O termo “obesidade da informação” tem se tornado cada vez mais popular nesse mundo tecnológico e virtual em que estamos vivendo. A obesidade da informação está se referindo à quantidade de dados que invade a nossa vida diária por meio de todos os canais possíveis e disponíveis (mídias diversas, internet, etc.), sendo que a esmagadora maioria dessas informações é desnecessária para a nossa vida e para as nossas decisões.

Embora pareça quase autoexplicativo, esse termo destaca algo que temos ignorado: quantidade não é sinônimo de qualidade. Você já reparou que as decisões – as melhores e mais simples decisões – são tomadas hoje dia com uma dificuldade cada vez maior? Ficamos em dúvida sobre que comida pedir pelo aplicativo. Ficamos em dúvida sobre qual carreira seguir. Ficamos em dúvida sobre qual carro comprar, onde morar ou onde passar as férias. Ficamos em dúvida, inclusive, com o que fazer com o nosso tempo livre.

Para “facilitar” esse processo de escolha, nos cercamos de tecnologia e meios diversos para conseguirmos mais informações a respeito de tudo, mesmo a respeito daqueles assuntos mais simples e triviais do nosso dia-a-dia que nossos pais e avós cujas tirariam de letra – com muito menos informações.

O problema não está na oferta de informação. O problema está no tipo e quantidade de informação que consumimos. Assim como funciona em uma dieta – onde temos que ter cuidado com a quantidade e o tipo de alimento que ingerimos – a informação é algo com o qual precisamos aprender a lidar. É preciso que a gente aprenda a filtrar e delimitar o tipo de informação que é necessária para as nossas vidas. Assim como acontece com os alimentos, é preciso identificar o que é saudável do que é nocivo.

OK, a lógica e a comparação são simples. Mas a pergunta é: como identificar a informação útil e saudável daquela que somente nos deixará “obesos”? Acho que a resposta está numa citação do escritor e palestrante brasileiro Eugênio Mussak:

Ter informação não é mais uma vantagem competitiva; ter conhecimento, sim.

Mussak se inspira claramente no que Peter Drucker alertava há muitos anos. Ele afirmava que, no século 21, estaríamos entrando na Chamada “Era do Conhecimento”. A era em que o conhecimento será mais vantajoso do que a informação. É claro que isso depende muito do uso que cada um faz das informações que têm, até porque o conhecimento que nós adquirimos passa necessariamente por um processo de transformação. Ou seja, a informação é a matéria-prima do conhecimento.

Computadores e tecnologias não decidem, porque a decisão tem um fundo emocional muito forte. O que os sistemas de informação gerencial têm provido nos últimos anos é um número cada vez maior de dados – não necessariamente informações – que não são usados devidamente pela gestão estratégica das organizações. Há que se desenvolver um conjunto novo de informações e a habilidade das pessoas de tomar decisões com base nelas.

Embora estejamos vendo que a informação aumenta em termos de quantidade e disponibilidade por conta da intensificação dos meios de comunicação, acredito que é preciso acontecer uma grande mudança nas áreas de TI (Tecnologia da Informação), para que o foco saia do “T” (Tecnologia), passe para o “I” (Informação) para gerar cada vez mais conhecimento. Usando novamente uma citação de Eugênio Mussak:

Conhecimento é informação com significado, capaz de criar movimento, modificar fatos, encontrar caminhos, construir utilidade, fabricar beleza. Conhecimento é a grande vantagem competitiva da era que leva o seu nome.

É somente por meio do conhecimento que haverá progresso e construção. É preciso encontrar os meios para filtrar o que recebemos e, principalmente, usar a informação para nossa evolução e crescimento.

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