Lá nos idos dos anos 1970, o escritor e futurólogo americano Alvin Toffler avisava:
Os padrões de liderança e gestão terão que mudar.
Toffler ficou célebre por suas previsões acerca do rumo que a tecnologia e os negócios iriam tomar no final do século XX e início do século XXI. Longe de ser um “Nostradamus contemporâneo”, Toffler comentava que apenas estava observando com atenção os sinais que a própria Economia e a Sociedade estavam mostrando para que esses sinais pudessem ser usados como base para inferir sobre como seria o nosso futuro.
Naquela época, Toffler alertava que as pessoas e as empresas já depositavam uma esperança excessiva nos líderes, transformando-os numa espécie de “Messias”, um salvador que surgiria no horizonte para colocar ordem na casa e fazer com que as coisas melhorassem. Essa advertência atingia diretamente um dos grandes pontos de melhoria que a maioria das pessoas – ou todo mundo – apresenta: a irresistível tentação de delegar para outros a responsabilidade sobre as mudanças que desejamos em nossas vidas e nossas carreiras.
O fato é que as coisas mudaram bastante ao longo do século XX. Peter Drucker – que também foi um célebre escritor e pensador do mundo da gestão – também falava que a mudança no estilo de gestão e liderança estava acontecendo de forma gradativa, mas não estava acompanhando a velocidade com que a tecnologia invadia a vida das pessoas e mudava a forma como nosso trabalho era feito. Drucker dizia que, durante cerca de 100 anos, o principal trabalho da liderança foi o de tornar cada vez mais produtivo o trabalho manual. Esse objetivo ainda é válido. Mas já faz tempo que observamos que essa produtividade dependerá cada vez menos do trabalho manual e cada vez mais do apoio da tecnologia (automação, sistemas, processos, etc.).
O que podemos concluir quando unimos as visões de Alvin Toffler e Peter Drucker?
Que a liderança precisa estar cada vez mais focada na gestão de pessoas do que na tecnologia e nos processos. Aliás, o próprio termo “liderança” somente faz sentido quando o empregamos no sentido de nos referirmos às pessoas e não às máquinas e processos. Quer dizer que o estilo de liderança que funcionou no passado já não funciona mais no presente e seguramente não funcionará no futuro. Quer dizer que os verdadeiros gargalos que as empresas terão que enfrentar estarão na liderança e na gestão de pessoas.
Eu acredito que o estilo de liderança que irá funcionar será aquele que promover a aproximação entre o líder e a equipe, além da verdadeira integração entre as pessoas que formam a equipe. A liderança precisará se aproximar das pessoas. No entanto, infelizmente temos percebido que muitos líderes têm preferido se afastar de suas equipes, dos objetivos da equipe e do propósito do seu papel para a organização. Muitos líderes ostentam o cargo, recebem as responsabilidades e as cobranças, mas não conseguem o engajamento de sua equipe porque estão longe das pessoas. O psicólogo americano Robert Cialdini sempre afirma:
As pessoas estão mais inclinadas a seguir a liderança de alguém semelhante do que de alguém diferente.
Em outras palavras: as pessoas terão empatia pelo líder quando ele estiver próximo da sua equipe. As pessoas irão encarar os desafios do líder como se fossem seus próprios desafios. As pessoas irão se engajar com mais firmeza no alcance dos objetivos do líder, porque ele é um “semelhante”. Pode ter certeza: o resultado irá acontecer.
Ah, os livros de Alvin Toffler que eu comentei nesse texto se chamam “O Choque do Futuro” e “A Terceira Onda”. Vale a pena a leitura!