixe a sua mensagem, sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br
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